Olá, marujos! Hoje vamos mostrar como trabalhar a questão da mitologia através de um jogo de adivinhação. Por mais estranho que possa parecer esse tema em um blog de filosofia, ela é muito pertinente porque a filosofia surgiu como oposição à mitologia, como uma nova forma de explicar o porquê das coisas. Eu vou falar um pouco do que é mitologia e da sua relação com a filosofia. Depois, vou explicar sobre o jogo em si e como jogá-lo. Vamos lá!
Mitologia através de Jogo: Mitologia e Filosofia
Mitologia é tanto o estudo dos mitos quanto a reunião deles. No nosso caso, como estamos falando dos primórdios da filosofia, o foco é a relação dela com a mitologia grega.
Basicamente, o mito é uma narrativa com personagens que conta a história de algum ser sobrenatural que criou ou influenciou alguma coisa no universo ou no ser humano.
A verdade do mito está na crença. A mitologia era a única forma que os gregos tinham para explicar o surgimento e o funcionamento do universo e deles mesmos.
Com o surgimento da filosofia, os gregos foram abandonando a explicação através das crenças e começaram a buscar uma explicação racional para a origem e funcionamento de tudo.
Para aprender mais sobre Mitos e a sua relação com a filosofia, recomendo a leitura do artigo: Mito e Filosofia Descomplicado: Uma Relação.
Mitologia através de Jogo: Adivinha de qual mitologia estou falando?
Esse é um jogo para ser jogado no começo da aula, servindo como uma introdução ao tema mitologia.
A proposta do jogo é expor diversas mitologias sobre a origem do universo e propor que os alunos descubram o nome do povo a que pertence aquela mitologia.
Preparação
Escrever no quadro, nessa ordem, os nomes dos povos: Chinesa / Egípcia / Babilônica / Judaico-Cristã / Persa / Cherokee / Aborígenes / Escandinávia / Indiana / Tupi-Guarani / Grega. São onze povos / culturas.
Pedir que os alunos peguem uma folha de papel e uma caneta e escrevam de “A” até “K” (onze letras).
Avisar que você vai ler um resumo sobre a mitologia de uma cultura e eles terão que adivinhar o nome do povo que tem aquela crença, escrevendo ao lado da letra o nome da cultura.
Jogando
Leia, projete, ou projete e leia os resumos das culturas e dê uns segundos para os alunos escolherem uma das opções que estão no quadro. Obviamente, algumas eles saberão e outras não farão a mínima ideia, apenas chutando.
São esses os resumos que fiz (retirei da Wikipédia). ATENÇÃO: na lista abaixo, eu começo com o nome da cultura para servir de gabarito. Se for projetar ou imprimir, tem que tirar esse nome senão estraga a brincadeira.
- Chinesa – O primeiro ser vivo foi P’an Ku, que cresceu durante 18 mil anos dentro de um ovo cósmico. Quando se chocou, a casca acima dele tornou-se o céu, enquanto a casca debaixo tornou-se a terra.
- Indiana – Brahma começou do nada. Apenas com o pensamento, ele criou as águas em que depositou seu sêmen. Isso se transformou em um ovo de ouro, do qual ele nasceu. Brahma cresceu sozinho e dividiu-se em dois para formar o homem e a mulher.
- Escandinávia – Antes de existir o tempo, havia um lugar de nevoeiro e gelo chamado Niflheim. O fogo de Muspelheim eventualmente derreteu o gelo de Niflheim, que pingou e formou uma vaca gigante chamada Audhumla e um gigante gelado chamado Ymir. Estes gigantes acasalaram e deram à luz ao deus Odin e seus irmãos. Odin e seus irmãos mataram Ymir e a terra foi feita a partir de sua carne, o céu de seu crânio, o mar de seu sangue, as nuvens de seu cérebro, as montanhas de seus ossos e as árvores de seu cabelo.
- Aborígenes – As histórias da criação começam com o Sonho, quando o mundo estava nu e frio. A Serpente Arco-Íris dormiu debaixo da terra com todas as tribos de origem animal em sua barriga. Quando o tempo melhorou, ela saiu e vomitou os animais, juntamente com as características do mundo natural.
- Egípcia – Antes do início dos tempos, havia Nun, o oceano primordial do caos. De um ovo na superfície de Nun surgiu uma divindade chamada Rá. Rá criou um filho e uma filha divinos via masturbação, para produzir uma raça de deuses. As lágrimas de Rá se tornaram a humanidade.
- Cherokee – Os animais estavam vivendo felizes no céu, mas acharam que era inconveniente ficar lá em cima, então foram em busca de um espaço mais confortável. Eles mandaram o besouro para descobrir se existia algum lugar para baixo dos céus, então o besouro mergulhou nos vastos mares e reuniu lama do fundo do mar. A lama cresceu, se proliferou, e assim a Terra foi formada.
- Tupi-Guarani – Tupã, o deus Sol e realizador de toda a criação, com a ajuda da deusa lua Araci, desceu à Terra e criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Tupã então criou a humanidade em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza.
- Babilônica – O universo surgiu quando Nammu, um abismo sem forma, enrolou-se em si mesmo num ato de auto-procriação, gerando An, deus do céu, e Antu (Ki), deusa da Terra.
- Persa – Ormuz é o mestre e criador do mundo. Ele é soberano, onisciente, deus da ordem. O Sol é seu olho, o céu suas vestes bordadas de estrelas. Atar, o relâmpago, é seu cílio. Apô, as águas, são suas esposas.
- Judaico-Cristã – No princípio Deus criou os céus e a terra. Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo. Disse Deus: “Haja luz”, e houve luz. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou à luz dia, e às trevas chamou noite. Então Deus fez o firmamento e separou as águas que ficaram abaixo do firmamento das que ficaram por cima. À parte seca Deus chamou terra, e chamou mares ao conjunto das águas. E Deus viu que ficou bom.
- Grega – Inicialmente todas as coisas tinham o aspecto que se dava o nome de Caos, que era uma densa escuridão e um imenso vazio sem começo nem fim. Dele surge Gaia (a Terra). Sem intermédio masculino, Gaia deu à luz Urano, que então a fertilizou. Dessa união entre Gaia e Urano, nasceram os Titãs. Contudo, Urano sabendo do poder de seus filhos e com medo que lhe derrotassem não permitiu que saíssem do interior de Gaia. Porém com a ajuda da mãe, que produziu de suas entranhas uma foice, Cronos derrotou seu pai. Após libertar os irmãos do interior de Gaia, Cronos se torna o rei dos titãs com sua irmã e esposa Reia, no entanto tornou-se tão perverso quanto o pai e com Reia procriou os primeiros deuses olímpicos, mas logo os devorou pelo medo de que algum deles o destronasse. Mas Zeus, o filho mais novo, com a ajuda da mãe que deu a Cronos uma pedra embrulhada, que a comeu pensando ser Zeus, travou uma guerra contra seu pai. Com a vitória de Zeus, Cronos e outros Titãs são condenados à prisão no Tártaro, depois de obrigar o pai a vomitar seus irmãos.
Repare que as últimas duas são a Judaico-Cristã e a Grega, uma fé atual, praticada e uma fé extinta. A proposta de colocar a judaico-cristã é para explicar aos alunos que aquilo que hoje é mitologia já foi uma religião praticada, e que a fé judaico-cristã só é fé para quem crê nela, porque quem não crê trata como apenas uma história. A última é a grega para que fique mais fácil a explicação e os exemplos, já que a filosofia vem em oposição à mitologia grega.
Após o Jogo.
Acabado o momento de anotação, vem a correção. Cada professor tem que ver qual é a melhor estratégia para a sua sala: você canta o gabarito e cada aluno corrige o seu próprio; você canta o gabarito e cada aluno corrige as respostas do colega do lado; ou você recolhe tudo e corrige sozinho.
O aluno ou os alunos que marcarem mais pontos na atividade podem ganhar um prêmio ou ponto extra, como forma de parabenização e incentivo aos demais.
Mitologia através de Jogo: Variações
Dependendo dos recursos e da dinâmica da aula, o professor pode fazer algumas variações nesse jogo:
- Criar um arquivo de texto com o nome dos povos e as descrições mitológicas e imprimir uma cópia para cada aluno. Assim, o aluno vai fazer uma espécie de “relacione” entre povo e mito (evitando, assim, ter que falar cada mitologia ou ter problema com tempo de passagem de um texto para outro);
- Imprimir em forma de tabela as mitologias e os nomes dos povos, tudo em letras grande. Colar em um papelão e cortar. Fazer isso duas, três ou quatro vezes. Assim, com os kits prontos, dividir a turma em grupos e pedir para eles fazerem a relação, colocando junto cultura e mitologia. O grupo que acertar mais vence.
Mitologia através de Jogo: Interdisciplinaridade
Essa aula pode ser dada junto com o professor de história.
O professor de história pode aproveitar essa aula para explicar a origem do povo grego, que também é a origem da cultura ocidental. Explicar como esse povo se originou e como a mitologia foi importante para criar uma cultura forte e evoluída.
Mitologia através de Jogo: Conclusão
Mitologia é um tema muito legal, mas infelizmente ficamos muito limitados a produções que envolvem mitologia nórdica e grega. Esse jogo tem a proposta de apresentar outras culturas e outras mitologias para os alunos. Inclusive, uma das coisas que o professor pode explorar são as similaridades de alguns elementos em culturas tão diferentes. Tanto essa aula quanto esse jogo não têm o propósito de tirar o valor do mito, ao contrário quer valorizá-lo, mas sem perder a preocupação em mostrar que a Filosofia veio para pensar o mundo de uma forma diferente daquela pensada na mitologia grega.
E aí? Você gosta de mitologia? Qual é a sua história preferida? Conta aí embaixo! Gostou desse artigo? Compartilha e ajuda a divulgá-lo! Quer sugerir temas ou atividades para o blog? Entra em contato comigo!
Até a próxima e tenham uma boa viagem!