Objetividade da Beleza e da Arte através de Jogo: Imagem & Ação

Objetividade da Beleza e da Arte através de Jogo: Imagem & Ação

Objetividade da Beleza e da Arte através de Jogo: Imagem & Ação

Olá, marujos! Hoje vamos falar sobre como ensinar a noção de objetividade da Beleza e da Obra de Arte através de jogo. Vamos trabalhar Estética e Filosofia da Arte, que debatem a questão da beleza e arte. Nesse artigo, eu vou abordar mais especificamente uma das definições de beleza dadas pela filosofia, que é a noção de objetividade do belo. Também vou trabalhar a objetividade na compreensão de uma obra de arte. Tudo isso através do famoso jogo Imagem & Ação. Vamos lá!

A Objetividade da Beleza e da Arte

Antes de começar a desenvolver esse tema, aconselho ler o artigo que escrevi sobre introdução à Estética e Filosofia da Arte, para dar as bases do que vou desenvolver logo em seguida.

Agora, devemos entender que a noção de objetividade surge nos princípios da filosofia, na Grécia Antiga e vai perdurar até a Idade Média, com as particularidades de cada época.

Para Platão, a realidade do mundo não estava naquilo que é sensível, mas naquilo que é inteligível (essa é a sua Teoria das Ideias). Partindo desse ponto, Platão vai defender que a verdadeira Beleza é uma ideia imutável. Posto isso, todas as obras artísticas devem se esforçar em representar em sua arte essa Beleza Ideal. Óbvio que nenhuma conseguirá ser perfeita, mas deve buscar a perfeição, e essa perfeição só é alcançada pela própria obra de arte, por aquilo que ela expressa.

Já Aristóteles não acreditava no mundo inteligível. Dessa forma, a obra de arte como mímesis, ou seja, imitação das coisas é aceitável. Como um defensor do equilíbrio para se alcançar a felicidade, a beleza de uma obra de arte está na harmonia das partes com o todo; dito de outra forma, na simetria e na proporção. 

No período medieval, a noção de Ideia perfeita é substituída por Deus. Assim, Deus detêm todas as perfeições, inclusive a da beleza. Segundo Santo Agostinho de Hipona, como tudo provém de Deus, a beleza que sentimos é devido a uma participação da coisa bela com o próprio ser criador. Da mesma forma, segundo Santo Tomás de Aquino, ao admirarmos uma obra de arte, temos que ser capazes de transcender a obra em si e alcançar a dimensão divina que existe para além da obra de arte. Logo, a função da obra de arte no medievo era representar Deus e as passagens bíblicas ou levar o ser humano a um estado de oração e contemplação divina.  

Resumindo, podemos dizer que uma forma de interpretar o que é beleza e o valor de uma obra de arte é compreendendo a sua objetividade. A manifestação da beleza depende exclusivamente do objeto artístico, é ele que deve expressar em sua forma a perfeição pretendida, seja para remeter a uma ideia ou para remeter a Deus. Em ambos os casos, o “poder” está no objeto, e não na interpretação do sujeito. 

O jogo Imagem & Ação

Imagem & Ação é um jogo clássico no Brasil, lançado pela GROW em 1986. Provavelmente todo mundo já brincou com ele na infância ou já viu alguém brincando em um programa de TV, com algumas variações. O nosso Imagem & Ação é inspirado em um jogo chamado Pictionary, que surgiu em 1985.

A premissa do jogo é simples: você desenha algo em um papel e seu grupo tem que adivinhar. O foco é na imaginação e não na qualidade técnica do desenhista. Por isso, tem um tempo limite para a pessoa desenhar e o grupo tentar adivinhar, assim como o desenhista não pode usar letras, números e nem falar ou fazer mímica.

Objetividade da Beleza e da Arte através de Jogo: Imagem & Ação

Pré-aula

É indicado que você tenha o jogo em mãos para jogá-lo, porque a proposta é usar todas as regras e possibilidades dele.

Entretanto, caso não possa ter o jogo, você pode selecionar uma série de palavras para serem desenhadas, conseguir um dado, um tabuleiro simples (de casas) e 2 ou 3 peões. O tempo pode ser medido pelo relógio ou celular.

Agora, em ambos os casos (jogo em si ou adaptado), têm que se conseguir duas ou três canetas de quadro cheias, preferencialmente de cores diferentes.

Aula

Dependendo do número de alunos, dividir a turma em 2 ou 3 grupos.

Dividir o quadro na mesma quantidade de grupos.

Deixar claro que você professor será o administrador do jogo e das regras, sendo o juiz em caso de problemas (exemplo: decidir quem respondeu primeiro).

Na primeira rodada, todos os grupos jogam ao mesmo tempo. Se for o jogo original, começa com a palavra do grupo MIX; se for adaptado, o professor escolhe uma palavra de dificuldade média. O primeiro time que adivinhar já anda as casas no tabuleiro (estipulado pela carta no original ou pelo dado no adaptado).

Esse time vai jogar sozinho até perder a vez. Ele perde a vez quando, em uma rodada, o tempo acaba e ninguém adivinha a palavra. Nesse momento, passa-se a vez para o time da direita.

No jogo original, existem casas chamadas “jogam todos”. Se um time cair nela, é obrigatório que todos os times joguem juntos que nem foi na primeira rodada, e quem acertar primeiro continua. Ou seja, o time que tinha o direito de jogo pode perdê-lo nesse momento, se não for o primeiro a acertar.

O jogo acaba quando o primeiro time chegar no final do tabuleiro.

O Professor pode dar 1,0 ponto extra para o time, como forma de prêmio e estimulo de participação dos alunos.

Objetividade da Beleza e da Arte através de Jogo: Aplicação Pedagógica

Após o fim da partida, o professor deve abordar quais foram as táticas usadas pelos desenhistas para fazer o grupo entender a palavra. É muito provável que a grande maioria tenha tentado desenhar a palavra em si, especialmente se as palavras escolhidas forem coisas concretas (objetos, animais ou frutas, por exemplo). 

Será bem interessante se, durante esse momento, surja uma “implicação” por parte do grupo ao desenhista do tipo “É sério que aquilo que você desenhou era para parecer isso?”. Essa fala deve ser aproveitada para o professor adentrar no conteúdo filosófico da aula.

O professor deve “aproveitar o gancho” para dizer que durante algum tempo, a noção de beleza estava ligada à perfeição exposta pelo objeto em si e a arte apreciada era aquela que representava melhor o objeto pretendido ou que possuísse melhor simetria. Outra compreensão era a de que o objeto deveria remeter a alguma ideia. Explicar que, durante algum tempo, foi defendido que a beleza está no objeto, devido suas propriedades que rementem à perfeição.

Depois, é interessante desenvolver alguns dos conceitos expressos na filosofia de Platão, Aristóteles, Santo Agostinho e Santo Tomás.

Objetividade da Beleza e da Arte através de Jogo: Interdisciplinaridade

Essa aula pode ser dada junto com Artes / Educação Artística.

O professor de artes pode observar os desenhos feitos e, aproveitando as palavras sorteadas, ensinar técnicas para os alunos desenharem melhor os objetos que eles deveriam representar. O professor também pode explicar com teorias e imagens como eram as artes na Grécia antiga e na Europa Medieval. 

Objetividade da Beleza e da Arte através de Jogo: Conclusão

O uso do jogo Imagem & Ação em sala de aula vai trazer uma energia muito boa para a turma. Como segunda aula da área de Estética e Filosofia da Arte, desde o começo vamos explorando um movimento artístico dos alunos, para que eles entendam que nessas áreas da filosofia, o raciocinar anda junto com o sentir e se expressar.

E aí? Já experimentou Imagem & Ação na sala de aula? Conta como foi a experiência! Quer ajudar a divulgar essa gamificação da filosofia? Compartilha esse artigo! Quer tirar alguma dúvida ou dar sugestões ao blog? Entra em contato comigo!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.