Teoria das Quatro Causas Descomplicada: Metafísica de Aristóteles

Teoria das Quatro Causas Descomplicada: Metafísica de Aristóteles

Teoria das Quatro Causas Descomplicada: Metafísica de Aristóteles

Olá, marujos! Hoje explicaremos a teoria das quatro causas de Aristóteles de uma forma descomplicada. Esse é o último artigo sobre a Metafísica desse filósofo. Nesse artigo, vamos explicar o outro jeito que Aristóteles desenvolveu para explicar o que uma coisa é. Vamos lá!

Teoria das Quatro Causas Descomplicada: Revisão

No primeiro artigo, nós explicamos o que é a metafísica de Aristóteles. Dissemos que é a forma que ele encontrou para explicar o que é uma coisa, como podemos entender de forma racional a sua existência. Também explicamos as duas formas que o ser pode se manifestar: em Ato ou em Potência.

No segundo artigo, nós explicamos o que é uma substância para Aristóteles. Tudo o que existe é uma substância. Também explicamos como essa substância é formada (através dos conceitos de Matéria e Forma) e como ela se manifesta (através dos conceitos de Essência e Acidente).

Essa teoria, desenvolvida nesses dois artigos, encerra uma forma de pensar do filósofo. Entretanto, Aristóteles desenvolveu outro método de explicar o que são as coisas, o qual chamamos de teoria das quatro causas.

Teoria das Quatro Causas Descomplicada

Apresentação

Para entender essa teoria, tem que ficar claro que a intenção de Aristóteles é dar uma outra forma de explicar o que uma coisa é. Ou seja, ele não está negando as explicações dadas anteriormente nem substituindo-as. Inclusive, para melhor entender a teoria das quatro causas, se faz necessário entender minimamente a explicação inicial. É por isso que coloquei esse artigo como sendo o terceiro.

Dito isso, é preciso entender que a teoria das quatro causas serve mais como um complemento, como forma de garantir que sua metafísica seja bem aceita e entendida por todas as pessoas. Mas, afinal, o que é essa teoria?

Bom… Aristóteles vai dizer que tudo o que existe possui quatro causas. Causa aqui é para ser entendida naquele famoso binômio da física de “causa-efeito”. Ou seja, as coisas existentes são o efeito de quatro causas. Logo, se a metafísica quer entender o que uma coisa é, a proposta é fazer uma regressão ao que causou algo. Se eu entendo o que causou algo, eu encontro a sua origem. E se encontro sua origem, sei o que uma coisa é.

Quais são as quatro causas? São, respectivamente, Causa Material, Causa Formal, Causa Eficiente e Causa Final. Vamos agora explicar cada uma delas.

Causa Material

Como o nome sugere, estamos falando de matéria, de substrato, da matéria-prima de uma coisa. Tudo o que existe é feito de algo, já que, para o filósofo, não existe algo feito do nada. Logo, uma das formas de entender o que uma coisa é, é entender quais são os materiais que compõem uma substância.

Lembra o conceito de matéria? Então, ele é essencial aqui. Se você entende que toda a substância é feita de matéria, logo tudo possui matéria. Quanto mais complexa é uma coisa, mais matéria ela possui e essa matéria já pode se apresentar como algo.

Logo, a proposta de Aristóteles, ao propor a causa material, não é regredir à matéria primeira, mas apenas ao material usado para fazer algo que quero descrever.

Causa Formal

Aqui estamos falando do formato que uma coisa assume. Lembrando novamente do conceito de Forma dado por Aristóteles, tudo o que existe se distingue das demais coisas devido à forma única que ele possui.

Logo, quando falamos de Causa Formal, estamos querendo explicar o formato que uma substância está assumindo naquele momento. Quanto mais detalharmos os formatos, melhor poderemos dizer o que uma coisa é. Quanto mais complexa é uma coisa, mais complexo é o seu formato.

Causa Eficiente

A Causa Eficiente serve para explicar quem fez a substância que estamos descrevendo. Se nada vem do nada, algo deve ter criado ou construído a substância que estamos analisando. Entender quem ou o que fez uma coisa, nos ajuda a entender o que essa coisa é.

Causa Final

Final aqui não tem a ver com fim, término; mas sim como finalidade, objetivo, propósito. Tudo o que existe possui uma finalidade, em grego télos.

Tudo o que existe foi criado com uma finalidade e essa finalidade diz muito sobre o que uma coisa é. Todas as coisas tem um propósito de existirem, um objetivo a ser cumprido. Isso descreve o porquê de algo existir. 

Teoria das Quatro Causas Descomplicada: Exemplos

É óbvio que ficar somente na explicação não ajuda nada, ainda mais que estamos falando de uma forma de descrever uma coisa, explicar o que uma coisa é. Sendo assim, vou usar alguns exemplos para podermos entender melhor a proposta de Aristóteles.

Mesa

Teoria das Quatro Causas Descomplicada

Causa Material: madeira.

Causa Forma: uma estrutura central em formato de retângulo apoiada nas pontas por quatro estruturas pequenas em formato de cilindro.

Causa Eficiente: marceneiro.

Causa Final: servir de apoio para objetos diversos.

Comentários: Comecei com esse exemplo porque ele é bem simples.

Observe que na causa material não tinha muito o que se dizer, mas poderia ser mais explorado dependendo da vontade. Eu poderia dizer se era madeira clara ou escura, dizer de qual árvore veio essa madeira, se ela estava tratada ou crua, sendo tudo isso formas de melhorar a minha causa material.

Já na causa formal, busquei descrever o formato da mesa, poderia ser ainda mais específico se desse todas as mediadas e explicasse que as pontas da estrutura retangular são abaloadas (arredondadas).

Na causa eficiente, disse que foi um marceneiro. Poderia dar o nome do marceneiro, ou a empresa onde ele trabalha. Poderia também citar as ferramentas usadas na confecção, inclusive se envolveu o uso de alguma máquina.

Na causa final, eu dei a explicação genérica de qualquer mesa, mas poderia ser mais específico se essa mesa tem uma função especial. Por exemplo, poderia dizer que é ela é uma mesa de centro de uma sala de estar.

Ser Humano

Teoria das Quatro Causas Descomplicada: Homem Vitruviano

Causa Material: células

Causa Formal: uma estrutura maleável formada por um troco retangular, uma parte circular acima do tronco, e quatro extremidades alongadas (sendo duas na parte superior e duas na parte inferior).

Causa Eficiente: uma relação sexual entre um espécime macho e uma fêmea.

Causa Final: Felicidade

Comentários: agora temos um exemplo bem mais complexo e que com certeza não será suficiente tudo o que eu disser aqui, mas vai ajudar um pouco.

A causa material eu falei células, mas isso é bem genérico. A complexidade está em, ou explicar que tipo de células são essas (já que tudo o que é vivo possui células) ou partir para algo mais próprio dos animais mamíferos, como, por exemplo, órgãos ou tecidos. Uma outra forma também é listar os elementos e suas respectivas quantidades que constituem o corpo humano.

Na causa formal, tentei dar uma explicação bem genérica, mas é claro que pode ser aprofundada. Além disso, se formos falar de alguma pessoa em específico, a gente pode descrever todo o corpo dela, com o máximo de detalhes e medidas.

Na causa eficiente, eu coloquei a relação sexual. Mas seria válido dizer, por exemplo, os pais biológicos.

Na causa final, eu usei a resposta que o próprio Aristóteles usou. Ele defende que a finalidade última do ser humano é ser feliz, desenvolvendo ao máximo sua capacidade de ser animal racional. Para entender melhor isso, você pode ler esse artigo que escrevi sobre esse tema.

Teoria das Quatro Causas Descomplicada: Conclusão

Com esse artigo, encerramos essa série de três postagens sobre a Metafísica de Aristóteles. Espero que, com o artigo de hoje, você possa ter entendido a ideia desse filósofo. Com a teoria das quatro causas, você consegue dizer o que é qualquer coisa, qualquer substância. Quanto mais detalhado você for, melhor conseguirá dizer o que uma coisa é. De uma forma mais simples, Aristóteles conseguiu mostrar o quão complexo as coisas são. Mas, é claro, isso não impede de querermos entendê-las da melhor forma possível.

E aí? Quer saber se entendeu mesmo? Deixa nos comentários outros exemplos para testarmos suas habilidades descritivas! Gostou desse artigo? Compartilha! Ficou alguma dúvida? Entra em contato comigo.

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.