Metafísica de Aristóteles Descomplicada

Metafísica de Aristóteles Descomplicada

Metafísica de Aristóteles Descomplicada

Olá, marujos! Hoje iremos explicar uma parte da metafísica de Aristóteles de uma forma descomplicada. A metafísica é a tentativa de explicar o que faz algo ser algo, e o que são as coisas. O artigo de hoje vai abordar a parte introdutória da teoria de Aristóteles. Vamos explicar do que se trata a sua metafísica, o que ele estava buscando com esse estudo, e seus conceitos de Ato e Potência. Vamos lá!

Metafísica de Aristóteles Descomplicada: Considerações Gerais

Aristóteles era um filósofo realista e materialista. Isso quer dizer que ele defendia que todas as coisas tinham seu fundamento na realidade concreta e possuíam uma matéria.

Para ficar mais claro, ele se opunha ao pensamento idealista de Platão, que defendia, na sua Teoria das Ideias, a existência de um mundo inteligível (apenas atingido pelo pensamento), onde habitavam as ideias perfeitas de tudo, e que esse era o lugar em que estavam as essências das coisas sensíveis e davam as suas existências.

Dito isso, toda a metafísica de Aristóteles irá explicar o que são as coisas, o que é o ser enquanto ser, o que significa “ser” partindo do princípio de que não existe nada para fora da nossa realidade e tudo possui algo de material.

Aristóteles quer entender o que está por trás de tudo, aquilo que é comum a tudo o que existe e que nos possibilita dizer “isso é uma coisa”, “isso é algo”, “isso existe”.

Algumas observações:

  1. Aristóteles não está tentando explicar a origem das coisas, mas sim o que são as coisas. Quem tentou explicar a origem das coisas foram os pré-socráticos. Aristóteles já parte do fato de que as coisas existem e ele quer entender o que elas são.
  2. O termo “metafísica” surgiu posteriormente ao trabalho de Aristóteles, e significa “O que está para além da física”, ou seja, é uma proposta filosófica de explicar o que está por trás do mundo físico, daquilo que alcançamos pelos sentidos e pela experiência sensível.
  3. Aristóteles chamava esse estudo de “filosofia primeira” porque, como veremos, ele tenta explicar o que são as coisas (já que todo o conhecimento filosófico posterior, segundo ele, só pode acontecer depois que entendemos o que as coisas são).

Metafísica de Aristóteles Descomplicada: Conceitos de Ato e Potência

Como Aristóteles era realista, ele precisava dar uma solução para o problema da mudança física das coisas. Platão tinha dito que as coisas sensíveis mudam porque são imperfeitas e elas só permanecem sendo a mesma coisa, mesmo mudando de aparência, porque a sua essência está na ideia perfeita (para relembrar do que estou falando, dá uma lida no artigo sobre a metafísica de Platão).

Logo, Aristóteles tinha que explicar que as coisas permanecem sendo as mesmas mesmo mudando de aparência e características. Só que ele não podia apelar para nada que estivessem para além da coisa em si, ele não podia fugir da realidade e da materialidade.

A solução que ele encontrou foi criar os conceitos de Ato e Potência, como sendo as duas formas de manifestação do ser, das coisas existentes: Ato seria a forma atual de uma coisa, como ela é agora (atualidade); Potência seria tudo aquilo que uma coisa pode ser, tudo o que ela pode se transformar (potencialidade).

O fato de uma coisa ter uma potência não significa que aquela coisa vai se transformar naquilo obrigatoriamente, mas apenas quer dizer que ela tem potencial para aquilo, se forem dadas as condições necessárias e se ela quiser mudar. A partir do momento que uma coisa muda, aquela característica nova deixa de ser potência e se torna ato.

Vamos trabalhar alguns exemplos:

Pensem em um caroço de manga. Em ato, ou seja, agora, nesse momento, o que temos é uma semente de manga. Só que essa semente é em potência, tem potencial para ser uma árvore de manga, uma mangueira. Mas isso só vai acontecer se essa semente for plantada, hidratada e adubada. Se essa semente for deixada sobre uma mesa durante todo o tempo, ela nunca deixará de ser uma semente. Agora, porque podemos dizer que a potência dessa semente era ser mangueira? Porque se a plantássemos ela só poderia virar manga, ela nunca viraria uma amoreira ou um abacateiro. A sua potência era apenas para ser mangueira, e não para ser outro tipo de planta.

Pensem agora em nós. Se você é (em ato) jovem, tem potência para ser um adulto e um idoso. Se é (em ato) adulto, tem potência para ser um idoso. Isso irá acontecer com o passar dos anos. Só não vai acontecer se você vier a falecer antes. Entretanto, se deixar o tempo agir, iremos envelhecer. Nós não temos mais potência para sermos crianças porque já passamos por essa fase. Nós já fomos em ato bebês e crianças, não tem como voltar.

Outra forma de pensar ato e potência é com relação a um idioma. Todos nós nascemos com potencial para falar todas as línguas humanas. Só que apenas desenvolvemos naturalmente a língua falada pelo nosso povo, tornando essa língua o nosso idioma em ato. Agora, isso não tira a nossa potencialidade de aprendermos outros idiomas. Se nós quisermos e nos esforçarmos, conseguiremos aprender novos idiomas, transformando o que era potencialidade em atualidade.

Metafísica de Aristóteles Descomplicada: Conclusão

Nesse artigo, abordei a primeira parte da metafísica de Aristóteles, explicando o objetivo do seu estudo e seus conceitos de Ato e Potência, que servem para explicar porque as coisas mudam e permanecem sendo as mesmas, apesar da diferença aparente. Tudo isso sem recorrer a nada que esteja para além da realidade.

No próximo artigo, irei explicar o que é o conceito de substância para Aristóteles (só para adiantar, substância seria tudo o que é, ou seja, todas as coisas são substâncias), e seus conceitos complementares de Matéria e Forma, Essência e Acidente. Em um terceiro artigo, também irei explicar a sua Teoria das Quatro Causas, que é uma outra forma que Aristóteles desenvolveu para explicar o que é uma coisa (sendo que essa teoria das quatro causas explica as coisas individuais, enquanto que a teoria da substância explica as coisas de modo geral).

E aí? Tem outros exemplos legais para explicar Ato e Potência? Deixa aí nos comentários! Conseguiu entender a proposta metafísica de Aristóteles e seus conceitos de Ato e Potência? Compartilha esse artigo para que mais pessoas possam entender também! Ficou alguma dúvida sobre Ato e Potência? Entra em contato comigo!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.