Professor, você já fez a sua avaliação hoje?

Avaliação do trabalho do professor

Olá, marujos! Meu primeiro artigo sobre vida de professor será polêmico porque ele toca em um ponto muito sensível para os regentes de turma: avaliação do trabalho do professor. Nós professores, estamos acostumados a aplicar diversas avaliações ao longo do ano para os nossos alunos. Logo, avaliar é algo comum para a gente. Só que isso é comum quando a gente aplica a avaliação… por isso, eu vou lançar um desafio: Professor, você já fez a sua avaliação hoje?

Minhas primeiras aulas

No meu primeiro ano de magistério, eu tinha que semanalmente preparar as minhas aulas. Eu fui apresentado ao currículo mínimo do estado e as aulas tinham que seguir aquilo que era solicitado. Cada conteúdo dado dentro de um bimestre e de um ano escolar.

Lembro muito bem dos meus colegas professores falando “relaxa, isso é só no primeiro ano, depois as aulas estarão prontas e é só repetir na próxima turma”. Aquilo me deu um baita alívio, pena que eu estava enganado…

O dia-a-dia de um bom professor

Quando você quer ser um bom profissional, você não pode ficar parado no tempo. Em qualquer profissão as coisas evoluem, a forma de lidar com o que você faz muda, o seu público muda, você muda.

E o professor, que lida com um material vivo (o conhecimento) e uma clientela viva (os alunos), tem que entender isso para o sucesso do seu trabalho.

Por isso, cada aula é algo diferente e deve ser planejada de forma particular. Porque cada escola tem uma realidade, cada turma tem uma realidade, e cada ano escolar tem as suas particularidades.

Eu não estou sendo hipócrita de dizer que monto todos os dias aulas “do zero”. Não é essa a ideia. A ideia é discutir se os professores estão conseguindo adaptar aquele conhecimento que eles têm e que querem passar para os alunos. Se nós estamos usando as ferramentas corretas ou adequadas para o nosso momento e nossa realidade.

Minha realidade, meu planejamento

Bom, e como eu faço para tentar fazer o melhor trabalho? Então, anualmente eu crio uma planilha de Excel dividida nos quatro bimestres que as escolas que dou aula trabalham. Mas isso pode ser adaptado tranquilamente para uma realidade de trimestre, ciclo ou semestre.

Nessa planilha, de posse do calendário escolar e dos meus dias de trabalho, eu lanço todas as datas que supostamente estarei em sala com meus alunos. Digo supostamente porque de imediato já dá para deixar sinalizado (e faço isso preenchendo a célula de vermelho) os feriados, prováveis pontos facultativos, conselhos de classe e aquelas atividades diversificadas, como gincana ou feira de ciências, que é um dia letivo, mas você não estará em sala dando seu conteúdo habitual.

Depois disso, eu já deixo marcado também, em negrito, as prováveis datas de avaliação dos alunos (tanto as dadas pela escola, como semana de provas, quanto as minhas, que eu escolho a data).

Com isso, eu consigo saber quantos dias realmente eu terei com cada turma em sala de aula, para dividir aquele conteúdo que eu já tinha pronto no tempo que me é dado.

Enfim, isso é só um exemplo de planejamento anual, mas não é o foco do nosso artigo, que é saber se a gente já fez uma avaliação do nosso trabalho.

Auto avaliação é diferente de avaliação

Antes de dizer como podemos fazer uma avaliação do nosso trabalho, é importante destacar que, pelo menos para mim, auto avaliação é diferente de avaliação.

Auto avaliação é quando você mesmo avalia o que você está fazendo, pensar no que deu certo e errado e como você pode melhorar isso. Avaliação é quando alguém externo a você diz o que você tem que fazer para melhorar (você concordando ou não).

É engraçado que poucos são os professores que deixam seus alunos se auto avaliarem (no sentido de levar em conta para uma nota), mas quando é para analisar o seu próprio trabalho é suficiente uma autorreflexão (quando o professor tem o mínimo de consciência).

Avaliação do trabalho do professor: quem deve fazer?

Isso é muito polêmico, especialmente nesses momentos que surgem discussões sobre meritocracia, avaliação externa, prova de nivelamento etc. Aqui, eu não vou discutir se está certo ou errado o coordenador pedagógico, diretor, ou o governo avaliar, como avaliar e para que avaliar o professor. Nesse artigo, o foco será a avaliação do trabalho do professor pelo aluno!

Sim, eu defendo dar a chance de o aluno avaliar o professor. E por quê? Porque a forma como o aluno absorve conhecimentos gerais no dia-a-dia está a cada dia mais diferente da forma como nós absorvíamos conhecimento e de como nós aprendemos a ensinar conhecimentos. E, cada vez mais, a escola está ultrapassada no seu método de ensinar e no que ensinar. Essa também é uma outra discussão que exige um artigo a parte, então voltemos ao ponto central: o nosso alunado pode sim nos dar pistas do que ele quer aprender, de como ele quer aprender aquilo e como ele considera justo ser avaliado naquele conhecimento.

O uso da tecnologia em sala de aula

Sobre o que deve ser aprendido, fica como pauta de outro tema; mas o como aprender, isso o aluno pode nos dizer porque o modo de ensinar está ficando mais complexo. Sem precisar entrar em pedagogias, é simples perceber que a tecnologia é algo que já faz parte da vida das pessoas. Ela não é um acessório, é vital. E tecnologia não significa Data Show apenas, significa imagem, som, realidade virtual, aplicativos, internet, jogos etc. e tudo isso precisa ser pensado na hora de ensinar nossos alunos, porque é assim que eles passam o tempo deles fora da escola absorvendo conteúdo.

A autonomia do aluno

Outro fator importante hoje é a autonomia do aluno. Já está praticamente estabelecido que a melhor forma de aprender é estudando aquilo que se gosta de um modo que se gosta. E que o ensino chamado tradicional, com o professor na frente da sala falando da matéria é a pior forma de ensinar.

Mas será que nossos alunos estão prontos para saberem aprender sozinhos? Não! Por que eles nunca foram educados para isso. A quase totalidade dos alunos tiveram nos seus primeiros anos educacionais um ensino tradicional, logo, eles não aprenderam a estudar sozinhos. Eles podem até querer fazer isso, mas não sabem. E cabe a nós, aos poucos, ir ensinando isso.

Um dos métodos mais tradicionais de fazer o aluno procurar por conta própria um conteúdo são os trabalhos de pesquisa e apresentação, mas esses hoje sofrem muito com a famoso “copia e cola”. Mas surgiram outros métodos interessantes, mas mais difíceis de serem aplicados pelo professor, como a criação de desafios para os alunos solucionarem e a utilização de jogos para ensinar o conteúdo.

Avaliação do trabalho do professor: como fazer?

Aí, depois de eu ter falado isso tudo, você pode se perguntar: existe alguma forma prática ou simples do aluno poder me avaliar? Para eu saber o que ele está passando e como eu poderia agir para ensiná-lo melhor?

Foi pensando na resposta dessa pergunta que eu (com a ajuda do meu irmão) criei um questionário que fosse o mais completo possível sem ser complexo demais para o aluno preencher.

 

Nesse questionário, que eu fiz voltado para o ensino de filosofia, mas pode ser adaptado para qualquer disciplina, eu coloco pontos que vão desde o simples “você considera que está entendendo as aulas” até um “qual seria a melhor forma de ensinar [sua matéria] para você? ”. Criei uma série de respostas para serem avaliadas de sem importância até fundamental, para ter uma escala daquilo que eles mais querem ou acham melhor até o que mais detestam ou acham desnecessário.

Avaliação do trabalho do professor: conclusão

Eu aplicarei esse questionário agora no segundo semestre de 2019, no começo das aulas. Vou deixar bem claro (e quem usar também faça isso) que o questionário é um instrumento para ajudar a melhoria da aula, mas que não será impositivo, ou seja, as respostas serão levadas em consideração, mas as mudanças serão aplicadas dentro das possibilidades.

Para ajudar, eu vou deixar aqui o link para vocês baixarem o questionário. Ele está em Word, mas em breve disponibilizarei em um formulário Google, para poder ser aplicado online e já ter as métricas facilmente analisáveis.

Por mais que um professor possa querer fazer o seu melhor em sala de aula, nem sempre as condições nos permitem (seja culpa do aluno, da infraestrutura ou da proposta pedagógica da escola, ou nossa falta de tempo). Mas, pelo menos, agora saberemos o que podemos mudar para melhorar. Por isso, não deixe para depois.

E você aluno, leve esse formulário a sério: fazer corretamente a avaliação do trabalho do professor é uma ótima forma de ter aulas melhores e mais interessantes.

Se você que está lendo esse artigo é professor, não deixe de baixar o questionário e aplicá-lo. Vai ser uma experiência interessante e uma prova para os seus alunos que você quer ser o melhor professor deles. Se você é aluno, mostre esse artigo para o seu professor, quem sabe ele não se convence e aceita aplicar o questionário e ouvir vocês? E se você não é nem uma coisa nem outra, compartilha mesmo assim esse artigo porque com certeza você conhece algum professor ou aluno!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.