Reflexão sobre Meu Cunhado é um Vampiro: Parente Sanguessuga e Pensando no Coletivo

Reflexão sobre Meu Cunhado é um Vampiro: Parente Sanguessuga e Pensando no Coletivo

Olá, marujos! Hoje, farei uma reflexão sobre o filme Meu Cunhado é um Vampiro. A história mostra as dificuldades de Fernandinho em provar que seu cunhado recém-chegado na sua casa é um vampiro. Na reflexão, falarei da metáfora do filme que apresenta alguns parentes como sanguessugas da sua família e da necessidade em pensar no coletivo em vez de apenas na sua família. Teremos alguns pequenos spoilers do filme na reflexão, mas sem estragar o final. Vamos lá!

Sobre o Filme

Meu Cunhado é um Vampiro é um filme brasileiro de comédia com levíssimos toques de terror da Netflix. Ele estreou mundialmente no final de 2023 e foi um dos mais vistos à época.

Fernandinho (Leandro Hassum) é um jogador de futebol aposentado que agora faz vídeos para Internet comentando o seu esporte. Ele é casado com Vanessa (Monique Alfradique) e tem uma filha pequena. Ele também possui uma filha mais velha, Carol (Mel Maia), com sua ex-mulher Michelle (Renata Brás).

Tudo ia normal até que o tio Greg (Rômulo Arantes Neto), irmão de Vanessa e cunhado de Fernandinho, chega de surpresa para “passar uns dias” na casa deles. Além do cara ser um “encostado”, que não faz nada e usa de tudo da casa, ele ainda tem uns hábitos estranhos que chamam a atenção do chefe de família.

As suspeitas se confirmam e Fernandinho tem certeza que seu cunhado Gregório é um vampiro. Agora, ele precisa provar isso para sua mulher e expulsá-lo de sua casa.

Será que Fernandinho terá sucesso? Será que Gregório quer mais do que simplesmente passar uns dias visitando sua família? Descubra vendo Meu Cunhado é um Vampiro na Netflix.

Reflexão sobre Meu Cunhado é um Vampiro: Se Cunhado fosse Bom não Começava com C*!

Ao ver o filme, interpretei que ele basicamente é uma metáfora aos parentes sanguessugas que quase todas as famílias possuem.

Parentes sanguessugas seriam, para mim, todos os familiares de um lado ou outro do cônjuge que vêm até sua família sugar algo que você possua. Pode ser dinheiro, tempo, paciência, seus bens etc.

Gregório é um vampiro e age na casa de Fernandinho sugando dos bens, da paciência e da felicidade da sua família. A ex-mulher de Fernandinho, que começa o filme demonstrando também essa vontade de sugar todo o dinheiro do ex-marido, acaba se tornando a vampira companheira de Gregório.

No Brasil, é muito comum existirem piadas com a sogra (seja de um lado ou do outro) sendo uma cobra. Isso ocorre porque, em muitas famílias, a mãe de um dos cônjuges fica criticando o outro porque não cuida do seu filho/filha como deveria, como ela cuidava. Porém, a sogra não costuma ser sanguessuga. Ela tem a vida dela e “só” gosta de se meter na sua para criticar.

Diferentemente, temos o caso dos cunhados e das ex-mulheres.

Os cunhados, normalmente irmãos mais novos do seu cônjuge, gostam de ficar te procurando para pedir alguma coisa. Um dinheiro, um empréstimo, uma oportunidade de emprego, um tempo na sua casa até as coisas estabilizarem e coisas do tipo. Frequentemente, os cunhados apelam para o lado sentimental do irmão/irmã, que tenta intermediar a situação.

Os irmãos sempre irão se ajudar e nada contra isso. O problema é quando esse irmão não tem condições de ajudar e joga a responsabilidade para o cônjuge. Pior ainda é quando o cunhado vê essa brecha e se aproveita. Aí, ele nunca quer sair da aba da família da sua irmã/irmão, porque viu alguém que lhe sustente ou lhe socorra.

Já as ex-mulheres, principalmente aquelas que tem filhos com o ex-cônjuge, gostam de sugar todo o dinheiro do ex-marido, especialmente se veem ele se estabilizando com outra mulher. Sob o argumento de que o dinheiro é para os filhos, na verdade é ela quem esbanja tudo, muitas vezes não se importando em ganhar o próprio dinheiro e evitando até mesmo um novo casamento para não perder parte dos benefícios.

Com certeza, deve existir uma raiva ou mágoa que faça com que ela tenha prazer e necessidade de ficar agindo dessa forma. Se o divórcio não partiu dela, é essa sensação de abandono; se partiu dela, pode ser a sensação de tempo desperdiçado.

As coisas ainda pioram quando ela coloca os filhos contra o pai, incitando a criança a não respeitar ou valorizar o tempo que pai e filho deveriam ter.

Obviamente, todos esses casos de parentes e ex-companheiros que incomodam a família são estereótipos. Podem se aplicar aos parentes do marido ou da esposa, podem ser homens ou mulheres. Fato é que esses casos aparecem nas famílias em tal intensidade que acabou se tornando, como dito, um estereótipo. Algo do tipo, “toda a família tem pelo menos um desses problemas”.

Reflexão sobre Meu Cunhado é um Vampiro: Família x Parentes

Como uma sociedade pautada historicamente nos valores cristãos, nós brasileiros aprendemos desde cedo que “o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gen.2,24). Porém, esses mesmos valores cristãos dizem “Meu filho, cuide de seu pai na velhice e não o abandone enquanto ele viver” ((Eclo.3,12).

Essa confusão sobre o limite da família brasileira também parece ser algo comum nas famílias latinas e ibéricas. Nesses agrupamentos sociais, mesmo o filho casando, ele ainda guarda muitos laços com seus pais, irmãos, tios e primos. Com isso, em vez de duas famílias perderem parte dos seus membros para formarem uma terceira, praticamente elas se juntam formando uma única grande família, que só vai agregando mais e mais membros…

A vantagem dessas grandes famílias é a rede de apoio. Quer goste ou não, sempre alguém precisa de alguma coisa e a chamada família sempre estará lá para te ajudar. Isso se torna muito presente quando nasce uma criança ou alguém passa por uma necessidade urgente (como doença ou desemprego repentino).

Por outro lado, quanto mais gente tem no grupo, mais chance tem de alguém te perturbar ou invadir seu espaço. Fora, obviamente, quanto mais pessoas, mais problemas são trazidos até você.

Eu não sou do tipo que abandona (no sentido de esquecer que existem) pais, irmãos, tios, primos e sobrinhos; mas sou do tipo que considera que, ao casar, a família agora é você, seu cônjuge e filhos. O “resto” vira parente e, como parentes, não devem fazer parte do convívio cotidiano a não ser em casos especiais. Parente é para ver de vez em quando, em datas comemorativas, festas e velórios.

Para mim, quanto mais próximos são os parentes, mais chances eles tem de atrapalhar e até destruir o relacionamento. O grande motivo é que o parente guarda uma relação íntima, de uma vida com um dos cônjuges e com o outro costuma ser uma relação recente e superficial. Isso gera um desequilíbrio quando uma decisão precisa ser tomada como emprestar um dinheiro ou aceitar alguém na sua casa. O casal não consegue agir como uma unidade porque uma metade se importa muito e a outra metade se importa pouco.

Geralmente, essas discrepâncias vão diminuindo com o tempo, após uma longa convivência, se não existiu nenhuma mágoa prévia. Dessa forma, caso não tenha ocorrido nada que faça alguém “tomar ódio” pelo outro, com o tempo, o parente de um acaba se tornando um parente do outro e essa dificuldade em querer colaborar diminui ou até acaba.

De qualquer forma, deixo o apelo para os parentes aprenderem a respeitar a família dos seus filhos, irmãos, sobrinhos e primos. Agora, essa pessoa possui outras responsabilidades, com outras pessoas. Não existe mais espaço sobrando para você, parente, ficar sugando tempo e recursos dessa pessoa. Sua presença provavelmente vai causar um mal-estar na família do seu parente e você será motivo de muitas brigas e até separação se ficar “perturbando” demais.

Reflexão sobre Meu Cunhado é um Vampiro: Sua Família Existe dentro de uma Sociedade!

Mesmo que o meu discurso pode dar a entender que a prioridade sempre deve ser nossa família e não os outros, existe um certo limite nisso.

No filme, Fernandinho ficou satisfeito por ter expulsado os vampiros de sua casa e não queria mais se importar com esse problema. Precisou que sua filha Carol o chamasse para realidade e percebesse que ele não pode agir somente em interesse da família, que tem horas que precisamos pensar na sociedade como um todo.

Essa característica de Fernandinho sempre ficou suspeita porque, desde o começo do filme, ele era questionado por ter entregado um jogo decisivo de futebol para conseguir um contrato melhor no ano seguinte com o time beneficiado.

Porém, Fernandinho caiu em si depois da chamada de sua filha e resolveu agir para deter os vampiros.

Precisamos ter consciência, mais do que nunca, especialmente nesse ano de 2024 que é ano de eleição, que pensar somente na gente ou no nosso grupinho sempre trará mais problemas a longo prazo do que pensar no coletivo, na sociedade como um todo.

Se Fernandinho não mudasse de perspectiva, uma hora o mal se voltaria para ele e sua família. Então, se ele não fizesse nada pelo bem da sociedade, sua família acabaria sendo prejudicada uma hora ou outra.

Assim, também devemos pensar quando uma situação exigir olhar só para si ou olhar para o todo. A filosofia é uma área do conhecimento que sempre ensina as pessoas a olhar o problema numa perspectiva macroscópica e não microscópica. Daí sua importância para a sociedade.

Que possamos não ter receios em agir em prol da sociedade porque nossa família faz parte dessa sociedade. Se toda família só agisse por interesses privados, seria impossível a convivência social porque uma tentaria “derrubar” a outra.

Mesmo que exemplos negativos ocorram de vez em quanto, que eles sejam a exceção e não a regra. Que possamos pensar na sociedade para beneficiar nossa família e a dos outros.

Conclusão

Meu Cunhado é um Vampiro não é lá um obra de arte, mas ele é um bom exemplo de produção cultural que pode nos fazer refletir questões interessantes mesmo ele mesmo não sendo tão interessante assim. Que possamos saber respeitar a divisão entre família e parentes, mas que isso não seja motivo para ignorar situações em que precisamos agir pensando na sociedade como um todo.

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Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.