Niilismo Descomplicado: Ética de Nietzsche

Niilismo Descomplicado: Ética de Nietzsche

Olá, marujos! Hoje, explicaremos o conceito do niilismo nietzschiano de um jeito descomplicado. Após uma breve biografia do autor, irei desenvolver sua teoria, explicando etimologia do termo, dando exemplo e mostrando a importância desse pensamento. Vamos lá!

Sobre Nietzsche

Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um filósofo alemão do século XIX. Começou sua carreira como filólogo (estudioso de línguas), mas depois desviou sua pesquisa para a filosofia. Seus escritos focam muito em críticas à moralidade tradicional e criação de um novo conceito de ser humano, que consiga valorizar a vida. Era professor universitário até sofrer um colapso mental em 1889 que prejudicou muito sua saúde e sua produção. Ele teve que viver o resto de sua vida aos cuidados da mãe e irmã.

Para saber mais de sua vida, recomendo: Nietzsche Descomplicado: Biografia e Filosofia.

Niilismo Descomplicado: Etimologia e Conceito

Niilismo vem da palavra latina nihil, que significa “nada”. Mas o que significa esse nada? É a noção de que nada é absoluto, definitivo.

Ao propor o niilismo moral, Nietzsche vem defender a ideia de que não existem valores morais absolutos, definitivos. Ou seja, que diversas noções que aprendemos ao longo de nossa vida como sempre certos ou sempre errados não são necessariamente assim.

Essas noções de certo e errado servem a uma cultura e a uma época, mas não precisam (nem devem) ser usadas como únicas formas de guiar nossa ação e nossa existência se não estamos nessa mesma cultura ou época, ou se simplesmente não concordarmos com esses valores porque eles não representam minha forma de ver o mundo e nem me satisfazem sobre como considero que devo agir em minha vida.

Niilismo Descomplicado: Exemplo

Vamos usar o caso “polêmico” da homossexualidade na cultura europeia.

Se olharmos a cultura grega antiga, os cidadãos não condenavam relações homoafetivas circunstanciais, como aquelas que poderiam ocorrer em um culto ou até mesmo na relação pedagógica entre tutor e tutorado (conhecida como pederastia), porém, condenavam a homossexualidade porque alguém que quisessem viver com uma pessoa do mesmo sexo deixaria de casar e ter filhos, ou seja, novos cidadãos.

Podemos utilizar esse mesmo critério para justificar a proibição em várias culturas da homossexualidade porque, no passado, era importante ter filhos para manter a sociedade crescente. Dessa importância social, ela acabou refletindo nas religiões, que tratavam essa prática como pecado (estou focando, aqui, nas religiões abraâmicas — judaísmo, cristianismo e islamismo).

Com o tempo, essas religiões começaram a moldar os costumes das sociedades. Por causa disso, a homossexualidade começou a ser condenada “apenas” por ser pecado, não tendo mais relação com as questões reprodutivas.

Quanto mais essas religiões deixaram de ser oficiais, os Estados laicos e as pessoas poderem não as praticar, mais a homossexualidade (assim como outras questões morais, obviamente) começou a ser praticada, aceita e legalizada.

Percebe-se, hoje, que as únicas “justificativas” para a proibição estão nas religiões porque o fator original social, que era a reprodução não é, hoje, mais um problema. Hoje, já temos bastantes indivíduos no mundo e também já é “fácil” reproduções artificiais, não sendo, por isso, obrigatório a união de um homem com uma mulher.

Com tudo isso, percebemos o longo caminho que a moralidade da homossexualidade percorreu nas culturas europeias ou fortemente influenciadas pelas culturas europeias.

Ao mesmo tempo, em outras culturas, práticas homossexuais não eram condenadas ou simplesmente eram ignoradas.

Tudo isso é para dizer que não faz sentido você julgar a prática homossexual como certo ou errado. Essa é simplesmente uma prática e não cabe ficar fazendo juízo de valor sobre ela.

Tem ótimo vídeo que gosto de passar aos meus alunos que se chama “Love Is All We Need”. Nesse curta, vemos uma sociedade que condena as práticas HETEROSSEXUAIS. Essa inversão de valores mostra o quão sem sentido é você julgar as escolhas sexuais do outro.

Segue abaixo o vídeo, mas alerto que tem cenas de suicídio:

 

Niilismo Descomplicado: Consequências

Podemos dizer que temos consequências positivas e negativas do niilismo.

Uma consequência positiva está no aumento da tolerância moral das pessoas. Quando você entende que o seu valor moral não é o único e nem o certo, que existem outros valores morais e que possuem outras atribuições de grau sobre o que é certo e o errado, você se torna mais tolerante ao diferente. Você aceita outras visões de mundo e julga menos.

Outro ponto positivo está na abertura moral do sujeito. Se, até esse momento, ele se sente mal por não conseguir corresponder aos valores de sua sociedade, ele pode ficar aliviado em saber que é possível pensar e agir diferente. Ele não é mais um “doente” ou “depravado”, ele é simplesmente alguém que pensa diferente.

Já o ponto negativo está no perigo da falta de base moral. O extremo de alguém moralista é alguém amoral. Todos nós precisamos ter noções de certo e errado para vivermos em sociedade. Se alguém rompe totalmente com essas noções pelo fato de “nada ser absoluto”, corre o risco de ficar perdido no mundo em que vive. Essa pessoa pode não saber como viver ou pode vivenciar tudo, como se não existissem limites para nossas ações. Essa pessoa se sentirá perdida porque não verá sentido nas suas ações.

Niilismo Descomplicado: Niilismo não é Oba-Oba!

Um dos grandes perigos da interpretação superficial do niilismo de Nietzsche é achar que o filósofo defendia uma espécie de anarquismo moral, em que você poderia fazer qualquer coisa que estaria certo. Não é assim.

Uma das mais importantes teorias de Nietzsche é a defesa daquilo que ele chama de “valores da vida” ou valores que “afirmam a vida”. Dessa teoria, vemos que o filósofo coloca como os verdadeiros valores morais tudo aquilo que ele considera como ações e atitudes que valorizam o viver.

Sendo assim, continua inaceitável para o filósofo atitudes como matar, roubar, estuprar…. Qualquer ação que minimize o viver de outra pessoa ou de si própria seria condenável.

Vale, como complemento a esse texto, a leitura do artigo: Super-homem de Nietzsche Descomplicado: O Übermensch na Ética Nietzschiana.

Conclusão

O niilismo de Nietzsche tem uma proposta libertadora para a moral do ser humano. Ele não quer criar uma sociedade “louca e desvairada”, ele quer criar uma sociedade acolhedora e compreensiva. Seu niilismo serve para nos aliviar do peso moral que muitas vezes nos é imposto e que, também muitas vezes, impomos aos outros desnecessariamente. 

E aí? Gostou desse artigo descomplicado sobre o Niilismo? Compartilha! Quer um artigo descomplicado sobre outra teoria filosófica de Nietzsche? Entra em contato comigo dizendo qual gostaria de ver aqui! Alguma parte ficou confusa ou gostaria de complementar a explicação? Comenta!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.