Gamificação na Filosofia: Introdução à Política / Jogo WAR

Gamificação na Filosofia: Introdução à Política / Jogo WAR

Olá, marujos! Vou compartilhar com vocês uma ideia que tive de gamificação na filosofia, referente ao conteúdo introdução à política usando o jogo WAR. Vamos esclarecer então, brevemente, a proposta desse conteúdo e o que é o jogo WAR. Depois, eu mostro para vocês como aplicar nas suas aulas.

Gamificação da Filosofia

Bom, primeiro temos que lembrar a importância dessa prática pedagógica. Quem está antenado nas novidades em como ensinar, já deve ter ouvido falar desse assunto. Gamificação é a transformação de algo em uma espécie de jogo, com objetivos, metas, desafios e recompensas. Na educação, a proposta é estimular o aluno a jogar um jogo e enquanto joga, ele vai aprendendo algum conteúdo. Você pode criar tantos jogos específicos para um conteúdo, como pode aproveitar um jogo que já existe, adaptando-o. Esse será o caso aqui.

Introdução à Política

Política é a área da filosofia que estuda, basicamente, como e porque o ser humano se organiza em grupo. Nessa disciplina, tentamos entender porque o ser humano cria uma sociedade, quais seriam as melhores formas de governo e porquê, as relações de poder que são exercidas entre os cidadãos e entre o Estado e o cidadão etc. Em uma aula de introdução à política, espera-se que o aluno entenda essa proposta, veja a importância da discussão sobre política em sala e desassocie política filosófica de um debate sobre quem é o melhor ou pior partido ou político.

Jogo WAR

WAR é um jogo de tabuleiro. O tabuleiro é um mapa do mundo, dividido em regiões (baseadas nos continentes) e subdividido em territórios (que podem ser países ou cidades). Cada jogador recebe uma carta com um objetivo e deve cumpri-lo para vencer. Para isso, ele conta com exércitos, que são distribuídos pelo mapa, e que depois começam a se enfrentar. Os objetivos geralmente são a destruição de uma cor de exército ou a conquista de um número de territórios ou regiões. 

Além da sorte com os dados de ataque e defesa, e da estratégia ao posicionar seus exércitos e escolher quem e como atacar, existe uma grande questão do jogo. A negociação entre os jogadores, por mais que não seja necessária, é de muita ajuda para o sucesso. Ninguém sabe o objetivo um do outro, mas adversários podem se unir para atacar um alvo específico para logo em seguida um trair o outro.

Jogar sozinho geralmente te faz ser o alvo preferido. E fazer aliança te faz ser estratégico em como usar dela até o momento certo de abandoná-la e concluir sua missão antes que você vire o próximo alvo.

Gamificação na Filosofia: Introdução à Política / Jogo WAR

Etapa 01: Dividir a turma em times

Cada versão do jogo tem uma quantidade de jogadores, que varia de 4 a 6 pessoas. Como você provavelmente só terá um jogo, você terá que dividir a turma em times, cada time representando uma cor de exército.

Etapa 02: Eleger um capitão para cada time

Como qualquer trabalho em equipe, brigas serão inevitáveis. Por isso, é necessário escolher um capitão de cada equipe. Deve-se deixar claro que o capitão tem total controle sobre as ações do time, ele executa as ações e pode levar ou não em consideração as decisões dos demais integrantes do grupo. Isso é bem interessante porque já vai criar um debate entre eles, porque o capitão tem que ser alguém em que todos (ou a maioria) confie para que o grupo seja ouvido.

A forma como se desenrolará, ao longo do jogo, a função de capitão será um material muito bom para ser debatido em sala. Poderão ocorrer situações em que o capitão vai agir por impulso e irritar o grupo. Ou ao contrário, ele vai ouvir o grupo e jogar mal, se irritando. Poderá haver um revolta dos jogadores e uma troca forçada de capitão, que levantará ótimos debates sobre a melhor forma de governo para uma sociedade.

Etapa 03 (opcional): Decidir em qual time o professor vai jogar

Bom, a ideia é fazer uma aula divertida para todos. Eu gosto de me juntar com os alunos e jogar com eles. Isso me deixa mais próximo da ação, eu vivo a brincadeira em vez de só observar. 

Vale, nessa hora, destacar que a inclusão é estratégica – pode trazer benefícios, malefícios ou ser neutra. Quando você fala desse jeito, os alunos ficam relutantes porque não sabem se você está ou não planejando alguma artimanha contra eles. E quem tomará essa decisão, será você. Você pode jogar para ganhar com o seu time, para atrapalhar ou se manter neutro. Dependendo do time que você entrar e da sua estratégia, divirta-se! Agora, é bom que você tenha em mente mais ou menos o que você quer fazer antes de ser escolhido. Todos sabemos que temos alunos de quem gostamos mais e outros menos, e temos que tomar cuidado pra não ser vingativo nesse momento.

Etapa 04 (opcional): Decidir quantos pontos vai valer a atividade

Ninguém gosta de fazer nada a toa. Por mais que já seja obrigação do aluno estudar, essas aulas diferenciadas podem valer alguns pontos para incentivá-los a jogar sério. Aí, varia de cada professor e dos limites que a escola coloca. Eu, quando posso, coloco a atividade valendo dois pontos extras para o time vencedor (em uma escola que a nota vai de 0 a 10). Dessa forma, evito alguém dizer que fui injusto ou que não avaliei adequadamente os alunos.

Etapa 05: Montar o tabuleiro no meio da sala e começar o jogo

Agora é a hora da diversão. Se possível, já deixa tudo separado antes, para não perder muito tempo na arrumação. Jogando ou só observando, vá ensinando os capitães a jogarem as primeiras rodadas para eles se familiarizarem. Jogo de tabuleiro só se aprende jogando e temos pouco tempo em sala para ter que parar para ler as regras.

É muito provável que não dê tempo de concluir a partida antes do final da aula. Logo, é bom você ter alguns critérios para contar os pontos e decidir um vencedor. Como os objetivos são diversos, você pode estipular uma regra de três básica para o que seria 100% do objetivo completo e quanto ele foi atingido. Exemplo: Se o objetivo era conquistar 24 territórios e o time conquistou 18, ele cumpriu 75% do objetivo. Se o objetivo era destruir uma cor, e essa cor começou com 15 territórios e terminou com 3, quer dizer que foi cumprido 80% do objetivo.

Objetivo da atividade

Através das decisões tomadas para preparação do time e do jogo em si, considerando que um grupo decidirá por ataques, defesas, avanços, retrocessos, alianças, traições, tudo para conseguir seu objetivo, veremos como funciona a política, como que as escolhas de organização em grupos e os critérios de liderança influenciam nossas vidas.

Gamificação na Filosofia: Interdisciplinaridade

Você pode aproveitar essa atividade não só para filosofia, mas também, como sugestão: Geografia, História e Matemática.

Geografia: o professor pode explorar a geografia política e geopolítica

História: o professor pode explorar as grandes guerras e a história dos países e regiões.

Matemática: o professor pode explorar o cálculo de unidades a serem distribuídas, a interpretação dos resultados dos dados e regra de três para calcular a porcentagem de conclusão do objetivo.

Gamificação na Filosofia: Conclusão

WAR é um jogo de fácil acesso, que talvez muitos alunos já jogaram e de regras relativamente simples para poder introduzir esse conceito de jogos em sala de aula. Agora, existe uma versão online oficial, que pode ser testada caso não se consiga o jogo físico. Como o assunto da aula é introdução à política, existe uma maior liberdade em deixar o jogo fluir e aproveitar os acontecimentos para serem desdobrados em uma próxima aula específica, ou no decorrer do bimestre.

E aí? Já experimentou jogar WAR em uma aula? Deixa nos comentário como foi! Não teve a chance de jogar ainda? Mostra para o seu professor esse artigo para ver se ele se anima a testar a ideia. Gostou da proposta de jogar WAR com objetivo pedagógico? Compartilha esse post! Quer pedir temas filosóficos para serem gamificados? Entra em contato comigo!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.