Reflexão sobre Besouro Azul: A Fibra Latina!

Olá, marujos! Hoje, farei uma reflexão sobre o filme Besouro Azul. Jaime é um descendente mexicano que, sem querer, acaba tendo contato com uma tecnologia alienígena que o transforma em um combatente conhecido no passado como besouro azul. Porém, sua vida não será fácil porque a líder de uma corporação bélica quer essa tecnologia a qualquer custo. Na reflexão, trarei vários elementos presentes no filme que mostram as dificuldades dos latino-americanos de classe média e baixa. Teremos alguns spoilers na reflexão. Vamos lá!

Sobre o Filme

Besouro Azul é um filme de super-herói da DC. Ele estreou em 2023 e está disponível na MAX (antiga HBO Max).

O filme teve boas críticas, mas baixa bilheteria. Provavelmente, as pessoas não deram muito valor ao filme porque já foi anunciado um reboot do Universo DC. Apesar disso, James Gunn já declarou que Besouro Azul pode vir a ser incluído nesse novo universo.

A história mostra o jovem Jaime Reyes (Xolo Maridueña) retornando para sua cidade Palmera City após se formar na universidade. Logo descobre que sua família está passando por necessidade e ele só consegue uma vaga de serviços gerais na mansão de Victoria Kord (Susan Sarandon), presidente das Indústrias Kord (uma empresa milionária da cidade que, dentre outras coisas, produz armas).

Jaime perde o emprego no seu primeiro dia após intervir em uma briga entre Victoria e sua sobrinha Jenny (Bruna Marquezine). Jenny simpatiza com Jaime e lhe oferece um emprego no escritório da firma.

No dia seguinte, Jaime vai ao escritório, mas é dispensado por Jenny que lhe entrega uma caixa misteriosa e lhe manda protegê-la sem olhá-la.

Jaime desobedece a ordem por insistência de sua família e o artefato que lá estava pula nele, criando sobre sua pele uma armadura alienígena-cibernética que tem vontade própria.

Agora, Victoria Kord vai atrás de Jaime e sua família para recuperar o artefato roubado. Ao mesmo tempo, Jaime quer protegê-lo porque Jenny lhe explica que sua tia quer usá-lo para criar uma arma poderosíssima.

Será que Jaime conseguirá controlar o traje? Será que Victoria conseguirá recuperar o artefato para fazer sua arma? Descubra, vendo Besouro Azul na MAX.

Reflexão sobre Besouro Azul: HQPosterEstátua

Reflexão sobre Besouro Azul: O Sonho (Frustrado) da Formação Superior

Uma das coisas que sempre ouvi foi “estude porque ninguém pode tirar o conhecimento de você”. Essa frase deve ser muito comum em várias famílias e o filme Besouro Azul dá a entender que é algo muito peculiar de todos os latinos ou, ao menos, dos latinos pobres.

Jaime conseguiu se forma depois de anos de esforço seu e da sua família. Mas para que? O filme indica que sua formação não lhe deu nenhuma oportunidade de emprego, lhe sobrando trabalhar como faxineiro (uma profissão digna, mas aquém das suas capacidades).

Porque o filme quis mostrar o personagem por essa perspectiva? Qual provocação ele gostaria de fazer? Eu pensei algumas coisas:

a) As pessoas não valorizam a formação superior que temos (dando emprego para pessoas menos habilitadas);

b) A formação superior é, atualmente, superestimada (porque não consegue proporcionar um emprego desse nível ao concluinte);

c) A formação superior não é o suficiente para superar o preconceito (nesse caso, racial).

Entendam que eu não estou depreciando o ensino superior, mas questionando o seu atual impacto na sociedade. Hoje, vemos muitas pessoas formadas trabalhando em áreas totalmente diferentes de suas formações. Muitas pessoas formadas que estão desempregadas por insistirem em querer um emprego na sua área.

Acredito que deve estar acontecendo um inchamento do mercado em algumas áreas porque a quantidade de pessoas formadas por ano não corresponde ao número de vagas que abre.

Devemos, talvez, otimizar os cursos? Focar os recursos em áreas de fato carentes de profissionais? Nesse caso, precisamos de uma reestruturação do nível superior brasileiro.

Será que é um descumprimento de lei, em que alguém sem formação está ocupando o espaço de alguém formado? Nesse caso, precisamos melhorar a fiscalização nos empregos.

O ensino superior brasileiro sempre foi algo elitista até algumas décadas atrás. Hoje, devido a várias mudanças sociais, ele está mais acessível para a classe média e baixa. Porém, vemos que muitas pessoas que perseguiram esse sonho acabam se frustrando quando o alcançam porque ele não leva a lugar nenhum.

No passado, a formação superior era muito importante porque as melhores vagas só eram para esses cargos. Isso não mudou tanto, mas agora, talvez, essas vagas já foram ocupadas e não abrem mais com tanta frequência, dificultando o acesso de quem está chegando agora.

Acredito que um investimento em formação técnica dê um retorno profissional mais rápido, permitindo que, posteriormente, possa-se fazer uma graduação e buscar uma área mais competitiva.

Outra questão que muitas vezes não se discute é fazer a faculdade pela faculdade, sem se importar tanto com o tipo de emprego dela. Como já foi falado, apenas ter o diploma não resolve tudo. Logo, você precisa ser bom (ou o melhor) na sua área para conseguir um emprego. Não basta apenas ter o certificado se você não aprendeu como desempenhar bem sua função superior. Por isso, é importante que você curse algo que realmente goste, para poder ser um bom profissional.

Por fim, não adianta nada melhorar o acesso à educação superior se não combatemos o preconceito na sociedade. No filme, é mostrado o preconceito do americano europeu ao americano latino. No Brasil, vemos muito o preconceito com o negro. Muitas vezes, o negro com diploma não consegue um cargo porque existe preconceito racial. Por isso, precisamos combater o racismo estrutural urgentemente.

Reflexão sobre Besouro Azul: Esforço Sobre-humano

É mostrado várias vezes o quanto os latinos precisam trabalhar muito para ter aquilo que precisam e, o filme faz parecer, proporcionalmente muito mais que os americanos brancos.

No diálogo entre o tio Rudy e Jaime, o tio diz que seu irmão trabalhava 16 horas por dia para conseguir juntar dinheiro e trazer a família para os EUA.

Eu já li e ouvi relatos de imigrantes latinos nos EUA e realmente é preciso trabalhar essa quantidade de horas para se começar uma vida lá por causa das várias limitações que se tem por ser um imigrante.

Normalmente, os trabalhos são de baixo salário, pesados e até perigosos: tudo aquilo que um americano branco se recusaria a fazer.

Os latinos são conhecidos por trabalharem duro para conseguir as coisas. Mesmo não gostando, não negam trabalho e aceitam “fazer qualquer coisa”, contanto que seja honesta.

Isso é uma característica muito boa nossa, mas infelizmente explorada. Vários patrões se aproveitam dessa mão-de-obra necessitada para pagar salários pequenos e exigir muito.

Infelizmente, a quantidade de pobres é muito maior que a de ricos e sempre terá alguém disposto a fazer qualquer coisa em um emprego ou bico. 

Não estou criticando os trabalhadores que aceitam essas condições porque sei que precisam desses empregos. Critico os patrões, que abusam da necessidade dos pobres para explorá-los. Critico o governo, que faz vista grossa para essa exploração e não exige melhores condições para esses trabalhadores, sendo eles legais ou ilegais.

Uma coisa que sempre repito é: seu patrão não é sua família. O dia que você não servir mais para ele, será demitido. Por isso, seja um bom trabalhador, mas não se feche a novas oportunidades. Não se prenda a uma empresa porque ela não se prende a você.

Reflexão sobre Besouro Azul: A Falta de Identidade

Ao longo do filme, vimos várias vezes Victoria Kord errando a pronúncia do nome “Jaime” e chamando o cientista Dr. Jose Francisco Morales Rivera de la Cruz apenas de “Sanchez”.

Essas duas situações mostram o quanto Victoria desprezava a população latina. Ela não se dava ao trabalho de aprender a pronúncia certa dos nomes latinos e chamava seu funcionário por um nome genérico.

Essa é uma situação pela qual muitos imigrantes passam. Repare que Victoria despreza tanto o pobre Jaime quanto o bem-sucedido Dr. Jose. Ou seja, não é uma questão de posição econômica, é uma questão de raça.

Curiosamente, vemos no final do filme que seu braço direito Ignacio Carapax também era um latino, mas aparentemente ela não percebeu isso ou simplesmente abstraiu. Tanto é que ela se surpreende quando ele traz essa informação.

Muitas culturas cresceram e se desenvolveram através da exploração de imigrantes. Os EUA é um exemplo disso. A Europa ocidental é um exemplo disso. O Brasil é um exemplo disso. Porém, depois que o estrangeiro já “cumpriu” o seu papel, ele se torna um problema. É isso que vemos com as posições anti-imigracionistas que vêm criando sérios problemas em vários países, inclusive pelo próprio governo, com leis que tentam parar a imigração e até expulsar os que lá estão ou seus descendentes.

É por isso que, apesar de tudo, devemos valorizar nossa terra natal. Falo pelo Brasil, mas deve servir para outros também: aqui tem muito problema, mas aqui é sua casa. Pense nos outros países mais como oportunidades de turismo ou empregos temporários. Viver em um outro país pode ser maravilhoso, mas só se você já estiver muito bem estabelecido a ponto de ser respeitado como igual nessa outra sociedade. De outra forma, você será só alguém temporário ou um “ladrão de emprego”.

Conclusão

O herói Besouro Azul surge nesse filme para ser o protetor dos latinos fracos e oprimidos. A própria película fez questão de fazer uma referência ao Chapolin Colorado para trazer essa associação. Essa reflexão veio mostrar que realmente estamos precisando de um protetor porque a nossa situação não está fácil. Sendo o Besouro Azul uma ficção, como resolver? Votando em bons políticos ou entrando na política! Seja você o protetor do seu povo!

E aí? Curtiu essa reflexão sobre Besouro Azul? Compartilha! Tem algo a acrescentar a essa reflexão sobre Besouro Azul? Comenta! Quer uma reflexão sobre outro filme da DC? Entra em contato!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.