Reflexão sobre Frozen 2: Pertencimento e Amadurecimento

Reflexão sobre Frozen 2: Pertencimento e Amadurecimento

Reflexão sobre Frozen 2: Pertencimento e Amadurecimento

Olá, marujos! Hoje faremos uma reflexão sobre Frozen 2 e falaremos sobre alguns temas levantados no filme, especialmente sobre o amadurecimento da princesa Anna e o desafio da rainha Elsa para encontrar seu lugar de pertencimento, o lugar em que ela realmente é livre. Lembrando que essa é a minha leitura do filme, o que não significa que é a verdadeira nem a única possível. O tema “amadurecimento” já foi trabalhado nas reflexões que fiz sobre FRIENDS e O Despertar da Primavera, mas uma reflexão filosófica sincera de um filme tem que respeitar aquilo que o filme fala, com a linguagem que ele usa. Por isso, mesmo tendo temas parecidos, o filme é outro, a história é outra, o público é outro, as imagens são outras e, consequentemente, a reflexão será outra. Essa reflexão terá bastante spoilers do filme, então fiquem avisados. Vamos lá!

Sobre o Filme

Frozen 2 continua a aventura do primeiro filme, Frozen – Uma Aventura Congelante. A história do primeiro filme é uma história de descoberta, porque vamos conhecendo os personagens e os próprios personagens vão se conhecendo (tanto uns aos outros, como a eles mesmos). Já o segundo filme é sobre amadurecimento dos personagens (a maioria deles irá demonstrar isso) e a busca pela origem dos poderes de Elsa (que também vai resolver sua angústia ao se sentir deslocada em Arendelle). Na história, Elsa, Anna, Olaf, Kristoff e Sven vão até uma floresta encantada, um local que pode revelar a origem dos poderes de Elsa. Mais que isso, eles também vão entender o passado de Arendelle e sua relação com a tribo de Northuldra.

Reflexão sobre Frozen 2: A Verdadeira Elsa

No primeiro filme, Elsa não demonstrou nenhum interesse romântico, fato que destoa do que normalmente acontecia nos filmes de princesa da Disney. Isso despertou a dúvida sobre a sexualidade da rainha de gelo. Os fãs LGBTQI+ queriam muito que Elsa fosse a primeira princesa homossexual, para manifestar a inclusão dessa camada da sociedade. Entretanto, a Disney resolveu dar um outro caminho para a personagem. Na conclusão dos filmes, descobre-se que Elsa é uma entidade, um elemental (no caso, o quinto elemento, que ordenaria os já conhecidos quatro elementos – fogo, terra, água e ar). A interpretação que tenho é que ela não possui uma sexualidade em si, sendo, dessa forma, do sexo neutro. Isso é muito comum em alguns seres místicos, como os anjos e a maioria dos pokémon lendários.

Dada a conclusão do filme, retorno para discutir o caminho percorrido pela protagonista. No primeiro terço do filme, Elsa demostra insatisfação com sua vida. Essa insatisfação não é apenas com suas obrigações de rainha, mas com tudo, inclusive com seus amigos (isso é demonstrado no jogo de mímica, onde ela estava enfadada). Enquanto crescia o sentimento de que algo estava errado com ela, ela começava a ouvir um canto, uma voz que a chamava.

Depois de um momento catártico (quando ela canta sozinha na noite, sobre seguir sua intuição), coisas estranhas acontecem em Arendelle e ela recebe a indicação necessária para deixar tudo e ir resolver isso. Se antes ela não ia porque considerava que era algo pessoal e não do interesse da cidade, agora o problema também se tornava público e ela não tinha mais motivos para esperar.

Seu destino é a floresta encantada, que estava fechada por uma neblina que impedia qualquer um de entrar, até chegar Elsa com seus poderes mágicos. Lá dentro, ela conhece a tribo Northuldra e descobrem que sua mãe era dessa tribo e que foi ela quem salvou o pai delas, no dia que os elementos da natureza se voltaram contra os humanos e isolaram a floresta. Elsa percebe então que ela é meio “Arendellense” e meio “Northuldrana”. Como a tribo Northuldra conseguia controlar as forças elementais, ela entende porque também tinha esse poder. Começa assim a entender quem ela é.

Depois, ela decide ir até um lugar chamado Ahtohallan, um lugar que poderia responder suas questões sobre a origem do seu poder. Nesse lugar, ela descobre que é na verdade o quinto espírito, que faria a ponte entre os humanos e a natureza. Tudo isso graças a atitude de sua mãe Iduna de salvar o seu pai Agnarr. Assim, ela percebe que seu lugar não é em Arendelle, mas sim com os Northuldra. Ela ficará com esse povo porque é onde ela se sente bem, em contato com as forças da natureza, com um povo que assim como ela também controla os elementos naturais e os respeitam. Ela seria como a rainha deles. Ela encontra o lugar a que pertence, o lugar em que ela pode ser ela mesma.

Reflexão sobre Frozen 2: O Amadurecimento de Anna

Começando novamente pelo final da história, Anna se tornará a rainha de Arendelle em substituição a sua irmã Elsa, que fica com o povo Northuldra. Como irmãs, filhas de um pai Arendellense e uma mãe Northuldrana, Anna e Elsa fazem a ponte das duas sociedades. Mas para ser rainha, Anna precisava muito amadurecer, porque, como vimos no primeiro filme, ela ainda era muito imatura, infantil às vezes.

Uma amiga disse que achou o filme “complexo para as crianças, profundo e de fundo triste”. Realmente esse filme tem uma “pegada” mais séria. Creio que ele foi feito para as crianças que viram Frozen 1 quando ele foi lançado, em 2013, e que hoje são adolescentes e jovens adultos. O atual Frozen não é um filme para crianças. Até mesmo o Olaf se tornou uma espécie de sábio, com várias reflexões profundas sobre a vida, o tempo e a permanência das coisas. Inclusive, em dois momentos ele dá uma “cutucada” na juventude atual, dizendo que eles não estão muito preocupados com coisas sérias. Logo, esse filme não veio apenas para divertir, ele veio trazer uma questão, uma reflexão.

Voltando para Anna, ela vai ter que lidar com questões sérias durante o filme. A primeira, é a perda. Ela vai sentir a dor de perder seu amigo de infância, o Olaf e, por associação, sua irmã (porque o poder de vida do Olaf está atrelado ao poder da Elsa). A morte de Olaf marca a passagem da adolescência para a vida adulta dela. A perda da irmã lhe traz a responsabilidade com o reino, quando ela assume que agora é responsável por salvar o seu povo, mesmo que custe a sua vida (um sacrifício que ela sabia que Elsa tinha feito).

Outra questão foi a decepção. Ela descobre que foi o seu avô quem causou todo o mal do povo Northuldrense. Ele criou a barragem para tirar as forças da tribo e fazê-los submissos a Arendelle. O avô não gostava da magia da natureza e atacou covardemente o líder da tribo. Vemos aqui uma chamada de atenção para o passado histórico de nossos familiares, um apelo para que tenhamos a coragem de olhar para trás e admitir que pessoas queridas para nós, nossa família, nossos antepassados também podem erra. Mas que esse erro não deve ser ignorado ou esquecido, mas sim reparado. Mesmo que possa macular uma memória, as pessoas merecem a verdade, mesmo que ela possa doer.

Por fim, temos a questão do casamento. Durante todo o filme, Kristoff tenta pedir Anna em casamento e todas as vezes que ele tenta, ela ou o ignora ou entende errado, achando que na verdade ele quer terminar com ela. No fim, como todo bom final feliz, o pedido é feito de forma adequada e ela aceita. Pode até ser a questão menos impactante, mas não significa que é a menos importante. Lembremos aqui o que o Olaf disse antes de morrer: “O amor é a única coisa que permanece”.

Reflexão sobre Frozen 2: Conclusão

Frozen 2 é um filme feito para o público original do primeiro, um público que agora é adolescente ou adulto. Nem as músicas são tão “chiclete” quanto as do primeiro filme. Isso não é necessariamente ruim. Uma continuação de um sucesso de bilheteria tem muita responsabilidade, especialmente quando o público que ele atende é um público que transita em faixa etária e está em constante mudança de pensamento e mentalidade. Frozen 2 é um filme mais para ser refletido do que ser engraçado. Como gosto desse tipo de filme, me agradou bastante. Talvez o tempo consiga fazê-lo amadurecer melhor, assim como Elsa e Anna amadureceram e mudaram bastante nesses seis anos.

E aí? Quais foram suas impressões do filme? Gostaria de fazer algum acréscimo nessa reflexão? Deixa nos comentários! Gostou desse artigo? Compartilha e ajuda a divulgar o blog! Quer sugerir algum filme da Disney para fazermos uma reflexão? Entra em contato comigo!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.