Uma Reflexão sobre A Ascensão Skywalker: Star Wars e a Questão da Solidão

Uma Reflexão sobre A Ascensão Skywalker: Star Wars e a Questão da Solidão

Uma Reflexão sobre A Ascensão Skywalker: Star Wars e a Questão da Solidão

Olá, marujos! No artigo de hoje, vamos fazer uma reflexão sobre A Ascensão Skywalker, o nono filme da franquia Star Wars. Esse filme conclui a nova trilogia e também se propõe a dar uma conclusão a toda a história que percorreu a família Skywalker, que foi tema principal nos nove filmes da franquia. O tema que mais me chamou a atenção nesse filme foi a solidão e será sobre isso que falarei no artigo. Esse artigo terá alguns spoilers sobre o enredo, mas é provável que não vai atrapalhar quem não viu ainda porque o filme é bem previsível na sua história. Então não precisa se preocupar em perder o impacto de uma “grande” revelação. Vamos lá!

Sobre o Filme

Para situar quem pode estar perdido, lendo esse artigo sem conhecer a franquia ou a nova trilogia, vou fazer um brevíssimo resumo sobre o que é Star Wars, especialmente os filmes, e do que se trata essa nova trilogia.

Bom, Star Wars é considerado uma ópera espacial, ou seja, uma história de ficção científica que se passa no espaço, que apresenta um universo grande de tramas e subtramas, mas com foco no drama dos personagens com algumas pitadas de ação e aventura. Até o momento, o foco dos filmes foi a família Skywalker.

Na trilogia clássica, que foram os episódios IV, V e VI (sim, tudo começou no meio), lançados entre os anos de 1977 e 1983, o que temos é um universo sendo controlado de forma tirânica pelo Império, na figura do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid) e do seu temível subordinado Darth Vader (David Prowse / James Earl Jones). Existe um grupo de Rebeldes que lutam para derrubar essa tirania, comandados pela princesa Leia Organa (Carrie Fisher). Nessa disputa de poder, descobre-se Luke Skywalker (Mark Hamill), um jovem órfão que possui o poder da Força (um tipo de poder místico que perpassa tudo o que existe) e tem potencial para ser um Jedi (uma espécie de guerreiro místico que luta pelo bem e pelo equilíbrio do universo). Luke se une aos rebeldes. Juntos com outras figuras improváveis, como os contrabandistas Han Solo (Harrison Ford) e Chewbacca (Peter Mayhew), os androides C3-PO (Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker) e outros tantos rebeldes, eles enfrentam e derrotam os vilões.

Na trilogia “prequela” (que conta fatos anteriores ao conteúdo original), que foram os episódios I, II e III, lançados entre os anos de 1999 e 2005, temos a história de Anakin Skywalker, uma criança que parece ser “o escolhido” para trazer o equilíbrio da Força, mas que acaba se tornando o grande vilão Darth Vader. Também temos a história por trás da ascensão do Imperador Palpatine e do surgimento do Império.

Na atual trilogia, que se passa 30 anos após os acontecimentos da trilogia clássica, que são os episódios VII, VIII e IX, lançados entre os anos de 2015 e 2019, temos o surgimento da Primeira Ordem, um grupo que quer retornar o antigo Império. Contra eles, temos a Resistência, liderada novamente pela Leia Organa. Somos apresentados a novos heróis, como o piloto Poe Dameron (Oscar Isaac), um stormtrooper rebelde Finn (John Boyega) e a catadora de lixo Rey (Daisy Ridley), ao mesmo tempo em que reencontramos os antigos heróis. Os vilões são o Líder Supremo Snoke (Andy Serkis), Kylo Ren (Adam Driver) – que é filho de Han Solo com Leia, estava treinando para ser um Jedi e se rebelou -, e o retorno de Palpatine (como o grande vilão por trás de tudo, novamente). Como é de se esperar, os heróis vencem novamente.

Uma Reflexão sobre A Ascensão Skywalker: A Solidão Social

No final do oitavo filme, a Resistência manda um pedido de ajuda para toda a galáxia, porque suas tropas estão em pouquíssimo número e sem forças e suprimentos para enfrentar o inimigo. Durante todo o filme, até os instantes finais da última grande batalha, a Resistência ficou sem nenhuma resposta, sozinha.

O personagem Poe Dameron se tornou a personificação daquele que está revoltando porque ninguém vem ajudar, sendo que todos estão vendo os esforços de poucos e sabem que se esses poucos perderem, vai ser pior para todo mundo. Ele passa o filme inconformado porque não entende onde estão as pessoas, porque elas não ajudam. Quem tenta sempre contornar essa situação é a própria Leia, que sempre lhe pede serenidade e paciência e Lando Calrissian (Billy Dee Williams), que lhe pede para confiar nas pessoas.

Aristóteles, em sua Política, alerta que todas as formas de governo (seja de um, poucos ou muitos) podem ser benéficas ou maléficas para a sociedade. O que determina o sucesso ou fracasso de um governo são as intenções dos governantes e a atitude dos governados. Para o filósofo, o ser humano é, em sua essência, além de um animal racional (zôon logikon) um animal político (zôon politikon). Logo, o sucesso da vida social, comunitária depende da iniciativa dos próprios cidadãos.

Isso diz muito para a nossa sociedade, porque muitos pensam que suas únicas obrigações como pessoas políticas seria votar de dois em dois anos. Que aqueles que assumirem os cargos políticos ganham para fazerem seus papeis. De um certo modo, realmente os políticos deveriam zelar pelo bem público, mas isso não tira a responsabilidade dos demais cidadãos de fiscalizarem e cobrarem dos políticos boas práticas e boas intenções.

É óbvio que isso é fácil de se dizer no discurso, mas relativamente difícil na prática. Tanto é que, no filme, viveu-se a angústia da luta solitária, como acontece com muitas pessoas, que tentam lutar sozinhas para mudar suas realidades sociais sem o devido apoio dos seus. Mas Star Wars sempre foi um filme de esperança para a sociedade e, como era de se esperar, quando tudo estava para acabar, quando parecia que “já era”, o reforço chegou. Lando trouxe consigo o reforço que a Resistência precisava. A grande surpresa era que não eram naves de combate, mas naves comuns, de transporte, de uso pessoal, para mostrar que a força da Resistência está nas pessoas comuns. Não podemos ficar esperando mudanças significativas de uma grande pessoa ou instituição, devemos lutar juntos – a força vinda de baixo, do povo – por essas mudanças.

Uma Reflexão sobre A Ascensão Skywalker: A Solidão Pessoal e o Legado

Outra pessoa que também ficou durante todo o filme sofrendo com a solidão foi Rey. Desde o começo, ficava claro que ela se sentia sozinha, pois não ouvia as vozes dos antigos mestres Jedi. Além disso, a própria Rey já tinha um passado conturbado, pois não sabia nada da sua família, quem ela era, porque foi abandonada.

A falta de uma origem a deixava desconcentrada no seu treinamento. Mas a descoberta de quem ela era também não ajudou muito. Isso nos faz pensar que saber nossa origem, de onde viemos, qual é a nossa história é sim importante, mas não pode ser o principal. Não podemos ficar presos ao passado como se ele nos definisse. Claro que nossa origem diz muito de nós, mas o que somos agora também diz muito de nós.

Foi apenas quando Rey percebeu isso, que o seu passado não era tão importante quanto o seu presente, que ela “acordou”. Nesse momento, ela conseguiu trabalhar a Força para se conectar com os antigos mestres Jedi. Aqui, temos outra grande reflexão trabalhada: a questão do Legado. Rey entendeu que, sendo a última Jedi, ela carregava o legado de todos aqueles que durante suas vidas defenderam essa causa. Mas isso não veio como um peso, um fardo, mas veio como um auxílio, um apoio. Ela entendeu que todos aqueles mestres já tiveram suas lutas interiores, seus “monstros” pessoais a serem enfrentados. Ela não estava só.

Ao fazer sua luta final, Rey entendeu que ela não era apenas uma Jedi, mas carregava em si toda a força Jedi, a reunião de todos os mestres. Trazendo para nossa realidade, podemos pensar que cada um de nós, em nossas profissões ou jeitos de ser, trazemos um legado. Nós fomos educados e formados por pessoas que foram educadas e formadas por outras pessoas que foram educadas e formadas e assim sucessivamente. Quem somos é uma longa história de formação que pode ser remetida à origem da raça humana.

Uma Reflexão sobre A Ascensão Skywalker: Conclusão

Todos nós carregamos um legado e deixaremos um legado para alguém. Por isso, nunca estaremos sós e nossa luta nunca será em vão.

E aí? Gostaram dessa reflexão? Deixa nos comentários suas impressões sobre o filme e outras reflexões que você teve com ele. Gostou do artigo? Acha que ele ajuda a valorizar o filme? Compartilha! Gostaria que eu escreve um artigo para cada um dos filme ou quer sugerir alguma outra saga? Entra em contato comigo!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.