Sofistas Descomplicado

Sofistas Descomplicado

Sofistas Descomplicado

Olá, marujos! Hoje vamos conhecer melhor os sofistas de um jeito descomplicado. Esse é um grupo polêmico de pensadores que viveram na Grécia Antiga, sendo às vezes considerados um tipo de filósofos e outras vezes considerados inimigos dos filósofos. Vamos explicar quem eram e o que faziam, qual era o contexto social da época deles, seus principais representantes e suas principais teorias. Vamos lá!

Os Sofistas

Os sofistas eram um grupo de intelectuais que existiram na Grécia Antiga, entre os séculos V e IV a.C. (lembrando que o período antes de Cristo é contado “de trás para frente”, ou seja, do momento mais antigo para o mais atual). Eles foram contemporâneos de Sócrates, Platão e Aristóteles, os três grandes nomes da filosofia antiga.

O termo “sofista” vem da palavra grega sophia, que significa “sabedoria”. A tradução mais simples seria dizer que o sofista é aquele que possui a sabedoria. Eu prefiro interpretar o termo “sofista” como aquele que “trabalha com a sabedoria”, devido a sua característica mais marcante que era o fato de eles cobrarem para ensinar.

As polêmicas envolvendo os sofistas são basicamente sobre dois importantes motivos: o “como” e o “que” eles ensinavam.

Os sofistas cobravam para transmitir seus conhecimentos. A maioria deles vinham de fora de Atenas e se instalavam temporariamente na cidade para trabalhar. Suas aulas eram caras e eles atendiam principalmente aos filhos dos ricos comerciantes e artesãos.

Seu ofício principal era ensinar retórica (a arte de argumentar e debater) e a oratória (a arte de falar bem em público). Secundariamente, podiam ensinar outros assuntos que fossem pertinentes ao debate. Os seus ensinamentos eram práticos, ou seja, tinham uma finalidade definida. Normalmente, eram contratados por alguém que queria ascender na vida pública ou vencer algum debate importante.

Com os sofistas, inicia-se o processo de mudança de foco do pensamento filosófico. Deixam-se as preocupações cosmológicas dos pré-socráticos e iniciam-se as preocupações com o ser humano, o cidadão da pólis.

Contexto Histórico

Os sofistas surgem em um momento histórico muito singular que é o nascimento da democracia grega. Até aquele momento, as cidades gregas possuíam uma aristocracia, com um grupo específico dominando o governo. Agora, com a democracia, todos os que são considerados cidadãos possuem voz e podem opinar nos debates públicos e decisões da cidade.

Com isso, fez-se necessário uma preparação para esse novo cenário. Antes, as pessoas não participavam das decisões públicas, agora participam. Mas, para fazer sua participação fazer a diferença, é preciso que se saiba argumentar, e mais do que argumentar, convencer. Só através do convencimento que suas opiniões poderiam ser acatadas pela maioria.

O papel dos sofistas era ensinar esses cidadãos a argumentarem e falarem em público. Os sofistas tinham isso como trabalho e podem ser considerados os primeiros professores.

Sofistas Descomplicado: Principais Sofistas

Protágoras de Abdera

Protágoras viveu entre os anos de 490 e 415 a.C. Nasceu na cidade de Abdera. Esteve em Atenas várias vezes, onde fez sua fama. Mais pra frente, teve que fugir da cidade acusado de pregar um ateísmo. Morreu na cidade de Sicília. É famoso pela frase “O homem é a medida de todas as coisas” e seu relativismo (ambos explicados com detalhes mais para frente).

Górgias de Leontinos

Górgias viveu entre os anos de 485 e 380 a.C. Nasceu na cidade de Leontinos e só foi para Atenas com 60 anos, na função de embaixador da sua cidade natal. Acabou fazendo sua fama por lá. Morreu na cidade de Larissa. Ele era especializado em retórica e considerado o pai da sofística, entendida como a arte retórica do convencimento.

Pródico de Ceos

Pródico viveu entre os anos de 465 e 395 a.C. Nasceu na ilha de Ceos. Também foi para Atenas como embaixador da sua cidade natal. Se diferenciava dos outros porque ensinava principalmente ética (o “como agir”).

Hípias de Élis

Hípias viveu entre os anos de 460 e 400 a.C. Nasceu na cidade de Élis. Além de filósofo era matemático. Sobre sua história, diz-se que se considerava um grande conhecedor de assuntos diversos, uma pessoa muito culta. É deles um dos primeiros estudos sobre curvas na matemática.

Sofistas Descomplicado: Principais Teorias 

Relativismo

O relativismo ganhou destaque com Protágoras. Sua famosa frase é “O homem é a medida de todas as coisas; das que são por aquilo que são e das que não são por aquilo que não são”.

Protágoras defendeu que a interpretação das coisas, seja da natureza, da política, dos problemas de modo geral é algo relativo ao sujeito, é subjetivo. Isso quer dizer que não existe uma verdade absoluta a ser alcançada. Ao contrário, todas as questões possuem interpretações diversas porque dependem do ponto de vista de cada pessoa.

Com isso, Protágoras vai dizer que não existe o argumento correto contra o argumento errado, mas sim o argumento melhor contra o argumento pior. Como a ideia de verdade é relativa, em um debate de duas pessoas, as duas estariam certas pelos seus respectivos pontos de vistas. Logo, para se determinar um vencedor, deveríamos escolher aquele que melhor argumentou e não aquele que argumentou mais próximo da verdade de fato (já que isso não existiria).

Niilismo

O niilismo, entendido aqui como argumento que defende a não existência do Ser, é obra do sofista Górgias. Sua teoria pode ser resumida em três teses:

  1. O Ser não existe: na realidade não existe um ente absoluto, sendo todas as teorias existentes sobre a sua existência ou não contraditórias;
  2. Ainda que existisse, o Ser não seria compreensível: mesmo se aceitássemos a existência de um Ser absoluto, ele seria incompreensível para a razão humana, que é limitada;
  3. Mesmo que admitíssemos que o Ser fosse compreensível, ainda assim ele não seria comunicável nem expressável: mesmo que o Ser existisse e pudéssemos compreendê-lo, não existiriam palavras suficientes para explicá-lo, sendo todas as tentativas de fazê-lo falhas e incompletas.

Com sua proposta niilista, Górgias vai argumentar que não existe verdade. Logo, ele é ainda mais radical que Protágoras. Se em Protágoras ainda tinha a verdade relativa (entendida como a certeza de algo pelo meu ponto de vista), agora não existe verdade nenhuma. Sendo assim, todos os argumentos dados em um debate não precisam fazer referência a nada, tendo como único objetivo convencer o outro. 

Percebe-se que para Górgias não existe mentira, porque a mentira pressupõem a noção de verdade. Vemos, assim, que Górgias é o defensor do “vale tudo” para se conseguir o convencimento. As palavras seriam manipuláveis e se adequariam a qualquer argumento. Para ele, o bom retor (aquele que pratica a retórica) é aquele que sabe usar das palavras para atingir seu objetivo.

Sofistas Descomplicado: Conclusão

Os sofistas foram importantes para o cultura grega porque foram eles os primeiros a trabalharem o valor do ser humano, do cidadão; além de darem importância  para a argumentação como a melhor forma de defender uma ideia. Entretanto, também podemos, à luz da proposta da filosofia antiga, criticá-los por não terem um compromisso com a verdade, que seria o cerne da busca filosófica, o sentido último em se buscar a sabedoria. Cabe agora a cada um julgar se eles são dignos ou não de serem chamados de filósofos.

E aí? O que achou dos sofistas? Deixa suas opiniões nos comentários. Gostou desse artigo? Compartilha! Quer sugerir algum tema para o blog? Entra em contato comigo.

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Sofistas Descomplicado: Referências

Coleção Ensino Médio 1ª série: Manual do Professor. – Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2019. 60 p.: il. (Volume 2)

Coleção Ensino Médio 1ª série: Manual do Professor. – Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2020. 98 p.: il.

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.