Arché Descomplicada: Um Conceito dos Pré-socráticos

Arché Descomplicada: Um Conceito dos Pré-socráticos

Arché Descomplicada: Um Conceito dos Pré-socráticos

Olá, marujos! Hoje iremos entender o conceito de Arché dos pré-socráticos de uma forma descomplicada. Podemos considerar que esse foi o primeiro conceito filosófico, que buscou responder a grande pergunta “De onde viemos?”. Nesse artigo, vamos entender quem foram os pré-socráticos, o que é esse conceito de arché e como podemos usar esse conceito para dividir os principais pensadores pré-socráticos em dois grandes grupos. Já quem foram esses pensadores e quais foram suas respostas poderá ser conferido na continuação desse artigo. Vamos lá!

Pré-socráticos

Os pré-socráticos são considerados como os primeiros filósofos, começando no século VII a.C. Os pré-socráticos são um grupo de filósofos gregos que antecederam, como o nome sugere, Sócrates. Entretanto, é preciso salientar que nem todos os pré-socráticos vieram cronologicamente antes de Sócrates, tendo alguns vivido na mesma época de Sócrates. A denominação “pré-socráticos” está mais associado ao objeto de estudo filosófico desse grupo, que era diferente do de Sócrates.

A principal questão filosófica dos pré-socráticos era a cosmologia ou cosmo-ontologia, que em outras palavras significa “o estudo do universo e como ele surgiu”. Outra forma de se referir aos pré-socráticos é filósofos naturalistas ou físicos, porque seu objeto de estudo era a Natureza (Physis). E, para deixar claro, essa Natureza não é o ambiente verde, cheio de plantas e animais (que é estudado pela Biologia), mas sim o entendimento do todo, da fonte de tudo (tanto do que é vivo quanto do que não é vivo, inclusive das leis que regem o universo). É por isso que os pré-socráticos são considerados os primeiros cientistas, e seus estudos foram a base da Biologia, da Física e da Química.

Outra coisa importante, que deve ser destacada, é que os pré-socráticos não eram um único grupo, que conviviam juntos. Eram pensadores que habitavam diferentes partes da Grécia e formavam escolas locais. Dessa forma, suas teorias ora concordavam, ora discordavam, mas todos, no fim, tinham o mesmo objetivo, que era explicar as coisas de forma racional.

Arché Descomplicada

Até o surgimento do pensamento racional dos pré-socráticos sobre a origem do universo, vigorava o pensamento mitológico. Basicamente, a explicação para a origem do universo era a existência de deuses, que personificavam todos os elementos da natureza, sejam em seus corpos ou suas ações. Gaia era a terra, Uranos o Céu, os trovões eram provocados por Zeus e assim se explicavam a origem e o funcionamento dos elementos naturais.

Entretanto, os pré-socráticos não estavam satisfeitos com essas respostas. O intercâmbio que tinham com povos de culturas não-helênicas (não gregos), o surgimento do calendário, e a capacidade de navegar os grandes mares fizeram com que se começasse a desconfiar que as explicações mitológicas sobre a origem do universo não estavam certas, e que a natureza seguia uma ordem (que não era manipulada por deuses contentes ou descontentes com a raça humana). Dessa forma, esse grupo de pensadores começaram a buscar um explicação que não dependesse de fé, mas apenas da razão humana. A explicação deveria satisfazer a razão e estar de acordo com ela, não podendo mais se valer de explicações místicas.

Surge, assim, o conceito de Arché. Arché seria o princípio constituinte de tudo, um elemento primordial (não necessariamente físico) que seria eterno (ou seja, sempre existiu e sempre existirá), que está presente em tudo o que existe (possui totalidade) e está sempre em movimento (em mudança).

A questão da eternidade se deve ao fato do pensamento lógico de que “do nada, nada vem” (Ex nihilo nihil fit). Logo, a matéria primordial não surge, não se torna real, do nada. Ela sempre esteve presente (não necessariamente na mesma forma).

A questão da totalidade se deve ao fato da ordem do universo e da sinergia que existe nele. Em outras palavras, a presença desse elemento em tudo o que existe servia para justificar porque os seres vivos se alimentam de outros seres da natureza, porque as plantas nascem da terra, porque as coisas que morrem se deterioram e volta o solo etc. Para esses filósofos, a única justificativa para essa interação entre tudo o que existe era o fato de que, no fundo, tudo é feito da mesma coisa, ou possui uma participação nessa mesma coisa. O elemento primordial seria o “elo de ligação” da natureza.

A questão do movimento se explica pela constante mudança que ocorrem nos elementos visíveis. Os filósofos conseguiam perceber uma gradação evolutiva, uma complexidade dos diferentes seres. Além disso, em cada coisa que existia, também se podia ver a evolução e transformação. A transformação de um ser vivo pode ser acompanhada desde a sua concepção até a sua morte e desintegração. Um ser não vivo, como a pedra, também pode mudar, seja de tamanho ou formato.

Monistas e Pluralistas

Como a principal preocupação desse artigo é a arché, precisamos destacar que existiam duas principais correntes de pensamento sobre esse assunto: os monistas e os pluralistas.

Os monistas eram os filósofos que acreditavam que a matéria primordial, no seu estado primordial, era toda homogênea; e que o processo inicial de movimento é de transformação. Em outras palavras, o que se quer dizer aqui é que o elemento primordial era apenas uma coisa, unitário, e que esse elemento se transformou em todas as demais coisas que conhecemos hoje. Para tentar visualizar, imagine que o elemento primordial fosse uma grande massinha de modelar e essa massinha se transformou em tudo o que existe.

Os pluralistas eram os filósofos que acreditavam que a matéria primordial, no seu estado primordial, era toda heterogênea; e que o processo inicial de movimento é de combinação. Em outras palavras, o que se quer dizer aqui é que o elemento primordial já era, desde sempre, múltiplo e variado, e que esses elementos se combinaram para gerar as coisas que conhecemos hoje. Para tentar visualizar, imagine que o arco-íris fosse o elemento primordial (a arché), mas cada cor dele seria um elemento individual, e a combinação dessas cores, das mais diferentes formas e gradações, seriam as demais coisas existentes.

Arché Descomplicada: Conclusão

Esse artigo sobre a arché explicada de uma forma descomplicada é uma introdução ao principal tema dos pré-socráticos. Explicar cada uma das principais teorias tornaria o artigo muito longo. Aqui, você pode entender quem é o grupo pré-socráticos e o que eles buscavam. Na continuação, você poderá ver com mais detalhes cada uma das principais teorias monistas e pluralistas.

E aí? Você chutaria quais foram os elementos utilizados pelos pré-socráticos? Deixa aí nos comentários! Gostou de saber que a base da ciência está na filosofia pré-socrática? Compartilha esse artigo para que mais pessoas possam descobrir isso! Ainda não entendeu o que é arché? Entra em contato comigo que te ajudo de outra forma!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.