Reflexão sobre Era Uma Vez Em Hollywood: Se Pudéssemos Mudar o Passado...

Reflexão sobre Era Uma Vez Em Hollywood: Se Pudéssemos Mudar o Passado…

Reflexão sobre Era Uma Vez Em Hollywood: Se Pudéssemos Mudar o Passado…

Olá, marujos! Hoje vamos fazer uma reflexão sobre o filme Era Uma Vez Em Hollywood do aclamado diretor Quentin Tarantino. Esse é um filme bem interessante porque sua história não tem necessariamente um começo, meio e fim. É uma história que se passa no meio de um período de tempo, como se fosse um evento que ocorreu na vida de um grupo de pessoas. O mais instigante é que esse “trecho” retratado faz uma reflexão sobre a possibilidade de se mudar o passado e como lidar com as consequências das escolhas que foram feitas. Esse artigo vai ter muitos spoilers, inclusive do final do filme; então, decidam se querem ler o artigo antes de ver o filme. Vamos lá!

Sobre Era Uma Vez Em Hollywood

Era Uma Vez Em… Hollywood conta a história de Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) e seu amigo e também dublê Cliff Booth (Brad Pitt). Dalton era um astro de Hollywood nos anos 50, quando a febre eram os filmes e séries do Velho-Oeste. Contudo, com os anos 60, a indústria americana de filmes foi mudando o foco e Dalton caiu em decadência, deixando de ser um astro para ser coadjuvante ou fazer pontas em outras produções.

Enquanto isso, Cliff Booth leva uma vida miserável. Sua amizade com Dalton lhe rende um pagamento mensal por serviços de assistência e motorista, mas nada que possa lhe dar uma vida além de um trailer velho. Existe um boato de que ele matou a própria esposa, e isso faz com que as pessoas não queiram lhe dar papeis de dublê em outras produções.

Paralelo a esses acontecimentos, acompanhamos um pouco da vida de Sharon Tate (Margot Robbie). Tate tinha acabado de se mudar com seu marido Roman Polanski (Rafał Zawierucha) para a casa ao lado da de Dalton. Tate também era atriz e tinha acabado de estrelar um filme, começando a ser reconhecida no mercado cinematográfico americano.

Reflexão sobre Era Uma Vez Em Hollywood: Porque Eu Não Administrei Melhor a Minha Carreira?

Dalton sofre uma das piores coisas que pode acontecer com um ator, que é se tornar um ícone do passado. Ele não conseguiu acompanhar as mudanças que ocorreram na sua profissão e ficou estagnado. Agora, ele só faz participações especiais.

Isso é algo que vemos muito em filmes e séries americanas. Se por um lado, gostamos de rever em atuação atores que foram importantes para a nossa infância ou juventude; é provável que esses mesmos atores sintam um certo constrangimento em reprisarem papeis antigos ou fazerem pontas só para despertar a nostalgia dos expectadores. Você não é valorizado pelo que é agora, mas apenas pelo o que já foi um dia.

Fazemos assim uma reflexão sobre nós mesmos e como estamos dando andamento em nossas carreiras. A vida de ator/atriz sempre foi uma profissão de fases, que realmente é difícil de se estabilizar, porque você pode ir de astro a esquecido muito rápido. Só que, cada dia mais, as demais profissões também estão passando por esse tipo de processo. O aumento do uso de tecnologias somado ao grande número de informações e profissionais disponíveis faz com que quase nenhuma profissão se perpetue sem a necessidade de atualização constante.

Como professor, sempre busco aprender um pouco mais e fazer coisas diferentes para atingir meu objetivo, que é ensinar os alunos. Por outro lado, vejo muitos colegas que ainda usam dos mesmos métodos que eu recebi quando era aluno do ensino básico! Esse profissional parou no tempo! E isso acontece muito com outras profissões também. Mas se o serviço público dá uma certa estabilidade, o serviço privado não dá. E mesmo assim o serviço público brasileiro está passando por reformulações para tirar essa estabilidade que deixava muitos profissionais acomodados.

Dalton estava tão desacreditado da sua carreira que já tinha começado a falhar em decorar falas, ficar sóbrio e atuar de forma decente e convincente. Precisou levar um sermão de uma jovem atriz de oito anos para acordar para a vida e perceber a besteira que estava fazendo com o resto de carreira que ainda tinha. Ele não era mais o galã e não podia se dar ao luxo de agir como uma pessoa insubstituível. Isso o motivou a fazer uma atuação impecável como um vilão. E essa atuação lhe deu a chance de recomeçar como ator principal em filmes italianos (os chamados Velho-Oeste Espaguete).

Se Dalton tivesse administrado melhor sua carreira no passado, provavelmente não teria sido esquecido e se manteria atuante em novas produções como protagonista. Se ele tivesse administrado melhor seu dinheiro, ele não precisaria se submeter a qualquer papel só para pagar as contas; ele poderia escolher melhor e investir em outras funções do cinema, como produtor ou diretor. Como ele não fez isso, teve que lidar com as consequências. Pelo menos ele acordou a tempo e conseguiu dar uma nova guinada no seu trabalho.

Da mesma forma, nós devemos nos preocupar agora com nosso trabalho, sempre nos atualizando e percebendo as tendências, para que sempre estejamos entre os melhores. Isso não é arrogância, mas comprometimento. E, caso já tenha “feito besteira” com sua carreira, veja esse artigo como uma forma de acordar e dar uma revalorizada na sua profissão e no profissional que você é! Acredite no seu potencial, pegue as coisas que fizeram de você bom no passado e busque se atualizar para encarar os desafios modernos. Pode ser difícil no começo, mas lembre-se que a recompensa é boa.

Reflexão sobre Era Uma Vez Em Hollywood: Porque Eu Passei por essa Situação?

No filme, um grupo de hippies ia atacar a casa de Sharon Tate, mas depois de discutirem com Rick Dalton, resolveram mudar de alvo. Decidiram atacar a casa de Dalton. Houve uma briga violenta, em que Cliff Booth foi fundamental. Vale destacar que naquela noite, Cliff tinha sido demitido por Dalton, mas a amizade falou mais alto e ele arriscou sua vida lutando contra os invasores.

No final, a gangue de Charles Mason (Damon Herriman) perdeu a briga. Todos os mocinhos ficam salvos. Entretanto, para quem conhece os fatos reais, não foi bem assim… Realmente houve um ataque à casa de Sharon Tate pela família Mason (nome dado ao grupo liderado por Mason) e todos na casa dela morreram, incluindo o bebê que ela estava gestando. Essa história foi muito impactante na época e ainda hoje é algo muito sério e comentado nos EUA.

O filme, que tem no seu título “Era uma Vez”, ao estilo dos contos de fada, mostra uma realidade alternativa em que ela vive e tem um final feliz. Inclusive, pelo que ouvi (mas não tenho certeza), Sharon não teve chance de ver o sucesso da sua atuação no filme que ela tinha feito e recém estreado. Mas Quentin Tarantino deu essa chance a ela, quando ela visita um cinema e as pessoas se divertem durante as cenas que ela está, sem saberem que ela era a atriz do filme.

Para quem não sabe da história, o final não é muito impactante. Mas para quem conhece, o filme inteiro cria uma angústia porque o espectador fica esperando o final trágico, mas acaba surpreendido pela reviravolta do roteiro. O filme deu uma chance para Sharon ser feliz…

Entretanto, com nossas vidas não é assim. Não dá para voltarmos no tempo ou criarmos uma realidade alternativa em que um fato ruim que aconteceu conosco não tenha acontecido. Aqui, me refiro especialmente a situações externas, coisas que não podemos controlar (como um acidente, uma doença, ou mesmo um assassinato). Isso nos causa muita angústia e até mesmo uma crítica à nossa existência.

Na filosofia, existem duas vertentes de pensamento. Os deterministas acreditam que tudo já está determinado e traçado em nossas vidas, seja por uma forma divina ou da própria natureza; logo, não tem o que se fazer a não ser aceitar (um bom exemplo dessa filosofia é o Estoicismo). Do outro lado, existem as correntes de pensamento que dizem que nada está definido e somos donos do nosso próprio destino (um exemplo, é o Existencialismo).

Em ambos os casos, contudo, não se pode alterar o que aconteceu. Santo Agostinho vai dizer que o passado não existe, é apenas uma lembrança. Só existe, assim, o presente. No mesmo raciocínio, o futuro é apenas uma expectativa. Pensando dessa maneira, não adianta ficar lamentando o que ocorreu em nossas vidas, por mais trágico que possa ter sido. O melhor que se pode fazer é aproveitar o agora, aquilo que temos, em especial a nossa vida. E, porque somos seres racionais, fazer um mínimo de planejamento para vivermos bem o presente que virá nos dias que se seguirem nossas vidas.

Ver a felicidade e a salvação de Sharon Tate deve ser uma forma de valorizarmos a chance que temos de viver e ainda podermos melhorar quem nós somos e quem está próximo de nós.

Reflexão sobre Era Uma Vez Em Hollywood: Conclusão

No final dessa reflexão sobre Era Uma Vez Em Hollywood, percebemos que o presente é o maior dom que a vida pode nos dar. É a realização do agora, do acontecimento. Nossa existência está no instante, nesse exato momento, com diversas possibilidades abertas para nós, ao mesmo tempo em que esconde diversas armadilhas e tesouros para as decisões que tomarmos ou que alguém pode vir a tomar por nós (mesmo sem saber). No final, Era Uma Vez Em… Hollywood é uma celebração da vida. Uma forma de dizer para cada um de nós que precisamos aproveitar ao máximo o fato de estarmos vivos. Se não por nós mesmos, pelo menos por aqueles que não tiveram escolha.

E aí? Acredita que o filme ainda tem mais coisas para nos dizer? Deixa aí nos comentários. Gostou dessa reflexão sobre Era Uma Vez Em Hollywood? Compartilha com seus conhecidos. Quer sugerir outros filmes para reflexão ou tratar de outros assuntos sobre o blog? Entra em contato comigo.

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.