Reflexão sobre 1917: Uma Missão, Uma Chance

Reflexão sobre 1917: Uma Missão, Uma Chance

Olá, marujos! Hoje faremos uma reflexão sobre o filme 1917. Esse é um filme de guerra que concorreu ao Oscar 2020. O filme conta a trajetória de dois jovens soldados que precisam entregar uma comunicação importantíssima para um batalhão: interrompam o ataque porque é uma armadilha. Na reflexão, falarei do valor da missão nas nossas vidas e também sobre o fato que na maioria das situações, só temos uma chance para fazer dar certo. Não teremos spoilers de acontecimentos importantes do filme, então fiquem despreocupados. Vamos lá!

Sobre 1917 (sem SPOILERS)

1917 conta a história de Thomas “Tom” Blake (Dean-Charles Chapman) e William “Will” Schofield (George MacKay), dois jovens soldados ingleses durante a primeira guerra mundial. Eles recebem a missão de comunicar a interrupção de um ataque britânico do  2.º Batalhão do Regimento de Devonshire porque eles cairão em uma emboscada. Normalmente, o aviso seria dado por telefone, mas as linhas foram cortadas. Então, a única solução é levar pessoalmente a mensagem.

Para Tom Blake, a missão ainda tem um incentivo a mais: seu irmão Joseph Blake (Richard Madden) está na linha de frente desse ataque. Logo, chegar a tempo de evitar o ataque não só poupará a vida de muitos soldados, mas também a vida do seu irmão. A questão deixou de ser só patriótica para ser familiar.

Ambos os jovens passarão por muita coisa, sofrerão bastante. Pior, é uma luta contra o tempo e qualquer demora pode por a missão em risco. Ao mesmo tempo, qualquer atitude desesperada pode chamar a atenção do inimigo e colocar as suas vidas e a missão em si em risco.

Será que eles conseguirão? Só vendo o filme.

Reflexão sobre 1917: A Missão da Sua Vida

O filme 1917 começa com uma missão. Os dois jovens partem para a missão da vida deles, missão essa que colocaria a vida deles em risco e que também poderia salvar ou matar milhares de pessoas dependendo do sucesso ou fracasso deles.

Nem todas as pessoas recebem grandes missões na vida, missões extraordinárias, que podem colocar o seu nome na história. Mas todos recebem ou escolhem missões na vida para serem cumpridas. Às vezes, é uma só grande missão, com várias submissões ao longo do caminho. Às vezes, a missão não é tão longa assim e você pode acabar cumprindo-a e estipulando novas. Às vezes, você possui uma missão para cada área diferente da sua vida (profissional, familiar, religiosa).

O fato é que o ser humano sempre se desafia ou é desafiado a cumprir um papel durante sua existência no mundo. Precisamos dar algum sentido em existirmos. Para resolver isso, utilizamos as missões de vida.

Para ficar claro, não estou aqui falando de ganhar dinheiro, concluir um curso, fazer uma viagem. Esses são exemplos de metas, de objetivos que colocamos para serem cumpridos e que nos darão alguma satisfação. Missão é diferente, é algo que lhe dá um propósito em estar vivo, é algo do qual você possa se orgulhar, é algo pelo qual você gostaria de ser lembrado.

Vou me utilizar como exemplo: entre as minhas metas eu tenho fazer um doutorado em filosofia e conhecer o Japão. Eu me esforço para um dia conseguir realizar essas metas, mas isso é algo para mim, não é algo que valeria colocar na minha lápide, por exemplo. Seria ridículo algo como “Luiz Claudio, aquele que fez doutorado em filosofia e viajou para o Japão”.

Agora, como missões, eu tenho: fazer a minha esposa feliz; dar orgulho aos meus filhos (no sentido de que eles sintam orgulho de serem meus filhos); e fazer com que as pessoas gostem de filosofia e entendam que ela pode ser descomplicada. Essas sim são coisas que fazem a minha vida ter sentido, que me motivam a acordar todos os dias e dedicar meu tempo. São coisas das quais ficaria feliz de ser lembrado.

Reparem que nas minha missões tem uma que se refere a apenas uma pessoa (minha esposa), uma que se refere a um pequeno grupo (meus filhos) e uma que se refere a um número qualquer de pessoas (não tem como quantificar quantas pessoas serão atingidas pelo meu trabalho em filosofia). Isso quer dizer que a missão de vida que recebemos ou escolhemos não precisa necessariamente mudar o mundo. Só tem que ser algo importante para você, que, como eu já falei, dê um propósito, um sentido para a sua vida. Que você sinta que fez a diferença para alguém enquanto viveu.

Só para esclarecer, quando eu digo que você pode receber essa missão, é porque os acasos da vida podem te colocar diante dela. Assim como no filme não foram os jovens que escolheram a missão, mas ela lhes foi dada, vocês também podem receber essa missão. Pode ser algo espiritual (você sente que Deus que lhe deu essa missão de vida), pode ser um pedido (por exemplo, sua mãe lhe pede no leito de morte para ser ou fazer algo e você aceita), podem ser as circunstâncias do momento (por exemplo, os médicos e enfermeiros que combateram e combatem o coronavírus colocando suas vidas em risco, especialmente no começo, quanto tudo ainda era muito novo e não se tinha um protocolo adequado para agir e se proteger).

Reflexão sobre 1917: Você Só Tem uma Chance

Uma das grandes propostas do filme 1917 foi tentar gravar de tal forma que parecesse que todo o filme foi filmado em uma única tomada, como se o diretor dissesse “Gravando!” desde o primeiro segundo e só dissesse “Corta!” quando o filme acabasse. A ideia aqui é parecer que só houve uma chance, uma tentativa de gravar, os atores e toda a equipe técnica não podia errar. Tem um vídeo curto que explica isso melhor: Making of – take contínuo.

No contexto da história do filme, ocorre algo semelhante. Os dois jovens não podia fracassar. Não existia outra forma de avisar o batalhão e não existia uma outra equipe com a mesma missão. Se eles fracassassem, já era, tudo teria se perdido.

É nesse contexto que faço uma reflexão sobre a nossa vida. Ela é única. Só temos uma chance de fazê-la dar certo! Só temos uma chance de fazê-la valer a pena! Só temos uma chance de fazê-la ter sentido!

Eu sei que pode parecer assustador pensar dessa forma, mas podemos olhar por um outro ângulo e perceber que essa única chance é uma dádiva. Quando podemos errar infinitamente, não colocamos empenho naquilo que fazemos, perde-se o sentido. Quando podemos repetir várias vezes uma situação, ela se torna mecânica, sem importância. Quando sentimos que aquilo que fazemos pode ser feito por outra pessoa, nos sentimos desnecessários.

Precisamos entender que apenas nós podemos cumprir a nossa missão. Precisamos entender que tudo fracassará se não dermos o máximo de nós. Precisamos entender que só temos uma chance para o sucesso.

Quando eu falo que só temos uma chance, pense no sentido macroscópico e não no microscópico. Ou seja, um errinho durante o caminho pode ocorrer (assim como os jovens do filme tiveram algumas decisões erradas que os custaram um tempo precioso). O que não pode é existir o abandono da missão, como se você pudesse deixar para lá e retomar quando bem entender. Isso não existe. A partir do momento em que você abandona, desiste, a missão praticamente fracassou.

Atrasos podem ocorrer, momentos de desespero e desestímulo podem ocorrer. Mas não pode ocorrer o abandono. Se você abandona a sua missão de vida, você abandona o sentido da sua vida.

Quantos relatos já não ouvimos de pessoas que estão para morrer e se arrependem de não terem feito algo que para elas era importante? Essas são situações em que a pessoa achou que poderia ter outra chance e não teve. Se vivemos achando que temos outras chances, ficamos acomodados. Devemos viver como se tudo fosse uma única chance, porque, se pararmos para pensar, todos os acontecimentos da vida são únicos. Até mesmo as situações que parecem uma segunda chance não são idênticas, não são a mesma coisa, são no fundo tentativas de corrigir algo que deu errado, são remendos no tecido da vida.

Reflexão sobre 1917: Conclusão

1917 nos mostrar que a vida possui missões as quais dão sentido para a nossa existência. Além disso, essas missões são chances únicas as quais não podemos desperdiçar porque não teremos outra oportunidade (mesmo que pareça haver segundas chances). Por isso, precisamos encontrar nossa missão de vida e encarar que só temos uma chance de fazer dar certo. O desafio é grande? Enorme! A recompensa vale a pena? Com certeza!

E aí? O que achou dessa reflexão sobre 1917? Deixa suas opiniões nos comentários! Essa reflexão sobre 1917 te ajudou a encontrar a missão da sua vida? Compartilha e ajuda outras pessoas! Quer sugerir outros temas de reflexão para o blog? Entra em contato comigo!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.