Olá, marujos! Hoje, vamos explicar o conceito de Luta de Classes de Karl Marx de uma forma descomplicada. Marx era uma filósofo e sociólogo, então suas ideias se misturam nesses dois campos de estudos. Faremos um breve resumo sobre a vida desse pensador e explicaremos todas as ideias que precederam a teoria da luta de classes, culminando na explicação desse conceito. Vamos lá!
Sobre Marx
Karl Marx nasceu em 05 de maio de 1818, na cidade de Trier, Alemanha. Era de uma família de classe média judia. Mas seu pai teve que se converter ao cristianismo para conseguir postos de trabalho melhores, já que, naquela época, o fato de ser judeu impedia a pessoa de exercer algumas profissões.
Marx começou seus estudos aos dezessete anos, cursando direito na universidade de Bonn, mas teve que concluí-los na Universidade de Berlim, por ordem de seu pai.
Marx foi casado com Jenny, que foi sua parceira na vida e no trabalho (ela transcrevia e traduzia os textos de Marx). Eles tiveram sete filhos, sendo que dois morreram devido à pobreza em que viviam.
Ao longo de sua vida, Marx teve como grande parceiro e amigo Friedrich Engels. Marx também é considerado um dos três grandes pilares da sociologia clássica, ajudando a fundamentar essa ciência.
Marx faleceu em 14 de março de 1883 na cidade de Londres, Inglaterra.
Luta de Classes Descomplicada: Materialismo Histórico Dialético
Para entender o conceito de Luta de Classes, precisamos entender outros fundamentos filosóficos de Marx. Acredito que o mais fundamental, a base de tudo, está no conceito do Materialismo Histórico Dialético.
Como esse não é o foco do artigo, cabe explicar brevemente que, segundo o filósofo, as ideias humanas, as “verdades” da sociedade são moldadas pelos acontecimentos históricos vividos por elas, ou seja pela realidade. Contudo, mesmo que os valores humanos sejam uma construção histórica, o ser humano também pode mudar sua mentalidade e, com isso, mudar o curso da história.
Assim, já percebemos que, para Marx, os fatos históricos moldam o que pensamos, mas a nossa mudança de pensamento também pode mudar os próximos acontecimentos históricos. Nisso consiste a dialética de Marx, nesse embate entre História e Ideias, em que um possui a capacidade de moldar o outro.
Exemplificando: podemos dizer que acreditamos na democracia porque nascemos em uma sociedade democrática que, em certo sentido, funciona (assim como ocorre em vários países que admiramos). Mas se a maioria das pessoas for convencida de que a democracia traz mais prejuízos que benefícios (por exemplo, as pessoas não sabem votar direito), podemos mudar de ideia e começar a defender outro regime de governo, um mais autocrático. Mudando de mentalidade, as pessoas começam a ir para as ruas pedir essa mudança, que pode acabar acontecendo. Qualquer semelhança com a realidade brasileira não é mera coincidência…
Luta de Classes Descomplicada: Força Produtiva e Relações Sociais de Produção
Para Marx, todos os interesses da sociedade giram em torno daquilo que é mais básico: sobrevivência. Logo, toda a construção social tem relação com a forma como o ser humano produziu meios para sobreviver e o modo como foram criadas as relações entre as pessoas no que tange à produção dos meios de subsistência.
Força Produtiva é a capacidade do ser humano de usar do seu esforço e da sua engenhosidade para modificar a natureza e extrair dela meios para sua sobrevivência.
Relações Sociais de Produção são as formas como os seres humanos se organizaram socialmente para conduzirem a produção dos meios de sobrevivência.
A força produtiva é algo constante, não muda, no sentido de que o ser humano sempre precisará se esforçar para extrair da natureza aquilo que ele precisa para viver. Conduto, ao longo da história, os tipos de relações sociais de produção foram se modificando, criando novas formas de aumentar a produtividade (mesmo que isso custasse o prejuízo de uns para benefício de outros).
Luta de Classes Descomplicada: Modo de Produção e Classes Sociais
Segundo Marx, a sociedade passou por fases históricas relacionadas ao modo como os bens de subsistência eram produzidos.
Em um primeiro momento, na fase primitiva, os seres humanos cooperavam entre si. Eles se ajudavam para produzir aquilo que lhes era necessário para sobreviver. Contudo, com o tempo, as técnicas e as ferramentas foram se aperfeiçoando, e isso permitiu uma produção excedente. Ou seja, começou-se a produzir mais do que se precisava.
Esse excedente começou a ser disputado, em que alguns ficaram de posse dele e outro não. Com isso, iniciam-se as fases de desigualdade social entre os seres humanos, em que alguns possuem mais do que os outros, e o mais favorecidos utilizam-se disso para controlar os menos favorecidos.
Essa divisão na sociedade entre aqueles que possuem mais do que os outros recebeu o nome de Classes Sociais. Ao longo do tempo, cada classe recebeu um nome porque alguns detalhes mudam. Mas basicamente existem dois tipos de classes: a que controla e a que é controlada.
Após a fase primitiva, veio a fase escravista. Nela, o modo de produção se divide em pessoas que possuem a posse da terra e de outras pessoas (donos). E pessoas que não possuem a posse de terra nem a posse de si mesmas, sendo obrigadas a trabalhar para seus donos para sobreviverem (escravos).
Depois da fase escravista, veio a fase feudal. Nela, o modo de produção se divide em pessoas que possuem a posse da terra (senhor feudal) e pessoas que trabalham nessa terra (vassalo). Mesmo o trabalhador não sendo propriedade do senhor feudal, ele é completamente dependente porque não existe terra em que ele possa morar que não pertença a alguém. Sendo assim, ele possui uma dependência para conseguir viver e produzir, devendo dar parte da sua produção por usar a terra do seu senhor.
Depois da fase feudal, veio a atual fase capitalista. Nela, o modo de produção se divide em pessoas que possuem a posse de terras e/ou meios de produção (burguesia) e pessoas livres que vendem a sua força de trabalho (proletariado). Hipoteticamente, o trabalhador é livre para trabalhar e morar onde quiser e como quiser; conduto, como ele não possui nada, apenas a sua força de trabalho, ele é obrigado a se submeter ao salário, às ordens e às condições do seu patrão.
Luta de Classes Descomplicada: Juntando Tudo e Explicando
Como vimos, as classes sociais são distinções que surgiram entre as pessoas devido a posse ou falta de excedentes da produção. Depois, essa discrepância permitiu que um classe subjugasse a outra. Mesmo que tenham mudando as formas de relações sociais, sempre existe alguém por cima e alguém por baixo.
Quem está por cima, não quer descer. Quem está por baixo, quer subir. Quem detém os meios de produção, quer extrair o máximo possível da força produtiva do empregado. Quem vende sua força de trabalho, quer receber um pagamento justo e não ser explorado. É dessa oposição, desse conflito de interesses que surge a luta de classes.
Assim, percebemos que desde o surgimento das classes, elas se opõem. Elas lutam entre si porque possuem interesses comuns (sobreviver), mas meios antagônicos (uma explora e a outra não quer ser explorada).
Lembrando do conceito de materialismo histórico dialético, mesmo a classe explorada sendo a maioria, ela aceita a submissão porque nasceu e cresceu em um meio social que lhe ensina que aquela condição em que vive é o que deve ser. O mesmo acontece com os jovens burgueses, que são criado de tal forma que acreditam que não existe outra forma de viver que não seja explorando alguém. Marx chamará isso de ideologia.
Podemos dizer que as coisas melhoraram um pouco, mas nunca vão se resolver porque, segundo Marx, quem detém os meios de produção também detém o poder do Estado, que impede uma mudança brusca, eliminando a exploração de uns sobre os outros.
Existem pessoas desses dois grupos que pensam diferente? Sim! Mas são poucos e, por isso, precisam convencer os demais a mudarem de ideia, de pensamento. Só assim se conseguiria mudar essa constante história de explorador-explorado.
Para isso, a única solução, segundo Marx, é através da Revolução do Proletariado, que irá “forçar a barra” para que as coisas mudem. É desse pensamento que se desenvolve a teoria do socialismo de Marx e Engels.
Luta de Classes Descomplicada: Conclusão
Marx percebeu um passado em que as pessoas viviam como iguais e vislumbrou um futuro em que as pessoas poderiam voltar a viver como iguais. A tecnologia e as novas ferramentas não serviriam mais para causar a desigualdade, mas serviriam para dar melhores condições de vida para todos. Infelizmente, até o momento, nenhum povo conseguiu de fato executar os planos de Marx.
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Até a próxima e tenham uma boa viagem!
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Referência
Coleção Ensino Médio 2ª série: Volume 3 – Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2019. 54 p.: il.
Coleção Ensino Médio: Volume 1 – Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2020. 98 p.: il.
