Uma reflexão sobre God of War: Vingança e Fé

Uma reflexão sobre God of War: Vingança e Fé

Uma reflexão sobre God of War: Vingança e Fé

Olá, marujos! Hoje faremos uma reflexão sobre God of War, uma franquia de jogos da Sony que marcou e ainda marca uma geração de jogadores. Iremos ver como um jogo pode nos ajudar a refletir sobre questões como vingança e fé. Vamos lá?

God of War (franquia)

O primeiro jogo, que deu nome a franquia, foi lançado em 2005 para o PlayStation 2. Ele é um jogo de ação e aventura 3D, em que basicamente você luta e derrota uma série de inimigos enquanto avança nos cenários até chegar a um chefe final. Entre os enfrentamentos, costumam aparecer alguns puzzles, ou seja, alguns desafios de interação no cenário, para desbloquear áreas ou descobrir como acessá-las.

O jogo se passa na Grécia antiga mitológica. Você é Kratos, um guerreiro espartano que estava servindo ao deus da guerra, Ares, até descobrir que ele te fez assassinar a tua própria esposa e filha. A partir desse momento, seu objetivo é matar o deus Ares.

Quando você consegue fazer isso, você se torna o deus da guerra e vai para o Olimpo. Lá, você é traído pelos outros deuses e se volta contra eles, exterminando todos e “acabando” com o culto grego.

A franquia atualmente está explorando a mitologia nórdica, já que Kratos matou todo o panteão grego… kkk.

Uma reflexão sobre God of War: movido pela vingança

O que move Kratos por todos os jogos da era mitológica grega é o sentimento de vingança. No começo do jogo, Kratos já era uma pessoa violenta e sanguinária, cumprindo com determinação e ódio as missões de Ares. Ele tinha prazer no que fazia.

Mas as coisas mudam quando ele descobre que sua família morreu por culpa do próprio Ares. O deus da guerra original enganou Kratos e o fez assassinar sua própria família para que ele não tivesse mais nenhum vínculo terreno e pudesse comandar os exércitos de Ares sem preocupações familiares. Nesse momento, Kratos se revolta com seu senhor.

Kratos se torna implacável e incontrolável, quase que irracional, durante sua busca por vingança. Ele não tem limites e age de forma amoral para atingir seus objetivos. O ódio o alimenta e o sangue dos inimigos o hidrata. No final, ele alcança seu objetivo. Mas será que valeu a pena?

É inegável que sentimentos considerados negativos, como vingança, ódio, inveja, ganância “movem” o mundo. A questão é se os resultados obtidos no final terão valido a pena. O caminho percorrido para um objetivo que foi motivado por um sentimento negativo é solitário. Uma pessoa movida dessa forma não confia em ninguém, não tem paz, não se apega a nada.

Temos o costume de pensar mais nos resultados do que os meios empregados para alcançá-los. Alguém que age pela vingança só tem uma coisa em mente: se vingar. E isso causa uma cegueira para todo o mundo ao redor, inclusive impedindo de perceber que alguns atos impensados podem trazer conseqüências para si mesmo, atrapalhando sua vingança. Além disso, como é uma jornada solitária, no final do percurso, não haverá com quem compartilhar seu “sucesso”. Será uma comemoração vazia de sentido.

Por fim, a vingança cria um vazio interior infinito. Ele pode até ser temporariamente preenchido, mas sempre que se pára ele reaparece e te instiga a retornar seu caminho vingativo. A vingança pode até fecha um ciclo, mas deixa uma sensação de incompletude. Ao se conseguir algo através da vingança, o sentimento que fica não costuma ser de paz. Ao contrário, normalmente criar-se-á um novo objetivo, uma nova vingança a ser realizada.

Uma reflexão sobre God of War: o poder da fé

Na história de God of War, o “alimento” dos deuses é a fé das pessoas. Suas vidas e suas forças dependem da fé dos fieis gregos. Quanto menos adoradores, menos sacrifícios oferecidos, menos cultos prestados, mais fraco fica um deus. E vice-versa.

Um dos motivos de conflito entre os deuses é exatamente a conquista de adoradores. Eles precisam se auto-afirmar, seja invadindo uma cidade que não o cultua ou cultua muito outro deus, seja atendendo pedidos dos fieis, seja ameaçando-os. O motivo da reverência não importa. Seja por amor ou temor, o importante é reverenciar o deus.

Essa curiosidade do jogo nos leva a refletir sobre o poder da fé. No jogo, a fé é que garante a vida aos deuses. E na nossa vida cotidiana, qual seria o poder da nossa fé?

Quando eu falo fé, não quero me limitar apenas à religião. Eu quero falar de qualquer devoção que temos, seja a uma coisa, uma instituição ou pessoa. Ter fé é um ato de doação, de entrega que fazemos a outrem. É dar um pouco de nós.

Muitas vezes, em pequena escala, algumas situações acontecem em nossas vidas porque depositamos fé em algo que não vale. Quando ficamos presos a um relacionamento abusivo, uma religião mentirosa, uma proposta política utópica etc., nós estamos depositando fé e alimentando essas “coisas”.

Assim como os deuses do universo de God of War exigiam provas de fé, nós somos provados muitas vezes. O medo de mudarmos nossa postura, o abandono da fé, nos amedronta porque temos medo do desconhecido. Nenhum mortal sabia que era a fé que alimentava os deuses, pois se soubessem, eles teriam reagido após tantos infortúnios sofridos. Assim também nós temos medo de reagir por não saber o que acontecerá após esse ato.

A fé cega pode, em um primeiro momento, nos deixar tranquilos. É muito mais fácil acreditar em algo e mesmo vendo aquilo dando errado não mudar, argumentando que é assim que as coisas têm que ser. Mudar nossa postura exige coragem, e nem todos sabem que têm isso dentro de si.

Kratos mostrou que os deuses poderiam morrer, e podemos dizer também que você pode abandonar aquilo que te causa mal. No jogo, uma vida sem deuses é uma vida sem um dono. Na vida real, você também não pode se sentir escravo, preso, a nada nem ninguém. Às vezes, só basta um “empurrãozinho” para você perceber que isso que te causa mal é alimentado por uma fé sua, em um poder que você mesmo deu para isso. Liberte-se agora! Se for para ter fé, tenha fé primeiramente em você!

Conclusão

Essa reflexão sobre God of War nos mostrou tanto um exemplo a não ser seguido, como um exemplo a seguir. Por um lado, somos apresentados a uma vida corrompida pela vingança, vazia em si mesma, que nos mostra que o caminho percorrido através de sentimentos negativos não nos preencherá verdadeiramente. De outro lado, somos convidados a deixar de alimentar com nossa fé àquilo que não nos faz bem. Devemos deixar morrer o que nos faz mal e alimentar com fé a nós mesmos primeiramente e depois aquilo que nos faz bem, para sermos livres e independentes.

E aí? Você já experimentou uma vingança ou já sentiu que estava depositando sua fé em uma coisa que não merecia? Comenta aí embaixo! Você conhece alguém que está agindo por sentimentos negativos ou não consegue perceber que está preso em uma situação inaceitável? Compartilha com ela esse artigo! Você está passando por algo muito sério é não quer compartilhar? Manda uma mensagem pelo formulário de contato para conversarmos e buscarmos uma solução juntos.

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

Posted in Jogos / Games, Reflexões Nerds and tagged , , , .

Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.