Reflexão sobre Guardiões da Galáxia Vol. 3: Bioética, Empatia e Perfeição

Reflexão sobre Guardiões da Galáxia Vol. 3: Bioética, Empatia e Perfeição

Olá, marujos! Hoje, faremos uma reflexão sobre o filme Guardiões da Galáxia Vol 3. Nesse encerramento de trilogia, vemos os heróis do espaço enfrentando o vilão Alto Evolucionário para salvar a vida do guaxinim Rocket. Ao longo do filme, veremos debates sobre bioética, empatia e perfeição, os quais discutiremos aqui. Não teremos spoilers sobre a trama principal. Vamos lá!

Sobre o Filme (SEM Spoilers)

Guardiões da Galáxia Vol. 3 estreou em 2023. Ele é o terceiro e último filme da trilogia criada por James Gunn para o MCU. Em breve, estará disponível na plataforma Disney+.

Os guardiões da galáxia estavam cuidando de Luganenhum quando foram atacados por Adam Warlock, um ser superpoderoso da raça dos Soberanos.

Nesse ataque, Rocket fica gravemente ferido e, durante a tentativa de curá-lo, descobrem que ele possui um dispositivo de autodestruição que precisa ser desativado antes. Esse dispositivo foi colocado pelo criador do guaxinim geneticamente modificado e, por isso, os guardiões precisam descobrir quem o criou.

Logo, eles saberão que o responsável por tudo é o Alvo Evolucionário, um cientista determinado a criar uma raça perfeita, e irão atrás dos seus dados. Ao mesmo tempo, o Alvo Evolucionário também está atrás dos guardiões para sequestrar Rocket, pois o considera sua melhor criação.

Será que os guardiões conseguirão ao mesmo tempo salvar Rocket e protegê-lo do Alto Evolucionário? Descubra vendo Guardiões da Galáxia Vol. 3.

               

                              

Reflexão sobre Guardiões da Galáxia Vol 3: Cuidem dos Animaizinhos!

James Gunn criou personagens bem impactantes para ilustrar as loucuras científicas do Alto Evolucionário. Ao mesmo tempo que tínhamos simpatia com os amigos de cela de Rocket, também tínhamos pena das suas condições fisiológicas e estranhamento por suas aparências. Era impossível olha-los e não ficar triste pelo que fizeram com eles.

A discussão ética sobre uso de animais em testes científicos tem sido muito discutida nos últimos anos. Se antes, não se via problema nenhum no uso de animais para esses fins, hoje já existem grupos que são totalmente contra isso.

O grande cerne da discussão é o sofrimento sentido por esses animais de laboratório e a falta de escolha deles em se submeterem ao teste (ou seja, eles não escolheram voluntariamente isso).

Será que realmente os animais precisam sofre durante seus “serviços” como cobaias? Provavelmente, não. Porém, essa não era uma preocupação porque ninguém se importava com o sofrimento dos animais. Depois que as pessoas começaram a se importar, os protocolos de uso de animais começaram a ser revistos e tem-se diminuído o uso deles ou, ao menos, tem-se mudado a forma como esses animais são submetidos aos testes, evitando que sofram dor.

A falta de escolha voluntária dos animais é meio óbvia porque eles – até onde sabemos – não conseguem tomar esse tipo de decisão conscientemente. Entretanto, é importante citá-la porque testes podem ser feitos com seres humanos quando se verifica o mínimo de segurança deles e as pessoas se voluntariam conscientes dos riscos que podem sofrer.

Acredito que esse seja o maior problema a ser resolvido porque ficamos em uma situação complicada de se resolver: ou usamos os animais contra a vontade deles para testes iniciais, os quais oferecem mais riscos de vida; ou expomos seres humanos a esse risco de forma consciente.

Existe mais dignidade na vida humana que na vida animal? De modo geral, a maioria das pessoas dirá que sim. Mas isso permite o uso de animais para benefício humano? Aí a coisa começa a complicar…. Entramos em discussões tais como alimentação vegetariana, criação de animais, veganismo.

Observo que, quanto mais se passa o tempo, mais os seres humanos começam a tomar consciência de que algumas práticas sociais devem ser abandonadas porque desrespeitam a vida em si, a natureza como um todo. Estamos, aos poucos, retomando uma sinergia com a totalidade do universo e evitando causar-lhe problemas desnecessários.

Hoje, ainda não é possível tirar totalmente os animais do seu uso em laboratório, mas cada vez mais empresas tem substituído os testes em animais por outros meios. Acredito que, com o avanço científico, será possível ter testes em modelos virtuais ou modelos artificiais que conseguirão dar uma garantia de segurança tal como os testes em animais conseguem.

Quando esse dia chegar, não teremos mais casos como aqueles apresentados no filme.

Reflexão sobre Guardiões da Galáxia Vol 3: Só quem Vive, Sabe

Como já sabemos, Rocket foi cobaia de experiências científicas. Por causa disso, ele sabe o que é sofrer esse tipo de coisa.

Agora, o que talvez nem todos saibam ou tenham se ligado até esse filme é que Rocket era um guaxinim normal até sofrer as intervenções médicas do Alto Evolucionário. Ou seja, Rocket era um animalzinho comum como qualquer outro.

Por ter sido um bicho “qualquer” ele foi o único que se preocupou em libertar os animais normais das gaiolas e salvá-los. Os outros guardiões só se preocuparam em salvar os seres racionais que eles encontraram.

Isso quer dizer que os demais guardiões são ruins? Não, porque eles não se negaram a ajudar nesse resgate. Ao contrário, se arriscaram bastante em fazê-lo. O que destaco é que eles não pararam para pensar nesses bichinhos porque eles não tiveram a experiência de vida que Rocket teve.

Eu quero destacar isso porque, muitas vezes, ignoramos coisas que são importantes para outras pessoas. Ignoramos porque aquilo não era relevante para nós, mas era relevante para o outro.

Por exemplo, uma nota 8,0 pode ser algo comum e não comemorado por você; mas pode ser uma grande conquista para o seu colega que sempre ia mal na escola. Comprar ou ganhar uma roupa pode ser algo banal para você, mas algo mágico para quem nunca tem dinheiro sobrando para essas coisas. Andar na rua sozinho pode ser algo simples para um homem, mas costuma ser difícil para uma mulher.

A questão que quero destacar é: fiquem atentos às coisas que são importantes para os outros e as celebre e ajude na conquista, mesmo que para você aquilo não signifique ou simbolize nada. Se até então você ignorava a importância de algo para o outro, deixe de o fazer e comece a se importar também.

Só quem vive uma situação, sabe a importância daquilo para ela. Assim como o outro, você também deve ter coisas que valoriza muito e que os outros podem não dar o devido valor. Por isso, não repita o erro e seja mais empático.

Reflexão sobre Guardiões da Galáxia Vol 3: A Perfeição está na Imperfeição

A grande busca do Alto Evolucionário é a criação da raça perfeita. Sua ambição era tamanha que ele se colocou como o substituto de Deus como aquele que iria conseguir esse objetivo.

Lendo sobre a criação do personagem, parece que o diretor nunca teve a intenção de dar um contexto para as motivações do personagem. Dessa forma, não temos uma história triste para justificar porque ele agia daquele jeito. Ele simplesmente agia assim porque queria agir dessa forma. Ele cismou com esse propósito e fez de tudo para atingi-lo.

Essa escolha criativa pode nos servir de motivação para refletirmos o quanto é sem sentido queremos encontrar a perfeição das coisas. O filme quer nos mostrar simplesmente que essa é uma busca infundada e desnecessária.

Além disso, o filme nos leva a concluir que a perfeição das coisas está exatamente na sua imperfeição. Isso é muito interessante de se pensar.

O conceito filosófico de perfeição é o ápice, o acabamento, a completude de algo. Algo é perfeito quando atinge o máximo de suas propriedades.

A questão é: se tudo alcançasse a perfeição, tudo seria igual. Se falamos que a perfeição é o ápice, só existe uma coisa no topo e se todas as coisas fossem perfeitas, todas seriam idênticas.

Dessa forma, não haveria diversidade na realidade. Não haveria multiplicidade de ser se todos os seres fossem perfeitos. Tudo seria igual a si mesmo.

Imaginem que possamos escolher unanimemente um critério de beleza perfeita. Se todos atingissem ele, todos teriam a mesma aparência bela. Um critério de música perfeita faria com que todas as músicas tivessem o mesmo som e duração. E assim sucessivamente.

Com isso, percebemos que a perfeição deixaria o universo sem graça. E a graça da realidade é a sua diversidade.

Essa percepção é muito interessante quando é feita dentro da trilogia dos Guardiões da Galáxia porque eles são um grupo de heróis improvável, onde cada um começou sua vida pública como criminoso ou vilão. Eles são o clássico grupo de pessoas imperfeitas e impensáveis que, por um acaso do destino, se encontraram e se uniram.

É a imperfeição de cada um deles que os permitiu se juntarem ao grupo e, no grupo, conseguirem superar suas dificuldades ao mesmo tempo que contribuíram positivamente com algum diferencial.

Esse também é um reflexo da própria sociedade: cada um de nós é diferente do outro e, juntos, nos complementamos.

Nossas imperfeições tornam a convivência difícil? Com certeza! Existe solução? Só a paciência e compreensão. Precisamos acolher as imperfeições do outro porque também somos imperfeitos. É fácil dizer que é difícil conviver com o outro, mas sempre esquecemos que, para o outro, também é difícil conviver com a gente!

Que possamos parar de buscar a perfeição porque ela já existe: é a imperfeição! É a imperfeição que nos torna únicos.

Conclusão

A trilogia de Guardiões da Galáxia se conclui com ótimas reflexões que podemos ter na nossa convivência social e natural. O filme nos convida a ter respeito pelos animais, respeito pela história pessoal dos outros e respeito pelas características pessoais dos outros (que chamamos de imperfeição, mas simplesmente é quem o outro é).

E aí? Curtiu essa reflexão sobre Guardiões da Galáxia Vol 3? Compartilha! Tem algo a acrescentar a essa reflexão sobre Guardiões da Galáxia Vol 3? Comenta! Quer uma reflexão sobre os outros dois filmes dessa trilogia? Entra em contato!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.