Reflexão sobre Invasão Secreta: Xenofobia e Máscaras no Relacionamento

Reflexão sobre Invasão Secreta: Xenofobia e Máscaras no Relacionamento

Olá, marujos! Hoje, faremos uma reflexão sobre a minissérie Invasão Secreta. Nessa nova produção Marvel, vemos Nick Fury lidando com um grupo de Skrulls que tenta invadir secretamente o governo americano para provocar uma guerra mundial. Na reflexão, abordarei o problema da xenofobia e das máscaras no relacionamento – temas apresentados pela série. Teremos alguns spoilers na parte de reflexão. Vamos lá!

Sobre a Minissérie (SEM Spoilers)

Invasão Secreta é uma minissérie da Marvel/Disney de 2023, ambientada dentro do famoso MCU. Ela é do estilo ação, super-herói e espionagem e se passa nos “dias atuais” do MCU (que está em 2025), logo após os acontecimentos de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e Guardiões da Galáxia Vol. 3. Invasão Secreta está disponível na Disney+.

Há 30 anos atrás, durante os acontecimentos do filme Capitã Marvel, Nick Fury prometeu aos Skrulls (uma raça alienígena que muda de aparência) refugiados na Terra que encontraria um novo planeta para eles (porque os Skrulls perderam o seu para o Império Kree).

Porém, até os dias de hoje, a promessa não foi cumprida. Para piorar, parece que Nick Fury abandonou os Skrulls e sua promessa. Isso revolta um grupo de Skrulls, que resolve agir por conta própria e tomar a Terra para si.

O plano é relativamente simples: provocar uma nova guerra mundial, que mataria todos os seres humanos. Os Skrulls são resistentes à radiação e, se ocorrer como o esperado de EUA e Rússia usarem seu arsenal atômico, somente sobreviverão os alienígenas, que poderão herdar a Terra para si.

Para concretizar o plano, os Skrulls começam a se infiltrar no governo americano e russo, sequestrando pessoas estratégicas e assumindo seus rostos e funções, tudo para provocar a terceira guerra mundial.

Talos, o Skrull que antigamente liderava o grupo e que fez o acordo com Fury, pede ajuda para o seu antigo amigo. Talos não quer essa solução radical, mas não tem mais controle sobre o povo Skrull.

Agora, um Nick Fury já velho e cansado precisa reunir forças para lutar mais uma vez contra essa invasão secreta no governo americano, especialmente pelo fato de que ninguém é confiável (pois pode ser um Skrull disfarçado).

Será que Nick Fury conseguirá proteger a raça humana desse ataque interno alienígena? Descubra vendo Invasão Secreta na Disney+.

      

Reflexão sobre Invasão Secreta: O Ódio Injustificado ao Outro

Desde a 30 anos atrás, quando Talos e Fury fizeram o acordo, a comunidade Skrull começou a viver na Terra e entre os humanos.

Muitos deles, viviam em uma espécie de comunidade isolada, onde podiam estar na sua aparência original. Porém, muitos conviviam com humanos ou frequentavam o “ambiente humano” normalmente, sem causar nenhum problema, apenas disfarçando sua aparência (ou seja, mudando sua forma para a de um humano).

Com isso, percebemos o quão injustificado é o preconceito que as pessoas possuíam pelos Skrulls. Julgando-os pela aparência e pela sua origem, os excluíam do convívio social comum. Bastava um Skrull mostrar seu verdadeiro rosto para gerar uma confusão enorme. Porém, enquanto ele estava com um rosto humano, ninguém se incomodava.

Em outras palavras, os seres humanos não rejeitavam os Skrulls por não terem uma cultura compatível com a humana. Os rejeitavam só porque não eram humanos…

Essa situação da série exemplifica bem como funciona a xenofobia em nossa sociedade. Xenofobia é a aversão ao estrangeiro, à pessoa que não pertence ao seu país.

Similar ao que ocorre na série, muitos da nossa sociedade rejeitam o estrangeiro simplesmente porque ele é estrangeiro. Não é por nada que ele tenha feito ou por algum costume incompatível. É a aversão pela aversão.

Tanto é que, quando esse estrangeiro se passa por um local ou já está tão introduzido na cultura que se confunde com um local, ninguém o questiona e, se descobrem que ele é de fora ainda chegam a dizer “nossa, nem parece que você não é daqui!”.

Ou seja, a pessoa não é julgada pelo seu caráter ou pelas suas características, mas por sua aparência e origem. O preceito se manifesta porque são características externas e superficiais que causam a aversão, e não características internas e pessoais.

O que faz um Skrull não ser bem-vindo na Terra? Por tudo o que foi mostrado até agora, nada! Eles não fizeram mal aos seres humanos (tirando, obviamente, o grupo rebelde), não possuem nenhum hábito que deva ser condenado, nem nada do tipo.

Então porquê rejeitá-los? Só porque são Skrulls (e não são humanos…).

Da mesma forma ocorre com vários países do nosso globo. Gostamos que venham para nos visitar e gastar o seu dinheiro, mas não gostamos que venham morar e usar dos nossos recursos. Gostamos de visitar e também criticar àqueles que visitamos. Gostamos de exaltar a humanidade como se fosse uma coisa só, mas não nos tratamos como se fôssemos um só. Gostamos de apontar os erros dos outros, mas não reconhecemos os nossos.

Como disse Nick Fury, se nós não conseguimos conviver entre a gente, imagina aceitar conviver com alienígenas!

Reflexão sobre Invasão Secreta: Só Servem quando nos Interessam

Gravik, líder dos Skrulls rebeldes, foi “recrutado” ainda jovem por Nick Fury para executar alguns trabalhos de espionagem para a S.H.I.E.L.D. Já adulto e desgostoso da forma como foi tratado, fez questão de expor várias vezes a Fury como se sentia mal por ter sido usado como um peão pelos humanos e depois descartado.

No acordo entre Talos e Fury, os Skrulls ajudariam a S.H.I.E.L.D. em missões cuja camuflagem fosse importante. Durante esses 30 anos, muitos Skrulls trabalharam para a S.H.I.E.L.D. e morreram nessas missões. Porém, a contraparte do acordo – que era o novo lar – não foi cumprido.

A situação da série também se assemelha a um fato muito característico e triste nas sociedades xenofóbicas: a sujeição do estrangeiro à trabalhos inferiores.

Na grande maioria dos países xenofóbicos, encontraremos uma grande quantidade de estrangeiros que ocupam funções e cargos considerados menores ou inferiores. São motoristas de aplicativo/táxi, faxineiros/arrumadeiras, trabalhadores da construção civil/pedreiros, motoristas de caminhão, manicures etc.

Logicamente, não estou menosprezando esses empregos. Mas é evidente que em termos de condições de trabalho e direitos trabalhistas, esses são empregos que não são buscados em um primeiro momento, só sendo ocupados por quem não encontra “coisa melhor”.

Dessa forma, percebemos que o estrangeiro criticado e rejeitado é aceito na sociedade que o critica para fazer funções que não são buscadas por moradores originais daquele país.

É muito fácil dizer que os estrangeiros estão roubando os nossos empregos. Mas se perguntar para essa pessoa se ela quer trabalhar em um desses postos de trabalhos “inferiores”, a resposta é não.

Em outras palavras, pura hipocrisia dos xenofóbicos.

Reflexão sobre Invasão Secreta: Devemos Amar sem Máscaras

A série Invasão Secreta fez duas grandes revelações sobre a vida pessoal de Nick Fury: que ele era casado e que era casado com uma Skrull.

Pelo que entendi (e posso estar errado), Fury sabia já no começo da relação que sua amada era uma Skrull. Porém, essa Skrull sempre mantinha a aparência e as características da sua contraparte humana (que morreu por uma doença pouco depois de permitir que a Skrull “pegasse” sua identidade). Isso não só em ambientes públicos, mas também quando estavam só os dois em casa.

Durante a série, várias vezes Fury e Priscilla brigaram porque, aparentemente, não estava claro para Priscilla se realmente Fury a aceitava como uma Skrull. Priscilla se questionava se Fury havia se apaixonado, na verdade, pela humana cuja identidade foi utilizada pela Skrull.

No final da série, Fury deixa claro que ama Priscilla como ela é, seja do jeito humana ou Skrull.

Essa trama paralela da série me fez questionar a quantidade de casais existentes que vivem usando máscaras nas suas relações. Máscaras, nesse contexto, são todos os segredos ou características escondidas e/ou omitidas de um para o outro pelo medo de perder a pessoa amada.

Por mais que, em um começo de relacionamento, não faz sentido você despejar tudo sobre você, já entregando “de cara” seus defeitos e problemas, isso não pode ficar escondido ou omitido caso a relação comece a se tornar mais séria.

Precisamos nos relacionar de forma clara com as pessoas. Não podemos usar uma máscara, fingindo ser outra pessoa, quando estamos com que nos relacionamos. Da mesma forma, precisamos pedir que o outro também se revele totalmente a nós.

É muito desgastante uma relação em que você precisa fingir ou disfarçar coisas do outro por medo de magoá-lo ou perdê-lo. Se o relacionamento é saudável, o outro precisa aceitar quem você é, com suas qualidades e defeitos, soluções e problemas.

Ninguém é perfeito!

Para piorar, é muito provável que uma hora a máscara caia e, aí, a outra pessoa pode te rejeitar não por quem você é realmente, mas porque você escondeu isso dela durante muito tempo.

Um relacionamento sincero é aquele em que ninguém usa máscaras, em que todos se mostram como verdadeiramente são e são aceitos pela outra pessoa dessa forma.

Conclusão

A minissérie Invasão Secreta não conseguiu resgatar a era de ouro da franquia de heróis da Marvel, mas sua história é interessante e suas reflexões falam bastante de temas que envolvem o disfarçar para se proteger. Que possamos criar sociedades e relacionamentos cujas pessoas não precisam se disfarçar, mas possam ser quem verdadeiramente são, sem julgamentos ou preconceitos.

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Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.