Racionalismo Absoluto Descomplicado: Racionalismo de Espinosa

Racionalismo Absoluto Descomplicado: Racionalismo de Espinosa

Olá, marujos! Hoje, explicaremos o racionalismo absoluto de Baruch Espinosa de um jeito descomplicado. Faremos uma breve biografia do filósofo e apresentaremos sua teoria do conhecimento da forma mais clara possível, utilizando bastantes exemplos para facilitar o entendimento. Vamos lá!

Sobre Baruch Espinosa

Baruch Espinosa nasceu em 24 de novembro de 1632, em Amsterdã (Países Baixos). Ele era de uma família portuguesa judia. Espinosa teve uma educação tradicional judaica, aprendendo a Torá e o Talmude. Por causa de suas críticas à fé judaica, foi excomungado aos 24 anos e precisou se mudar. Seu principal ofício foi de polidor de lentes. Aos 38 anos, ele publicou seu Tratado Teológico-Político de forma anônima. Ele morreu aos 44 anos. Seu livro mais famoso Ética demonstrada à maneira dos geômetras foi publicado postumamente.

Para saber mais detalhes da vida de Espinosa, recomendo: Baruch Espinoza Descomplicado: Biografia e Filosofia.

Racionalismo Absoluto Descomplicado: Racionalismo de Espinosa

Racionalismo é nome de uma corrente de pensamento a qual defende que o conhecimento procede da razão. Essa forma de pensar foi inaugurada por Descartes.

Espinosa é conhecido como defensor de um racionalismo absoluto porque ele acreditava não existir nada que não pudesse ser conhecido pela razão. Para o filósofo, a totalidade do real poderia ser compreendida pelo intelecto, não restando brechas para qualquer misticismo ou superstição, ou seja, qualquer explicação fantasiosa sobre o funcionamento da natureza.

Espinosa também era crítico da imaginação. Imaginação, para ele, é a criação de imagens subjetivas as quais representariam as coisas exteriores. Em outras palavras, imaginação seria uma interpretação subjetiva da realidade.

O filósofo dirá que o medo do desconhecido e a esperança de algo melhor são as principais causas da imaginação e da superstição, que criarão as religiões. Para combater isso, é necessário um racionalismo absoluto, uma confiança plena na capacidade da razão em nos libertar da imaginação e da superstição.

Racionalismo Absoluto Descomplicado: Os Problemas do Conhecimento

A Superstição

Para combater a superstição, Espinosa demonstrará que a Bíblia não é um livro de verdades objetivas, mas um livro de preceitos morais dirigidos a um povo específico em uma época específica.

Hoje, isso pode até parecer óbvio para a maioria das pessoas, mas na época não era. Ao contrário, enxergava-se a Bíblia como um livro inquestionável.

Por isso, podemos dizer que Espinosa revolucionou o modo como a Bíblia é interpretada. Inclusive, até hoje, os estudiosos da Bíblia (incluindo os religiosos), utilizam um método de estudo bíblico próximo ao desenvolvido por Espinosa.

A Imaginação

Espinosa irá demonstrar que a imaginação não é capaz alcançar a verdade porque ela cria imagens que representam a natureza, mas não revelam de fato a natureza tal como ela é.

A imaginação produziria uma imagem do real, uma ideia inadequada sobre o que é algo. Seria uma compreensão equivocada da realidade.

Com as ideias inadequadas, somos passivos: o que vemos é o modo como a natureza se mostra a nós, e nós só fazemos associar e dissociar as imagens que nos chegam. Tudo é parcialidade porque é a forma como enxergamos o mundo.

Um ótimo exemplo é o Sol. A imagem que temos dele é de algo pequeno porque é assim que o enxergamos.

A Experiência Vaga

Espinosa nos alerta que devemos tomar cuidado com falsas relações entre causa e efeito.

A experiência vaga ocorre quando, inadvertidamente, relacionamos equivocadamente uma causa com um efeito por mera semelhança, sucessão no tempo, proximidade temporal ou proximidade espacial.

Um exemplo absurdo, mas bem ilustrativo, seria dizer que a causa do sol nascer é o cacarejar do galo só porque o galo canta algumas horas antes do sol nascer.

Racionalismo Absoluto Descomplicado: O Conhecimento Verdadeiro

O Intelecto

Para o filósofo, é o intelecto que produziria uma ideia adequada da natureza. Essa ideia seria uma certeza intelectual.

O intelecto conseguiria alcançar a verdade ao produzir ideias. A ideia apreende a essência das coisas. A ideia seria o conhecimento das causas do ser e das relações entre uma ideia e outra.

Com as ideias adequadas, somos ativos: o intelecto compreende por si mesmo as causas e efeitos das ideias e as relações necessárias que existem entre elas, alcançando a essência das coisas.

Recuperando o exemplo do Sol (usado acima, na parte sobre a imaginação), a ideia que temos dele é de algo grande porque sabemos que ele é enorme (mesmo sem nunca tê-lo visto de perto).

Conhecimento como Gênese

O verdadeiro conhecimento é aquele que explica a origem de algo, demonstrando, pelo intelecto, como que algo foi gerado, sua causa de produção. Isso explicaria sua essência ou existência. Essa seria a definição real ou ideia verdadeira do objeto.

Esse pensamento é uma novidade na tradição filosófica porque, até esse momento, a definição da essência de algo era a descrição das propriedades de um objeto, tal como defendia Aristóteles na sua teoria das quatro causas.

Espinosa baseia sua teoria na matemática porque essa seria a área do conhecimento que demonstra de forma rigorosa e dedutiva a origem e as relações necessárias de seus objetos de estudo.

Por exemplo, dizer que a água é um líquido transparente que molha não é dizer o que a água é porque essas são apenas características da água. Um conhecimento verdadeiro sobre a água é dizer que ela é uma molécula criada pela união de dois átomos de hidrogênio com um de oxigênio.

Método do Trabalho Intelectual

Para Espinosa, o método para o trabalho intelectual é o próprio trabalho intelectual. Ou seja, ao utilizar a inteligência para encontrar as ideias verdadeiras, estaríamos deixando automaticamente de usar a imaginação para criar ideias inadequadas.

E como eu saberia disso? Fazendo uma autorreflexão. Ao refletir sobre a minha inteligência, sobre a minha capacidade intelectual, eu entendo que ela é capaz de encontrar a verdade.

Para o filósofo, a essência da alma é exatamente a sua capacidade de pensar, sua inteligência. Essa seria uma força espontânea, inata da alma humana. E a prova da existência disso é exatamente a existência da matemática, que realiza essa potencialidade.

Prova de Verdade

Espinosa dirá que não é necessário nada externo ao objeto para provar sua verdade, pois a verdade de um objeto é intrínseca a ele mesmo.

A única informação necessária para se provar a verdade de um objeto seria a compreensão das suas causas.

Com isso, são apenas critérios internos que comprovariam o real, não sendo necessário nenhum critério externo para isso.

Racionalismo Absoluto Descomplicado: Obras

     

Racionalismo Absoluto Descomplicado: Conclusão

Espinosa foi um filósofo que sofreu por defender suas ideias. Talvez, o radicalismo com que foi tratado tenha causado o radicalismo da sua filosofia. Ou, quem sabe, o radicalismo como foi tratado seja decorrente do radicalismo de sua filosofia. Independentemente da resposta, sabemos que esse filósofo buscou a verdade e nos deu uma forma única de enxergar a realidade.

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Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Racionalismo Absoluto Descomplicado: Referências

CHAUÍ, Marilena de Souza. Espinosa: uma filosofia da liberdade. São Paulo: Moderna, 2001 (Coleção logos).

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.