Filosofia Helenística Descomplicada: Introdução

Filosofia Helenística Descomplicada: Introdução

Olá, marujos! Hoje explicaremos a filosofia helenística de uma forma descomplicada. Abordaremos o contexto histórico do surgimento desse período filosófico, qual era o principal tema buscado pelos filósofos dessa época e quais foram as principais correntes filosóficas desse momento. Vamos lá!

Filosofia Helenística Descomplicada: Contexto Histórico

Oficialmente, a filosofia helenística começa junto com o período histórico chamado de helenismo. O marco histórico seria o ano de 323 a.C., quando morre Alexandre O Grande (Alexandre Magno).

O termo helenismo faz referência ao fato dos povos que habitavam a região da Grécia se chamarem de helenos (descendentes de Heleno, pai daqueles que fundaram as principais tribos gregas). Como curiosidade, esse ainda é um gentílico válido para quem nasce na Grécia.

O termo helenismo é usado para marcar essa época porque, após a Grécia ser conquistada por Alexandre, a cultura grega (cultura helênica) foi difundida por todo o império macedônico. Depois, com a derrota da macedônia por Roma, a cultura grega continuou a ser a principal cultura do império romano.

É por isso que, para mim, a filosofia helenística começa quando a Grécia, especialmente Atenas, deixa de ser um Estado-nação independente e começa a fazer parte do império macedônico. Porque é nesse momento que ocorre o ponto de virada na sociedade grega.

O fim da filosofia helenística ocorre com a queda do império romano (século V) e início da Idade Média.

Filosofia Helenística Descomplicada: Principal Objetivo Filosófico

Enquanto Atenas vivia seu ápice como Estado-nação, as principais reflexões filosóficas giravam em torno do cidadão da pólis. Todos os pensamentos, de alguma forma, faziam referência àquilo que era mais importante para os atenienses: sua liberdade política, seu direito de cidadão, seu poder de tomar decisões livres que poderiam influenciar os rumos da sociedade em que eles viviam.

Contudo, isso tudo acaba quando a Grécia é dominada pela Macedônia. Atenas perde sua liberdade política, sua autonomia para criar leis, regras e tomar grandes decisões políticas. A Grécia agora faz parte de um império maior que ela, ela deixa de ser independente e se torna parte de um todo, uma colônia.

Sendo assim, não existe mais o cidadão grego. Logo, o principal tema filosófico perde o seu objeto. Como refletir sobre a melhor forma de governa e gerir uma sociedade se não se tem mais poder para isso? Para piorar, o tema ético da felicidade estava intimamente ligado ao fato da pessoa ser um cidadão. O agir bem, na filosofia clássica, estava associado ao agir bem publicamente, como um cidadão. Se era feliz quando se era um bom cidadão (com seus direitos e deveres).

E agora? Como ser feliz se não posso mais associar felicidade com sucesso na minha vida pública? Encontrando outra forma de compreender felicidade! Entender que felicidade não está na vida pública, mas na vida privada. A felicidade, agora, não é uma manifestação exterior, é interior.

Dessa forma, as principais correntes filosóficas helenísticas irão buscar respostas para a pergunta “como ser feliz?”. E as respostas estarão em uma disposição interior, ou seja, eu sozinho posso agir para alcançar a felicidade, sem precisar fazer nada na minha vida pública (já que, agora, não sou mais o cidadão como antigamente).

Filosofia Helenística Descomplicada: Principais Correntes Filosóficas

Cinismo

Cinismo é uma corrente filosófica que começou ainda na época clássica, mas que ganhou força (ou fama) no período helenístico. O nome faz referência a kynos (cachorro em grego). Seus seguidores acreditavam que a felicidade estava em viver uma vida o mais próximo do natural possível. Por isso, eles defendiam que a forma de viver de um cachorro era a melhor. Sendo assim, os seguidores deveriam se abster de qualquer posse e convenção social, sobrevivendo cada dia de uma vez com aquilo que se tinha e despreocupados em seguir costumes sociais.

Os mais famosos nomes dessa corrente são: Antístenes (445 – 365 a.C.) e Diógenes de Sinope (412 – 323 a.C.).

Epicurismo

O epicurismo defendia que a felicidade estava no prazer (hedonismo). Contudo, esse prazer defendido era um prazer moderado, extraído daquilo que é necessário para a vida humana (por exemplo, o prazer de comer quando se está com fome e beber água quando se está com sede). Além disso, acreditavam que a vida se resumia ao plano material e, por isso, não era necessário se preocupar com os deuses e com a morte. Para eles, a felicidade estava em uma vida ausente de dor física e preocupações.

Os mais famosos nomes dessa corrente são: Epicuro (ca. 341– ca. 270 a.C.), Leontina (século III a.C.) e Lucrécio (ca. 99 – ca. 55 a.C.).

Para se aprofundar no Epicurismo, recomendo: Epicurismo Através de Dinâmica.

Estoicismo

O estoicismo acreditava que todos nós somos partes de um grande universo, sendo apenas um dos milhares de elementos da natureza. Além disso, essa natureza é regida de uma forma lógica. Sendo assim, tudo o que acontece conosco acontece por algum motivo, é algo já “programado” e necessário para que o fluxo das coisas se mantenha estável. Dessa forma, a felicidade estaria em aceitar que as coisas devem acontecer da forma como acontecem e não se preocupar se aquilo que nos acomete é positivo ou negativo (do nosso ponto de vista). O que tem que ser, será.

Os mais famosos nomes dessa corrente são: Zenão de Cítio (ca. 333 – ca. 263 a.C.), Sêneca (ca. 4 a.C. – ca. 65 d.C.) e Marco Aurélio (ca. 121 – ca. 180).

Para se aprofundar no Estoicismo, recomendo: Estoicismo Descomplicado: Filosofia da Natureza e Ética.

Ceticismo

O ceticismo, na sua origem helenística, entendia que o grande vilão para se viver uma vida feliz era abraçar uma convicção como se ela fosse a única “verdade verdadeira”. Por isso, os adeptos dessa filosofia entenderam que a felicidade está na suspensão de juízo, ou seja, na crença de que não tem como termos certeza se aquilo que acreditamos ser o certo e verdadeiro é de fato certo e verdadeiro em todos os aspectos (a chamada verdade absoluta). Dessa forma, seremos felizes quando vivermos segundo aquilo que acreditamos ser o certo e verdadeiro e deixarmos os outros viverem segundo aquilo que eles acham que é o certo e verdadeiro.

Os mais famosos nomes dessa corrente são: Pirro de Élis (360 – a. 270 a.C.) e Sexto Empírico (160 – 210 a.C.).

Para se aprofundar no Ceticismo, recomendo: Ceticismo Descomplicado.

Filosofia Helenística Descomplicada: Livros

Para saber mais sobre o tema, recomendo os livros:

              

Filosofia Helenística Descomplicada: Conclusão

A filosofia helenística foi e ainda é muito importante para a história da filosofia. Sua valorização da felicidade como algo interior ainda é válida para muitas pessoas. Os estudos de filosofia natural e lógica, que não abordei muito aqui, também forma disseminados e aprofundados ao longo dos séculos. Muito de seu pensamento é encontrado na religião cristã, que estava surgindo e se estabelecendo nesse momento histórico.

E aí? Ficou alguma dúvida? Deixe-a nos comentários! Curtiu esse aprendizado? Compartilha! Quer um artigo dedicado a algum desses filósofos que ainda não foi feito? Entra em contato comigo.

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Referências

WIKIPÉDIA. Verbete Filosofia helenística e Período helenístico.

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.