Ética de Platão através de um Jogo

Ética de Platão através de um Jogo

Olá, marujos! No artigo de hoje, veremos como trabalhar o conceito de Ética de Platão através de um jogo. Vamos dar uma revisada no conceito de antropologia filosófica (que é a base para a sua ética), apresentar o mito (ou alegoria) do cocheiro (que é uma história de Platão para ilustrar sua ética), dizer qual é a sua teoria de forma resumida e mostrar como podemos ensiná-lo de uma forma lúdica. Vamos lá!

Antropologia Filosófica de Platão

Para Platão, o ser humano é formado de corpo e alma. O corpo é a parte material, terrena, mortal e imperfeita. Para ele, o corpo é o que leva o ser humano a agir desordenadamente, cometendo erros. Já a alma é a parte imaterial, espiritual, imortal e perfeita. É a alma que conduz o ser humano para as ações boas e o faz agir corretamente.

Além disso, a alma ainda se divide em três partes, sendo cada parte responsável por uma função do ser humano. A parte concupiscível ou apetitiva é responsável por estimular o prazer no corpo. A parte irascível é a responsável por dar o instinto de autopreservação do corpo. Por fim, a parte racional é aquela que desenvolve o raciocínio do corpo.

Para entender esse conceito de uma forma completa, mas de um jeito descomplicado, você pode ler esse artigo que escrevi sobre esse tema.

O Mito do Cocheiro

Platão escreveu uma história, no diálogo Fedro, para ilustrar seu pensamento sobre a relação corpo e alma no ser humano.

Ele vai pedir para imaginarmos uma biga (uma espécie de carruagem aberta) puxada por dois cavalos. A carruagem representa o corpo humano. Um dos cavalos, de cor negra, que é arisco, representa a parte concupiscível da alma. O outro cavalo, de cor branca, mais dócil, representa a alma irascível. Por fim, o cocheiro (que guia os cavalos) representa a parte racional da alma humana. Platão também vai dizer que as rédeas são os pensamentos.

Ética de Platão

Com essa alegoria, Platão nos mostra que o corpo sozinho não faz nada, tal como a biga sem cavalos e cocheiro não faz nada. O cavalo arisco mostra que a alma concupiscível (ligada aos prazeres e desejos do corpo) é a mais difícil de se controlar. O cavalo dócil mostra que a alma irascível é controlável, mas ainda assim tem riscos de descontrole se não tivermos pulso firme. O cocheiro mostra que é a alma racional a responsável por, de fato, guiar o ser humano, tendo todo o controle sobre o corpo e as demais partes da alma.

Dessa forma, Platão, corroborando seu mestre Sócrates, defende que devemos valorizar a parte racional de nossa alma, pois ela é a única responsável por nos guiar para o bom caminho de uma forma justa e segura. Deixar nosso corpo à mercê dos prazeres ou da ira trará sérios problemas para nós.

Caso queiram aprofundar esse conteúdo, recomendo a leitura do artigo Mito do Cocheiro Descomplicado: Ética de Platão.

Ética de Platão através de um Jogo: Corrida de Bigas

Apresentação

O jogo é uma simulação de corrida de bigas, sendo que elas estarão ao estilo da alegoria de Platão.

Será uma disputa em trios, sendo que em cada trio teremos um cocheiro, um cavalo arisco e um cavalo dócil.

Material

Para o jogo, precisaremos de quatro protetores de olhos, tipo esses para dormir. Você pode usar tanto um industrializado, quanto fazer em casa (abaixo vai a foto de um que fiz com EVA e elástico). Além disso, precisará de quatro cordas ou aquelas cordas elásticas (foto abaixo).

Sobre os protetores, dois deles terão a visão toda fechada e dois terão um furo em um dos olhos. A ideia é que o todo fechado vai ficar no cavalo arisco e o de apenas um olho no cavalo dócil.

Ética de Platão através de um Jogo - Protetor Caseiro Ética de Platão através de um Jogo - Protetor Industrializado Ética de Platão através de um Jogo - Cordas

Preparação

Encontrar uma área aberta, talvez a quadra ou pátio da escola. Estipular um início e fim do percurso.

Posicionar os dois trios de forma paralela. Os “cavalos”, já com as vendas nos olhos, colocarão as mãos para trás e as cordas serão amarradas nelas. O cocheiro ficará um pouco atrás dos “cavalos”.

Iniciando a Disputa

Os “cavalos” devem ser girados para ficarem um pouco tontos e perderem um pouco da noção de direção. Nessa hora, pode pedir ajuda para os alunos que não estão na disputa (só cuidado para não escolher um aluno maldoso, que pode querer “sacanear” o colega).

Depois de um tempinho girando, você grita “valendo!” e os “cavalos” param de girar. Nessa hora, o cocheiro pega as rédeas e guia os cavalos para o destino.

O cocheiro não pode puxar os cavalos, pois quem faz isso são eles. O cocheiro deve apenas guiar, dizendo, por exemplo, “vira para a direita!” ou “vira para a esquerda” ou “vai reto!”.

Os cavalos também não podem correr, para evitar tombos. Ninguém pode largar a rédea também.

O primeiro trio que chegar ganha. O professor pode decidir se faz só uma disputa com cada trio, ou faz uma competição, colocando os vencedores para disputar até ver quem é o trio mais entrosado. Também podem ser dados pontos de participação ou para quem vencer.

Objetivo

Mostrar na prática o que Platão quis dizer na sua teoria e relacionar com o controle de nossas ações.

Mostrar para os alunos como é fácil “se perder” quando não se enxerga o caminho ou o enxerga de forma parcial. Mostrar a importância do condutor e da dificuldade que é conseguir conduzir.

Esse jogo deve, preferencialmente, ser aplicado após a explicação teórica. Um primeiro motivo é para que eles façam de forma mais rápida a relação da teoria com a prática. O outro motivo é que, após essa brincadeira, eles estarão agitados e dispersos, o que dificultará a explicação teórica da matéria.

Ética de Platão através de um Jogo: Interdisciplinaridade

Esse jogo pode ser aplicado junto com o professor de educação física.

O professor pode aproveitar para trabalhar questões sobre o corpo humano, trabalho em equipe, respeito, competição, postura etc.

Ética de Platão através de um Jogo: Conclusão

Esse foi um jogo que criei e testei. Os alunos gostam bastante e se divertem. Claro que tem as disputas e rixas, mas o professor tem que trabalhar isso também na sala.

Creio que ainda dá para melhorar esse jogo, talvez as regras ou a forma de execução. Conto com a colaboração e sugestão de vocês para melhorá-lo.

E aí? Gostou do jogo de corrida de bigas? Testou? Funcionou? Deixa nos comentários! Achou interessante? Quer testar? Compartilha com seu professor ou seus colegas de trabalho! Quer sugerir outros conteúdos para serem dinamizador ou quer dar alguma sugestão de jogo para ser usado nas aulas de filosofia? Entra em contato comigo!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.