Sócrates Descomplicado: Biografia e Filosofia

Sócrates Descomplicado: Biografia e Filosofia

Olá, marujos! Hoje vamos falar sobre Sócrates de um jeito descomplicado. Vamos fazer uma breve biografia sobre sua vida antes do seu ingresso na filosofia. Contudo, iremos detalhar o momento em que ele começou a ficar famoso pela sua prática filosófica, seu julgamento e condenação. Vamos também explicar suas principais teorias filosóficas. Vamos lá!

Sócrates Descomplicado: Biografia

Antes da Filosofia

Antes de trazer os relatos da vida de Sócrates, é importante deixar claro que as fontes divergem um pouco. Logo, não é possível dar certezas sobre alguns aspectos da vida pessoal do filósofo.

Sócrates nasceu em Alópece (uma cidade próxima a Atenas) no ano de 469 a.C. Diz-se que era de família humilde. Seu pai se chamava Sofronisco e era escultor. Sua mãe se chamava Fainarete e era uma parteira. Sócrates foi casado com Xântipe, com quem teve um filho. Segundo alguns relatos, Sócrates teve outra esposa e outros filhos.

A inspiração para a filosofia veio de sua mãe. Sócrates compreendeu que o trabalho de parto que sua mãe fazia era aquilo que ele também queria fazer. Contudo, em vez de auxiliar gestantes a darem à luz crianças, Sócrates queria auxiliar as pessoas a “darem à luz” o conhecimento.

Assim, Sócrates foi estudar filosofia com Anaxágoras de Clazômenas e Arquelau de Atenas.

O Oráculo de Delfos e a Vida Pública

Podemos considerar que a vida filosófica pública de Sócrates começou ou se destacou depois de sua visita ao Oráculo de Delfos. Esse termo se refere à sacerdotisa (também conhecida como Pítia ou Pitonisa) do templo de Apolo da cidade de Delfos. A sacerdotisa haveria dito que Sócrates era “o mais sábio de todos os homens”.

Essa afirmação incomodou Sócrates pois ele não se considerava um sábio, mas alguém que sempre estava em busca da sabedoria. Isso o estimulou a sair pela cidade interrogando algumas pessoas consideradas sábias para provar que existiam pessoas mais sábias do que ele. Contudo, isso lhe trouxe uma constatação e muitos problemas.

A constatação foi que as pessoas que diziam muito saber, nada sabiam. Elas achavam que sabiam, mas quando eram questionadas, interrogadas, exigidas em esclarecer suas ideias, acabavam falhando ou se contradizendo. Surge dessa constatação uma de suas famosas frases: “Só sei que nada sei”. Sócrates era humilde o suficiente para admitir que não sabia tudo e que nunca poderia atingir esse nível de conhecimento.

Os debates de Sócrates acabavam expondo ao ridículo pessoas famosas, com prestígio e poder, que eram honradas na cidade como sábios. Não era apenas a vergonha em ficar sem palavras para debater com Sócrates, mas o filósofo também gostava de utilizar provocações e sarcasmos com seus adversários. Isso fez com que Sócrates começasse a ser odiado por um grupo importante da cidade de Atenas.

Outra questão importante nesse fase da vida de Sócrates foi sua crítica aos sofistas. Segundo Sócrates, como ninguém detém o conhecimento, não seria certo cobrar para ensinar (criticando justamente o ofício dos sofistas). Sócrates também criticava o pensamento relativista dos sofistas, já que ele acreditava que existiria a verdade absoluta e o papel da filosofia era expô-la. Isso tudo fez com que também os sofistas começassem a odiá-lo.

Sócrates era uma figura pública, muito conhecida e respeitada pelos cidadãos atenienses (tirando, óbvio, aqueles que ele criticou ou envergonhou).

Ele não fundou nenhuma escola de filosofia, mas tinha muitos seguidores, que o acompanhavam nos seus debates, que geralmente aconteciam na praça pública da cidade.

Entre seus seguidores, a maioria eram jovens cidadãos que aprendiam com ele essa nova forma de pensar, que se preocupa mais em perguntar e questionar do que ter as respostas.

Acusação, Julgamento e Condenação

Em certo momento, Sócrates estava incomodando demais. Isso provocou uma falsa acusação no tribunal ateniense. Supostamente, Sócrates estava cometendo três crimes:

  1. Não acreditar nos costumes e nos deuses gregos;
  2. Crer e pregar novos deuses;
  3. Corromper a juventude com suas ideias.

Para esses crimes, a pena pedida foi a morte. No julgamento, Sócrates buscou se defender a atacou cada uma das acusações, mostrando que eram infundadas e que tudo aquilo não passava de retaliação ao seu trabalho filosófico.

O poder dos acusadores era muito forte e mesmo tendo argumentado bem, foi considerado culpado. Contudo, a pena a ele imposta não foi a morte, mas o exílio. Entretanto, Sócrates se recusou a ir embora de Atenas. Segundo ele, aceitar essa pena seria admitir que era culpado. Isso fez sua pena ser convertida em pena de morte.

Sócrates foi incentivado à fugir, mas ele também se recusou. Argumentou que, enquanto livre, viveu sobre as leis de Atenas, beneficiando-se dela. Por isso, não seria justo fugir quando agora a mesma lei o iria prejudicar. Também se posicionou dizendo que teve chances de mudar a lei quando era cidadão, e se não conseguiu fazer isso no momento certo, não justificaria transgredi-las agora.

Enfim, Sócrates sofreu a pena de morte, tomando um veneno chamado cicuta. Ele morreu em 399 a.C. na cidade de Atenas, Grécia.

Sócrates Descomplicado: Principais Teorias Filosóficas

Sócrates não escreveu nenhum livro porque ele acreditava que ao fazer isso estaria “engessando” o seu pensamento. O filósofo era adepto das aulas públicas e ao debate, de onde vinha, segundo ele, a possibilidade de se extrair o conhecimento verdadeiro.

Por esse motivo, é complicado separar as ideias de Sócrates das ideias pessoais daqueles que escreveram sobre ele, especialmente Platão, que é o seu discípulo mais famoso. Contudo, é consenso acreditar que são deles as seguintes teorias filosóficas:

Ética

O grande diferencial de Sócrates para os filósofos anteriores à ele foi se preocupar em investigar filosoficamente quem é o ser humano, o que define a condição humana e como alcançar a virtude (do grego areté, que significa perfeição ou excelência). Destaca-se aqui uma famosa frase de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”

A maioria das investigações filosóficas atribuídas à Sócrates diziam respeito à busca dos conceitos éticos, como justiça, bem, amizade. Para ele, a virtude é o fim último do ser humano, significando que todos nós devemos buscar em vida sermos pessoas virtuosas. Para ele uma vida virtuosa era uma vida boa, sendo essa a vida que valia a pena ser vivida.

O papel da filosofia seria levar as pessoas a compreenderem o que é a virtude e, consequentemente, vivê-la. Para Sócrates, as pessoas agem mau por ignorância. Por isso, precisam da filosofia para aprenderem a virtude e agirem bem.

Teoria do Conhecimento

Mesmo não tendo esse nome na época, podemos dizer que Sócrates buscou compreender de onde vem o conhecimento. Segundo ele, todos nós nascemos com o conhecimento verdadeiro, tendo ele dentro de nós. Entretanto, precisamos realizar um esforço intelectual para “dar à luz” esse conhecimento. Essa teoria tem total relação com a profissão de parteira da mãe de Sócrates.

Sendo assim, Sócrates acreditava que o seu papel de filósofo era extrair os conceitos, as verdades de dentro das pessoas através do seu método de investigação, que ficou conhecido como método socrático.

Sócrates Descomplicado: O Método Socrático

Sócrates não ficou famoso pelas suas teorias, mas sim pelo seu modo de vida, por aquilo que ele defendia e o seu método de investigação filosófica.

Seu estilo de questionamento filosófico recebeu o nome de elenchus, que pode ser entendido como uma procedimento dialético, em que o interlocutor vai sendo questionado sobre um conhecimento prévio que ele tinha a tal ponto em que ele começa a perceber que esse conhecimento era de um nível raso ou mesmo equivocado até o momento em que ele começa a criar um conceito fundamentado do assunto.

Esse método ficou conhecido na história como método socrático e ainda hoje é um modelo pedagógico, uma forma de educar. O método socrático pode ser dividido em dois momentos:

  1. Ironia socrática: o termo ironia aqui é empregado no seu sentido original grego que significa “perguntar fingindo ignorar”. Mesmo não sendo esse o objetivo, vez ou outra as colocações de Sócrates causavam embaraços ou eram cômicas, fazendo o interlocutor ficar envergonhado. Objetivamente, o propósito de Sócrates era demostrar, através de exemplos e situações hipotéticas que as certezas prévias do interlocutor não funcionavam sempre e precisavam ser reformuladas.
  2. Maiêutica: termo grego que significa “parto”. O segundo momento era, através de indagações e incentivos, fazer com que o interlocutor produzisse um conceito, uma nova elaboração teórica da sua certeza, de tal forma que ela pudesse agora trazer um sentido mais amplo, que funcionasse em todos os casos. Sócrates nunca produzia o conceito, ele fazia com que a pessoa o fizesse, extraindo assim a verdade de dentro dele.

Vale destacar que nem sempre os diálogos de Sócrates chegavam a uma resposta definitiva sobre um determinado conceito. Na verdade, a maioria deles acabava em uma aporia, ou seja, em um impasse. Contudo, isso não significa fracasso porque, para Sócrates, nunca temos as verdades absoluta e devemos sempre estar buscando-as.

Sócrates Descomplicado: Conclusão

Sócrates é uma das figuras mais importantes da filosofia, talvez da humanidade. Tamanho é seu valor que a filosofia foi dividida em pré-socráticos e pós-socráticos. Gosto de dizer que Sócrates é o Patrono da Filosofia, sendo a encarnação viva dela. Sua vida é um reflexo daquilo que ele acreditava e ensinava. Se os relatos de sua vida são precisos ou não, pelo menos ele serve como um ideal a ser seguido pelos filósofos, pelos amigos da sabedoria.

E aí? O que você achou da vida de Sócrates? Deixa um comentário! Acredita que a vida de Sócrates é um exemplo para todos nós? Compartilha esse artigo descomplicado sobre Sócrates! Gostou desse tipo de artigo, em que exploro mais a vida do filósofo e resumo suas teorias? Entra em contato comigo.

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Sócrates Descomplicado: Referências

ARANHA, Maria Lúcia Arruda. Filosofar com textos: temas e história da Filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016.

Coleção Ensino Fundamental 8° ano. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2020. 84 p.: il. (Volume I)

DINUCCI, Aldo Lopes. O elenchus como o principal instrumento da pedagogia socrática. SABERES, Natal – RN, v. 1, n.1, dez. 2008

Wikipédia (os artigos utilizados estão na forma de hiperlink dentro do texto).

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.