Princípios da Lógica Descomplicado: Lógica de Aristóteles

Princípios da Lógica Descomplicado: Lógica de Aristóteles

Olá, marujos! Hoje vamos explicar os princípios da lógica aristotélica de um jeito descomplicado. Esse princípios, segundo Aristóteles, norteiam a forma como funciona o nosso raciocínio. Vamos explicar esses princípios com uma linguagem simplificada e dar exemplos para ilustrar cada um deles. Vamos lá!

Aristóteles

Aristóteles é um filósofo grego da antiguidade. Ele viveu entre os anos de 384 a.C. a 322 a.C. Foi discípulo de Platão e deixou um enorme legado para a história da filosofia e da humanidade como um todo. Uma das suas áreas de estudo foi a lógica. Ele escreveu seis livros sobre o assunto, que foram reunidos em uma grande obra chamada Organon (que significa Ferramenta).

Princípios da Lógica Descomplicado: Introdução

Aristóteles elaborou três princípios ou axiomas referentes a forma como funciona o nosso raciocínio. Isso quer dizer que Aristóteles não disse ou determinou que essa deveria ser a forma como pensamos, mas sim constatou que é essa a forma como pensamos. Ou seja, ela apenas evidenciou aquilo que já existia.

Isso não quer dizer que seu trabalho não foi importante; ao contrário, foi fundamental. Tem uma frase a qual gosto muito, aprendida de um ótimo professor, que diz o seguinte: “o óbvio só é óbvio quando é dito”. Podemos dizer que Aristóteles colocou às claras esse princípio para percebermos as vezes em que não o estamos seguindo (seja sem querer, seja propositalmente).

Segundo o filósofo, esses princípios são fundamentais para o ser humano produzir e interpretar os argumentos como válidos e inválidos.

Princípios da Lógica Descomplicado: Os Três Princípios

Os três princípios são: princípio da identidade; princípio da contradição (ou princípio da não contradição); e princípio do terceiro excluído.

Princípio da Identidade

O princípio da identidade diz que algo é idêntico a si mesmo; e um enunciado deve se manter igual a si mesmo. Simbolicamente, podemos dizer X = X.

Exemplo: quando eu digo a frase “Toda rosa é cheirosa”, eu e meu interlocutor devem estar conscientes do que significa o substantivo “rosa” e o adjetivo “cheirosa”. Ou seja, temos que entender que o termo “rosa” usado aqui se refere à flor e não à cor. Quando eu falo “Toda rosa é cheirosa”, eu estou dizendo “Toda FLOR rosa possui cheiro”, e não que “Toda COR rosa possui cheiro”.

Como eu falei, isso pode parecer óbvio, mas nem sempre é assim. Pensa, por exemplo, em uma situação em que você está conversando sobre uma pessoa chamada “João”. Existem muitos “Joãos” e se você não deixar claro de qual “João” você está falando, você e a outra pessoa podem conversar sobre coisas totalmente desconexas!

Outra coisa importante sobre o princípio de identidade está ligada à verdade ou à falsidade de um enunciado. Em uma conversa, você deve manter sua posição sobre aquilo que você está falando, senão o sentido da conversa se perde.

Exemplo: Você começa um diálogo sobre futebol dizendo que seu time é Flamengo. Se você diz isso, o seu interlocutor vai interpretar que você torce para o Flamengo. Então, não dá para no meio da conversa você dizer que não torce para o Flamengo, mas para o Corinthians. Se você faz isso, você bagunça a lógica da conversa.

Princípio da Contradição (ou Princípio da Não Contradição)

O princípio da não contradição diz que algo não pode ser e não ser a mesma coisa, no mesmo tempo e sob a mesma perspectiva ou aspecto; e um enunciado não pode ser ao mesmo tempo verdadeiro e falso. Simbolicamente, se X = X, então “X” não pode ser “não-X”.

Exemplo: Quando eu me refiro a uma flor específica, ou eu digo “A minha flor é cheirosa” ou “A minha flor não é cheirosa”. Essa mesma flor não pode ser cheirosa e fedida ao mesmo tempo para mim na mesma hora. Ela pode até mudar seu odor, mas em um determinado momento, ou ela é uma coisa ou é outra. A mesma coisa ocorre com diferentes pessoas que estão cheirando a flor: para uns, pode ser cheirosa e para outros, não. Isso é válido. O que não pode é ser e não ser ao mesmo tempo na mesma hora para a mesma pessoa.

Outra coisa importante sobre o princípio da não contradição está ligado à afirmação ou à negação de um enunciado. Em uma conversa, seu posicionamento deve ficar claro sobre determinado assunto, naquele determinado momento e sob aquele determinado aspecto ou situação. Se, por exemplo, uma pessoa te pergunta se você gostou da roupa dela, você responde sim ou não. Se responder sim, é porque gostou. Se responder não, é que não gostou. Não dá para responder “sim” querendo dizer que não gostou; ou dizer “não” querendo dizer que gostou. Isso seria uma contradição e vai atrapalhar a conversa.

Eu lembro de uma das piadas do seriado Chaves que brincava exatamente com o princípio da não contradição. Em vários episódios, Chaves era questionado se ele tinha visto alguma coisa e ele dizia que sim, mas balança a cabeça da direita para esquerda e vice-versa (que é um jeito o qual usamos para dizer “não”). O inverso também acontecia:  ele dizia “não” e balançava a cabeça para cima e para baixo (que é um jeito o qual usamos para dizer “sim”) [procurei um vídeo de algum episódio dele fazendo isso para colocar aqui, mas não achei. Se alguém achar, manda o link nos comentários ou por e-mail, por favor].

Princípio do Terceiro Excluído

O princípio do terceiro excluído diz que algo ou é ou não é, só existindo esses dois modos de ser; e um enunciado ou é verdadeiro ou é falso, não existindo outra possibilidade. Simbolicamente, ou “X” ou “não-X”.

Exemplo: Quando eu digo “Isso é uma maçã”, ou é uma maçã ou não é uma maçã. Não existe uma forma daquela fruta ser meia maçã e meia não-maçã. Não existe no pensamento outra forma de pensar sobre as coisas além de “é” ou “não é”.

A ficção gosta de brincar com isso quando estabelece situações em que algo é e não é ao mesmo tempo. Os zumbis, também chamados de mortos-vivos, são ótimos exemplos: esses seres teoricamente estão mortos ao mesmo tempo que possuem ações de um ser vivo.

Além disso, o princípio do terceiro excluído também vai estabelecer que um enunciado ou é verdadeiro ou é falso. Quando eu digo “Toda as rosas são cheirosas”, eu estou afirmando que TODAS são cheirosas, e essa afirmação ou é verdadeira (TODAS são cheirosas) ou falsa (NENHUMA é cheirosa ou ALGUMAS não são cheirosas); não existe outra interpretação sobre aquilo que falei: ou estou certo ou estou errado.

Princípios da Lógica Descomplicado: Conclusão

Aristóteles estabeleceu que esses são os princípios do pensamento lógico e irá elaborar toda sua teoria sobre a argumentação e o raciocínio levando isso em consideração. Depois dele, praticamente todos nós seguimos essa forma de pensar e argumentar, seguindo esses três princípios mesmo sem saber que alguém escreveu sobre eles. No nosso dia a dia é muito comum percebermos situações em que esses princípios não são seguidos. Agora, vocês já sabem dizer o porquê que aquela determinada fala ou construção verbal estava estranha!

E aí? Entendeu esse artigo? Deixa nos comentários exemplos em que os princípios da lógica aristotélica não são seguidos! Gostou do artigo? Compartilha ele com aquelas pessoa que adoram falar coisas sem lógica para você! Ficou alguma dúvida ou quer sugerir algum tema para o blog? Entra em contato comigo!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.