Empirismo de John Locke Descomplicado

Empirismo de John Locke Descomplicado

Olá, marujos! Hoje vamos explicar o empirismo de John Locke de um jeito descomplicado. Vamos apresentar esse filósofo, lembrar o que propõe o empirismo e explicar a teoria de Locke, falando dos principais conceitos que ele desenvolveu, usando uma linguagem simples e exemplos para que você possa entender. Vamos lá!

John Locke

Locke nasceu em 1632 em Wrington, uma vila da Inglaterra. Ele era filho de John Locke (tinham o mesmo nome) e Agnes Keene. Ele estudou na escola de Westminster e na Universidade de Oxford, mas não gostava do currículo lecionado. Por isso, estudou por conta própria os filósofos modernos (que não eram ensinados na época), tais como René Descartes.

Locke foi apresentado à medicina e à filosofia experimental na Royal Society, da qual viria a ser membro. Esses estudos influenciaram seu pensamento empirista. Em 1675, ele se graduou em medicina e começou a trabalhar nessa área, assumindo a função de médico particular de Lord Ashley (que viria a ser um grande nome na Inglaterra). Essa convivência influenciou seu pensamento político.

Locke precisou fugir para Holanda em 1683 porque foi associado a um plano de assassinato do rei Charles II e seu irmão, Duque de York. O filósofo aproveitou esse tempo de exílio para se dedicar aos escritos de seus livros. Ele retornou para a Inglaterra apenas em 1688. Assim que voltou, publicou a maioria dos seus livros.

Locke morreu em 1704 na cidade de Harlow, Inglaterra. Ele não casou nem teve filhos.

Empirismo

O Empirismo é uma corrente de pensamento da área da Teoria do Conhecimento. Seus seguidores consideram que a fonte primária ou principal de conhecimento é a experiência sensorial e não a razão. Dessa forma, primeiro o ser humano precisa experimentar sensorialmente as coisas, para só depois essa experiência se tornar uma ideia na razão humana.

O termo “empirismo” vem do grego empiria que significa experiência.

Empirismo de John Locke Descomplicado: Crítica ao Inatismo

Locke irá discordar da teoria racionalista de Descartes. Se, para Descartes, o ser humano possui ideias inatas (ou seja, ideias que nascem com o ser humano); Locke vai argumentar que o razão é como uma tábula rasa, uma folha em branco, uma cera quente que se molda.

São dois os principais argumentos de Locke:

  1. Se todos possuíssem ideias inatas, os bebês já deveriam manifestar desde o seu nascimento essas ideias. Contudo, o que vemos é que eles pouco sabem e manifestam apenas instintos básicos como fome e dor. A manifestação de ideias nos bebês demora a acontecer e depende das experiências que ele tem com seus pais.
  2. Se todos possuíssem a ideia inata de Deus (tal como defendia Descartes), era para todos os seres humanos creem em um Deus tal como Descartes o define. Conduto, o que vemos é que muitas pessoas não creem em Deus ou o Deus que eles creem não é o mesmo do que o descrito por Descartes.

Com esses argumentos, Locke considera suficientemente provado que a mente humana nasce em branco e é preenchida de ideias decorrentes das experiências sensoriais que o indivíduo vai tendo ao longo da sua vida. Por exemplo, você só saberá que existe uma cachorro se alguém lhe mostrar o animal; só saberá o cheiro de um perfume depois de experimentar esse perfume (no sentido de sentir o seu odor, seja o perfume estando em você, em outra pessoa, ou mesmo no frasco); só saberá falar depois de ouvir (experiência da audição) muitas pessoas falando aquele idioma (é por isso que aprendemos o idioma que nossos pais falam).

Empirismo de John Locke Descomplicado: A Constituição das Ideias

Depois de argumentar contra o inatismo, Locke irá explicar como surgem as ideias na mente humana, e como as processamos pela razão.

Fontes das ideias

Locke vai mostrar que são duas as fontes das nossas ideias:

  1. Sensação: é um processo externo. São as nossas experiências sensoriais com os objetos que nos cercam. Através dos nossos sentidos, temos contato com os objetos do mundo e isso nos permite formar ideias desses objetos em nossa mente. Por exemplo, você forma a ideia de maçã depois que você vê uma maçã pela primeira vez.
  2. Reflexão: é um processo interno. É a mente refletindo sobre si mesma e sobre como ela é afetada. A reflexão não deixa de ser uma experiência que a mente está tendo e que se transforma em uma ideia. Por exemplo, as noções de prazer (eu como um chocolate, e minha mente tem uma sensação positiva, que eu interpreto e chamo de prazer) e tristeza (um parente ou amigo querido falece e eu sinto dentro de mim um sensação negativa, que eu interpreto e chamo de tristeza).

Podemos perceber que em ambas as situações, todo o processo começa com uma experiência externa e sensível. Até mesmo para a mente sentir alguma coisa, foi necessário que algo acontecesse no mundo exterior.

Tipos de Qualidade das Coisas Externas

Locke vai mostrar que as coisas podem apresentar dois tipos de qualidades, ou seja, dois tipos de características específicas que captamos:

  1. Qualidades Primárias: são características objetivas, ou seja, dependem do objeto. Nesse caso, não existe interpretação do sujeito, sendo iguais para todos os seres humanos. São elas: solidez, extensão, movimento, repouso, número e configuração. Se tomamos como exemplo uma pedra, todos que possuírem o sentido do tato e visão serão capazes de perceber a solidez dessa pedra, o seu tamanho, o seu formato, se ela está parada ou em movimento.
  2. Qualidades Secundárias: são características subjetivas, ou seja, dependem do sujeito. Nesse caso, a característica está no objeto, mas ela é interpretada pelo sujeito. Como é uma interpretação, podem surgir diferenças de percepções. São muitos os tipos de qualidades secundárias, tais como temperatura, cor, odor, som, sabor. Por exemplo, duas pessoas comendo a mesma comida poderão ter experiências diferentes de sabor; um mesmo refrigerante pode estar gelado ou quente para pessoas diferentes.

Dessa forma, Locke argumenta que das características que obtemos das coisas externas, algumas são objetivas – comum a todos os seres humanos, e outras são subjetivas – variam dependendo das peculiaridades do sujeito que experimenta.

Tipos de Ideias

Para Locke, as ideias podem ser divididas em simples e complexas:

  1. Simples: são as informações básicas que recebemos das coisas, de forma passiva. É tudo aquilo que foi listado no tópico anterior (tipos de qualidade). As ideias simples reúnem todas as características experimentadas pelos nossos sentidos. Por exemplo: amarelo, pequeno, redondo, brilhante, duro, áspero.
  2. Complexas: são o resultado do processamento das ideias simples, que ocorre de forma ativa pela razão humana. Enquanto que os sentidos captam as sensações e as transformam em ideias simples, a razão humana processa e organiza essas ideias construindo a ideia complexa a qual pertencem as ideias simples captada. Por exemplo, moeda de ouro.

Perceba, pelo exemplo, que os nossos sentidos não captam a moeda de ouro em si. Na verdade, eles captam as características da moeda: amarelo, pequeno, redondo, brilhante, duro, áspero. Depois, a razão humana junta todas essas ideias e forma a imagem da moeda de ouro em nossa mente.

Empirismo de John Locke Descomplicado: Conclusão

Após tudo o que foi explicado, entendemos que Locke compreende que aquilo que chamamos de conhecimento é um conjunto de ideias complexas, que foram processadas pela razão humana após reunir uma enorme quantidade de ideias simples, as quais foram coletadas por uma série de experiências sensoriais. Sendo assim, ele define que o conhecimento começa com a experiência sensível, e não com a razão.

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Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Referências

ARANHA, Maria Lúcia Arruda. Filosofar com textos: temas e história da Filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016.

Coleção Ensino Médio 2° ano. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2020. (Volume II)

Wikipédia (os artigos utilizados estão na forma de hiperlink dentro do texto).

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.