Reflexão sobre The Flash: Deixe o Passado no Passado

Reflexão sobre The Flash: Deixe o Passado no Passado

Olá, marujos! Hoje, faremos uma reflexão sobre o filme The Flash. Nele, veremos Barry Allen viajando no tempo ao passado para tentar salvar sua mãe do seu assassinato, e todas as consequências disso. Na reflexão, falarei um pouco sobre conceito de “passado” e porque precisamos deixar o passado no passado. Teremos spoilers do filme. Vamos lá!

Sobre o Filme

The Flash é um filme do DCEU (Universo Estendido DC) de 2023. Ele é o penúltimo filme dessa série, que começou com Homem de Aço e irá se encerrar com Aquaman 2.

Barry Allen é O Flash. Ele é um jovem que sofre por ter tido sua mãe assassinada e seu pai acusado injustamente de ser o criminoso. Inconformado, ele manifesta sem querer o poder de voltar no tempo ao correr muito rapidamente e usa esse recurso para modificar um fator do passado em 2004 e impedir que sua mãe seja morta.

Ao tentar voltar para o tempo presente, Barry é atingido por um inimigo misterioso e acaba “caindo” no ano de 2013. Nesse período temporal, já afetado pela alteração feita pelo Barry de 2023, a mãe está viva, mas o Barry de 2013 parece não querer nada com nada…

É nesse ano também que o general Zod (grande inimigo do Superman) chega na Terra. Mas nessa nova linha temporal, não existia super-homem. Tentando localizar outros super-heróis, os Barrys só acham o Batman, que não é mais o mesmo Batman que o Barry-2023 conhecia.

Mesmo assim, Barrys e Batman se juntam para investigar um indício de kriptoniano na Sibéria. Lá, descobrem que o kriptoniano preso é a Kara Zor-El, prima do nosso conhecido Kal-El. O grupo a liberta e todos vão combater a invasão de Zod.

Infelizmente, os quatro não dão conta e acabam perdendo a luta, inclusive morrendo Batman e Supergirl no processo. Os Flashs resolvem, então, usar seus poderes de voltar no tempo para mudar alguns fatores que eles acreditam ser suficientes para salvar Batman e Supergirl e ganhar o confronto. Mas nada funciona.

O Barry-2023 percebe que não tem como salvar aquela linha temporal do Zod e que a única solução é voltar até 2004 e deixar sua mãe morrer, para que tudo voltasse ao normal. E, supostamente, faz isso.

Contudo, voltando a 2023, na hora do julgamento, vemos que Barry ainda fez uma pequena modificação no passado para livrar seu pai. Tudo parecia ter funcionado razoavelmente bem dessa vez. Até que Barry descobre que o Batman não é nenhum daqueles dois que ele tinha conhecido até então…

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Reflexão sobre The Flash: O que é o Passado?

Existe uma grande discussão filosófica, psicológica e científica sobre o tempo. Dentre essas discussões, temos o conceito de “passado”.

A grosso modo, podemos dizer que “passado” é aquilo que passou, aquilo que já foi. Foi um momento que existiu e já não existe mais. Como Santo Agostinho diz, somos nós no presente lembrando do que já aconteceu.

Existem discussões quânticas que propõem a existência simultânea do passado com o presente e o futuro. Nelas, poderíamos até cogitar uma volta ao passado. Porém, com aquilo que temos hoje de recurso, isso ainda não é possível. Por enquanto, o passado é imexível.

Por não ser possível mexer no passado, na vida real, vemos vários filmes de ficção científica ou fantasia que tentam imaginar o que aconteceria se pudéssemos voltar ao passado e, mais que isso, modificá-lo.

Esse artigo se baseia, obviamente, naquilo que o filme The Flash se propôs a debater, ou seja, se existisse uma forma de voltar ao passado e modificá-lo, isso afetaria tudo aquilo que conhecemos como futuro daquele passado, que incluiria o nosso antigo presente.

Reflexão sobre The Flash: Deixe o Passado no Passado

A reflexão do filme é muito clara: aquilo que aconteceu no passado precisa ficar no passado. Querer modificar o passado só vai lhe causar mais dor de cabeça porque você vai criar uma nova realidade, a qual você não está acostumado e que, não necessariamente, é melhor.

Vemos, no filme, que Barry conseguiu salvar sua mãe. Em contrapartida, o mundo aparentemente foi dominado por Zod. Valeu a pena? Acredito que não (pelo menos, para a grande maioria das pessoas).

Depois, não satisfeito, Barry fez uma pequena modificação no passado para “só” salvar seu pai. Isso mudou, até onde pudemos ver, quem é o Batman. Agora, quais serão as outras consequências dessa manipulação temporal?

Eu gosto muito da frase de Sartre “não importa o que os outros fizeram com você, importa o que você fará com o que fizeram de você”. Essa frase pode ser adaptada para esse contexto como “não importa o que aconteceu no passado, importa o que você fará com aquilo que aconteceu no passado”.

Para quem não entendeu, a mensagem é: não adianta ficar remoendo o passado, reclamando do que aconteceu ou se lamentando pelo que houve. O que nos resta é sempre o presente, o que faremos agora de acordo com as possibilidades que temos.

A mãe de Barry foi assassinada? Foi e isso é triste. O pai de Barry foi acusado injustamente? Foi e isso é péssimo. Foi um azar não conseguir nenhuma prova de que o pai do Barry estava no mercado? Sim e isso é terrível. Mas foi o que aconteceu e não adianta nada ficar reclamando. O que restava, nesse caso, é tentar buscar outras provas ou aceitar a condenação e lidar com ela. Não é necessariamente o justo, mas é o que resta.

Ao tentar corrigir a injustiça da morte da mãe e da condenação do pai, Barry modificou a vida de várias pessoas. Seria isso justo? A resposta do filme é “não”.

Reflexão sobre The Flash: Novo Passado, Novo Presente

Sabe o que é mais curioso? Ao mudar o passado e salvar a mãe, a única pessoa que ficou grata com isso foi o próprio Barry de 2023. Isso porque todas as demais pessoas não ficaram com a lembrança da morte de Nora Allen.

Logo, podemos até refletir sobre o que adianta mudar o passado se o ato da mudança não fará parte da vida das pessoas diretamente afetadas. Nora Allen não ficou grata por voltar a vida, Henry Allen não ficou grato por estar livre, Barry Allen de 2013 não estava feliz por ter sua família completa. Em outras palavras, ninguém ligou para aquilo…

A reflexão que temos sobre isso é: não adianta agora, no presente, ficar pensando em como você poderia ter agido diferentemente no passado porque, se você tivesse agido diferente, você seria outra pessoa, teria outra vida e esse pensamento nunca teria acontecido.

O seu eu presente, especificamente essa consciência de agora, que cogitou mudar o passado, não iria mais existir e as possíveis vantagens de uma mudança no passado se perderiam porque você não saberia que sua vida supostamente melhorou porque você mudou o seu passado.

Outro ponto importante, que meu psiquiatra e minha psicóloga sempre falam é: com a cabeça que temos hoje, e vendo a situação de fora, é fácil olhar para o passado e ver soluções para os problemas que não vimos na época. Mas isso é “roubar no jogo” porque tivemos muito tempo e maturidade para pensar nas soluções.

Precisamos aceitar que, naquela época, naquelas circunstâncias, fizemos o melhor que deu. Não adianta ficar agora se culpando. Agora, é “bola para frente”. É pegar a lição e agir diferentemente se surgir uma situação parecido com aquela do passado que quisemos mudar.

Conclusão

É muito tentador querer mudar o passado, pois acreditamos que, com isso, resolveríamos todos os nossos problemas atuais. O que não entendemos é que, se pudéssemos fazer isso, criaríamos novos problemas e seríamos outras pessoas, que não desfrutariam dos benefícios da mudança. Por isso, deixe o passado no passado e foque naquilo que você pode fazer no presente, para ter um futuro melhor.

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Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.