A Condição Humana através de Jogo: O Jogo da Vida

A Condição Humana através de Jogo: O Jogo da Vida

Olá, marujos! No artigo de hoje vamos trazer mais uma gamificação para a filosofia. Vamos falar da condição humana através de um jogo. O tema filosófico abordará especialmente no que toca a questão da cultura e da liberdade, características que nos diferencia dos demais animais. O jogo utilizado será uma versão em cartas do famoso Jogo da Vida. Vou explicar um pouco sobre o que se pode trabalhar dentro desse tema “condição humana”, vou falar sobre o jogo e como aplicá-lo em sala de aula. Vamos lá!

A Condição Humana

Que nós somos seres humanos, isso ninguém duvida. A questão é entender quem somos nós, o que nos diferencia dos demais seres existentes, e qual seria o nosso propósito na existência. Essas perguntas são respondidas pela Antropologia Filosófica. Eu já escrevi alguns artigos desse tema, trabalhando as teorias de Platão, Aristóteles e Filósofos Medievais.

Essa aula que proponho vai falar, de modo mais abrangente, sobre a condição humana, especialmente no que tange às ações humanas. Essa aula se propõe a responder de forma geral algumas perguntas instigantes.

Principais Perguntas

Quais são as diferenças fundamentais entre seres humanos e os outros animais?

O que é liberdade?

Será que o ser humano é livre?

Os demais animais tem liberdade?

Principais Respostas

O ser humano não é constituído somente por natureza ou por sua cultura, mas uma síntese entre esses dois elementos. Ele não nasce com características culturais e sociais tipicamente humanas, mas as adquire devido ao processo de socialização.

O ser humano possui a capacidade de adaptação que ultrapassa sua natureza biológica. Enquanto os demais animais agem puramente por instinto, vivendo em um mundo fechado e sem liberdade; o ser humano pode superar suas limitações naturais porque é capaz de adaptar a natureza às suas necessidades.

O ser humano é capaz de se projetar no futuro, planejar, agir de acordo com uma finalidade; sendo o único ser capaz de se autodeterminar (escolher agir de uma forma ou de outra).

Liberdade pode ser entendida como possibilidade de autodeterminação. Nesse sentido, apenas o ser humano é livre.

O Jogo da Vida

O jogo que utilizei se chama The Game of Life – Aventuras da Hasbro. É um jogo de cartas inspirado no clássico jogo de tabuleiro Jogo da Vida.

A Condição Humana através de Jogo: The Game of Life - Aventuras

Nessa versão de cartas, cada jogador pega cinco cartas sortidas de quatro pilhas distintas. Cada pilha tem uma cor e representa algo ligado à vida de uma pessoa: família, carreira, aventuras e riquezas.

A cada rodada, o jogador deve descer uma carta contando uma história sobre ela (por exemplo, jogar a carta “ganhei na loteria” dizendo “joguei na Mega da Virada e acertei os seis números”; ou jogar a carta “casamento na praia” e dizer “conheci a pessoa certa e resolvi casar na praia porque era um lindo cenário”). As cartas tem pontos e o objetivo é somar o máximo de pontos possíveis.

O jogo possui alguns desafios internos e externos. Os internos correspondem a cartas que possuem pré-requisitos. Por exemplo, a carta “dancei no carnaval do Rio” só pode ser jogada se antes você tiver jogado a carta “passaporte”. Já os desafios externos são cartas que o adversário pode jogar para te atrapalhar. Por exemplo, alguém pode jogar a carta “processo” e pegar uma carta de riqueza sua.

Misturadas às cartas comuns, estão oito cartas chamadas “+10” que correspondem a uma passagem de 10 anos na vida dos jogadores. Antes de iniciar, os jogadores estipulam quantos “+10” precisam sair para o jogo terminar. Normalmente, para uma partida de tempo razoável, são quatro. Mas pode ser reduzido se achar que  a partida está se estendendo muito. 

Saindo a quantidade de “+10” combinada, para-se imediatamente de jogar as cartas e somam-se os pontos. Quem tiver mais pontos, ganha.

A Condição Humana através de Jogo: Aplicação

Como é possível perceber, todo o jogo percorre a condição humana. Todas as decisões referentes a que carta jogar correspondem a nossa liberdade, ao nosso poder de decisão sobre nossas vidas. A nossa autodeterminação faz com que decidamos se queremos focar na família ou na carreira, ou equilibrar ambos, por exemplo.

Também aprendemos que para algumas coisas existem pré-requisitos e que um planejamento pode trazer bons resultados futuros. Por exemplo, para jogar a carta “cientista” é preciso se formar antes com a carta “diploma”. A carta “diploma” vale menos ponto que a carreira de “dublê”, mas permite jogar a carta “cientista” que vale muito mais pontos que a carta “dublê”.

O jogo também nos ensina a lidar com adversidades que a vida pode nos causar e criar estratégias para superá-las (como foi o exemplo do uso da carta “processo”).

Além desse trabalho de uso da liberdade, que é próprio do ser humano; também vemos os tipos de cartas que aparecem. As formas como criamos o conceito de família, escolhemos carreiras, investimos nosso dinheiro e decidimos passar nosso tempo livre são coisas culturais, fatores que estão muito além da simples sobrevivência instintiva de um animal.

Dessa forma, vemos que o jogo fala por si. Minha sugestão é usar a maior parte do tempo de aula para o jogo. O professor pode ver o que é melhor para o andamento da aula: dá os conceitos e teoria no começo e usa o jogo como experiência prática da teoria apresentada; ou joga primeiro e depois tece as relações do que foi jogado com a teoria filosófica.

A Condição Humana através de Jogo: Interdisciplinaridades

Essa aula pode ser dado junto com o professor de sociologia e de matemática.

Sociologia: trabalhar as questões sociológicas por trás das instituições sociais apresentadas. Debater sobre os conceitos de família e seus tipos, sobre trabalho e carreira, sobre consumismo são algumas das possibilidades trazidas pelas cartas do jogo que constituiriam a vida do jogador.

Matemática: a vitória no jogo depende de somatório de pontos. O professor pode aproveitar o valor das cartas para criar um desafio extra. Uma possibilidade é atribuir alguma variação do valor para cada cor de cartas (exemplo, as azuis devem ser divididas por dois; as rosas multiplicadas por cinco). Outra possibilidade é colocar uma fita no lugar do valor estampado na carta e substituir por uma equação matemática, obrigando o aluno a fazer uma conta antes de jogar para descobrir quanto vale aquela carta.

A Condição Humana através de Jogo: Conclusão

The Game of Life – Aventuras é um jogo simples, barato e divertido. Além dessas fatores próprios do jogo, ele ainda proporciona uma incrível reflexão sobre a condição humana, que se realiza durante nossa vida. Esse é um jogo acessível para a escola ou para o professor que pode ser usado em diversos momentos de aula, não só nesse tema que propus em específico. Ele serve como um jogo “coringa” para várias atividades.

E aí? Já jogou esse jogo? O que achou? Deixa aí nos comentários! Gostou dessa proposta de gamificação na filosofia? Compartilha para que mais pessoas tenham acesso a essas dicas. Quer pedir algum tema filosófico para ser gamificado? Entra em contato comigo!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.