Reflexão sobre Aladdin (1992): Diamante Bruto e Amizade Desigual

Reflexão sobre Aladdin (1992): Diamante Bruto e Amizade Desigual

Olá, marujos! Hoje, farei uma reflexão sobre a animação clássica Aladdin (1992). Nesse filme, o ladrão de rua Aladdin recebe a ajuda do Gênio da lâmpada para impressionar e conquistar a princesa Jasmine e lutar contra o vilão Jafar. Na reflexão, abordarei o conceito de diamante bruto atribuído ao personagem principal e a amizade complicada entre Aladdin e Gênio. Atenção, pois teremos spoilers. Vamos lá!

Sobre Aladdin (COM Spoilers)

Aladdin é um filme de animação da Disney lançado em 1992. Ele se baseia no conto Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, presente no livro As Mil e uma Noites.

Aladdin é um ladrão de rua que possui bom coração. Certo dia, ele encontra uma jovem plebeia perdida na cidade que se revela, logo em seguida, ser a princesa Jasmine.

Aladdin acaba preso por seus delitos, mas recebe a chance de fugir da prisão e ficar rico se seguisse as instruções de um ancião. As instruções eram entrar em uma caverna mágica e pegar uma lâmpada velha.

Aladdin cumpre o combinado, mas seu macaco de estimação Abu provoca um desmoronamento ao pegar uma joia proibida e os dois acabam presos.

Aladdin esfrega a tal lâmpada e descobre que dentro dela mora um gênio, que diz poder conceder três desejos para Aladdin.

As leis de Agrabah dizem que a princesa só pode se casar com um príncipe. Por isso, Aladdin gasta seu primeiro desejo para se transformar no príncipe Ali. Ele chega com toda pompa e agrada o sultão, mas Jasmine o rejeita de imediato.

Mais tarde, Aladdin consegue convencer Jasmine a lhe dar uma chance sendo mais humilde. Os dois se envolvem amorosamente, mas Aladdin continua mentindo para ela, dizendo que é um príncipe que também gosta de se disfarçar de plebeu.

Jafar captura Aladdin e tenta matá-lo, mas este escapa da morte gastando o segundo desejo da lâmpada.

Aladdin conta sobre o atentado para o sultão, mas mantém a farsa de que é um príncipe. Para piorar, ele trai a promessa que fez ao Gênio: em vez de usar o terceiro desejo para libertá-lo da lâmpada, ele diz que precisa manter o gênio com ele para usá-lo em uma necessidade.

Iago, o papagaio de estimação de Jafar, rouba a lâmpada de Aladdin e a dá para Jafar, que se torna o novo dono. Jafar usa dois desejos para se tornar sultão e o feiticeiro mais poderoso.

Jafar tinha todos sob seu controle, mas Aladdin o convence que Jafar só se tornaria o mais poderoso de todos se também virasse um gênio. Jafar faz disso o terceiro desejo sem saber que os gênios são presos às lâmpadas e a seus amos.

Tudo voltando ao normal, Aladdin decide cumprir sua promessa e usar o seu terceiro desejo para libertar o Gênio. Além disso, ele também fala a verdade para Jasmine e o Sultão: que ele é apenas um humilde morador de Agrabah.

O Sultão, vendo que Aladdin era no fundo uma boa pessoa, decide mudar as leis do país e autorizar Jasmine a casar-se com quem ela quisesse.

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Reflexão sobre Aladdin (1992): Todos Precisamos ser Lapidados

O personagem principal da animação Aladdin é o próprio Aladdin. E a palavra-chave que identifica a essência do personagem durante o filme é “diamante bruto”.

Como todos sabem, a pedra preciosa diamante é muito bonita e valiosa. Porém, ela só ganha o seu valor e a sua beleza quando é lapidada. Antes disso, enquanto está em estado bruto, ela é sem graça e, provavelmente, passaria despercebida por muitas pessoas, que não lhe dariam valor.

Aladdin representa uma pessoa preciosa que ainda está em estado bruto e precisa ser lapidada.

No começo do filme, vemos que ele é um ladrão – algo que todas as sociedades consideram errado – mas ele alega roubar para comer e, no final do seu roubo, ainda dá a comida roubada para duas crianças famintas. Podemos refletir que seus atos são errados, mas ele não o faz com maldade, mas por necessidade. Claro que podemos questionar o motivo dele não procurar um trabalho honesto, mas é por isso que ele é um diamante bruto: ele ainda não está “perfeito”.

Outra atitude errada dele foi manter a mentira de que era um príncipe que se disfarçara de plebeu. Começar um relacionamento com mentiras sempre é errado, mas é compreensivo seu medo de ser rejeitado se falasse a verdade. Ele sempre foi maltratado pelas pessoas por ser um “zé ninguém” e ele conhecia Jasmine a pouco tempo para ter certeza que ela não mudaria com ele.

Mesma coisa podemos refletir quando ele manteve a mentira para o sultão. Naquela ocasião, provavelmente Jasmine já aceitaria Aladdin como um plebeu, mas ele ficou com medo de o sultão o rejeitar. Devemos lembrar que o sultão gostou muito do príncipe Ali e não saberíamos se ele aceitaria o fato de ter sido enganado e, pior ainda, não sabemos se ele teria àquela altura coragem de mudar a lei a autorizar o casamento da princesa com um plebeu.

Felizmente, no final Aladdin admitiu tudo e aceitou o risco de perder Jasmine ao confessar que era um plebeu se passando por príncipe.

A pior atitude de Aladdin provavelmente foi ter desistido, inicialmente, de cumprir sua promessa ao Gênio. O que mais doeu no Gênio (e em nós) foi ele ter prometido e voltado atrás. Porém, se pararmos para pensar, só o fato do Aladdin ter cogitado usar seu último desejo para libertar o Gênio já demonstra a sua boa índole. Ninguém nunca tinha oferecido isso antes.

Como vimos, mesmo tendo desistido por um “bom motivo” no começo, Aladdin se arrependeu e cumpriu sua palavra no final.

Aladdin é o arquétipo de várias pessoas que são boas de coração, mas têm algumas atitudes ruins ou erradas durante a sua vida. Essas atitudes não refletem quem eles são essencialmente, e sim são atos acidentais que ocorrem por uma série de fatores.

Como exemplo reais, posso pensar em vários alunos que tive e colegas de escola quando estudei que eram uma peste, viviam dando problema e causando estresse para a direção. Provavelmente eram assim porque não tinham foco, maturidade ou limites. Mas depois de passarem por essa fase de transição chamada adolescência, tomaram um rumo e se tornaram “boas pessoas”.

Mas esses são apenas exemplos mais gritantes porque todos nós, em algum aspecto ou de alguma forma, se temos bom coração, somos diamantes brutos. Dificilmente alguém aqui sempre foi perfeito e nem deve ser atualmente.

Todos costumamos ter altos e baixos e acabamos nos envolvendo em situações que, se alguém que não nos conhece vê pode dizer que “não valemos nada” ou quem nos conhece pode dizer que estamos “irreconhecíveis”. Casos assim não mostram nossa essência, sendo apenas acidentais. A nossa essência continua boa e logo voltamos a ser a boa pessoa de sempre.

Acredito que todos aqui sintam que, em algum momento da vida, fomos lapidados por diversos aspectos: um familiar, um amigo, um professor, um companheiro, uma tragédia, uma doença… A vida costuma a nos lapidar constantemente e, por mais que doa esse processo, ele nos torna mais bonitos e mais preciosos, destacando o que temos de melhor e jogando fora o que não servia.

A pedra bruta contém dentro de si a pedra bonita. A lapidação não cria nada novo, ela apenas expõe o interior bonito daquilo que tinha o exterior feio ou sem graça.

Todos passamos por lapidações e provavelmente sempre passaremos por novas até morrermos porque o mundo muda, e precisamos também mudar para melhor.

Fica o convite para não abandonarmos os “diamantes brutos” que passam por nossas vidas. Em vez disso, sejamos lapidadores dessas pessoas, tratando-as com compaixão e paciência.

Lembre-se que você já precisou em algum momento ser lapidado e, por isso, precisa acolher aqueles que ainda estão em processo de lapidação.

Reflexão sobre Aladdin (1992): Nunca Tenha um Amigo Assim

Outro ponto interessante do filme é a relação de amizade entre Aladdin e o Gênio.

Logo no primeiro contato entre os dois, o Gênio canta a música “Nunca teve um amigo assim”:

 

Amizade é Igualdade

Nessa música, o Gênio mostra do que é capaz e, ao mesmo em que chama Aladdin de senhor, também se chama de amigo dele.

Essa relação se mostrou muito boa no começo, depois deve um atrito e, no final, se reestabeleceu.

Como já dito anteriormente, Aladdin prometeu usar seu terceiro desejo para libertar o Gênio, mas na hora em que aparentemente tudo se ajeitara para ele, voltou atrás e manteve o gênio na lâmpada para usar o desejo quando precisasse.

Essa atitude mostra o quanto desigual era a relação de ambos. Por mais que eles pudessem ser colegas, não era possível existir uma amizade verdadeira entre ambos porque um estava sob obediência ao outro.

Aristóteles já dizia que só pode existir uma amizade verdadeira entre duas pessoas iguais. E o filme mostra como facilmente uma amizade se desfaz ou é traída quando alguém possui autoridade sobre outra pessoa.

É por isso que geralmente acaba dando algum problema na amizade entre um patrão e um funcionário ou um superior e um subordinado. Porque a amizade acaba estremecendo quando aquele que possui mais poder precisa usar desse poder para com o outro.

Não vou dizer que amizade entre desiguais é impossível, mas com certeza é mais difícil e passará por mais testes de resistência por causa da diferença de autoridade.

Amizade é Liberdade

É simbólico também o fato de Aladdin libertar seu amigo no final do filme. Podemos considerar esse gesto como a certeza que um dos lados da amizade confia no outro e sabe que não precisa que os dois estejam a todo momento “grudados”.

Assim que o Gênio é libertado, ele sai de férias e vai embora. Mas quem viu as continuações sabe que ele volta! 

A amizade verdadeira precisa de liberdade. Precisamos deixar nossos amigos livres para serem amigos de outras pessoas e terem uma vida privada e com outras pessoas que não nos envolva.

Uma amizade possessiva nunca é saudável para nenhum dos lados e em algum momento irá se desfazer ou adoecerá alguém. 

Deixe seus amigos livres para serem quem são e fazerem o que quiserem porque liberdade está na essência da amizade!

Reflexão sobre Aladdin (1992): Conclusão

Ao final dessa reflexão sobre Aladdin (1992), espero que você possa ter se identificado com algum dos temas que trouxe aqui. Se isso não acontece você, talvez você conheça alguém que passa por alguma dessas situações. O mais importante é saber que tudo isso tem “solução”, no sentido de que dá para alcançarmos os melhores resultados se soubermos administrar a situação. E nem precisamos de uma lâmpada mágica para resolver essas questões!

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Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.