Olá, marujos! Hoje nosso artigo será focado em mostrar como ensinar o epicurismo através de uma dinâmica. Para deixar o artigo mais completo, irei explicar quem foi Epicuro, o que é o epicurismo e quais são suas principais teorias. Esse artigo tanto serve para quem quer aprender um pouco mais de filosofia (porque tem uma parte teórica, de forma descomplicada), quanto para quem quer ensinar filosofia (porque tem uma parte prática). Vamos lá!
Epicurismo Através de Dinâmica: Teoria
Caso queiram conhecer em detalhes a teoria ética do epicurismo, recomendo: Epicurismo Descomplicado: Ética Helenística.
Se não existe essa necessidade, abaixo se encontra um pequeno resumo sobre o tema.
Epicuro e o Epicurismo
Epicuro de Samos foi um filósofo helenista que viveu entre 341 e 271/270 a.C. Pouco se sabe de sua vida, mas basicamente ele viajou bastante, aprendendo diferentes teorias filosóficas e sendo professor de filosofia até se estabelecer em Atenas, onde fundou sua escola chamada de “O Jardim”. Sua escola era menos um centro acadêmico, de busca por respostas filosóficas aos grandes problemas da vida (como era a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles), e mais uma espécie de retiro espiritual permanente, onde as pessoas iam para se reunir e aprender a encontrar a felicidade.
A Busca pelo Prazer Verdadeiro
A forma defendida por Epicuro de se encontrar a felicidade era em uma vida de prazeres (hedonismo). Entretanto, não devemos entender esse hedonismo como uma busca de prazeres de qualquer tipo e de qualquer forma. Isso é uma interpretação errônea da filosofia de Epicuro. Epicuro era materialista, ou seja, acreditava que toda a vida humana estava restrita ao mundo material (a alma humana também seria material), não existindo vida após a morte. Por ser um ser apenas material, a forma como o ser humano compreende o mundo e o aproveita seria apenas pelos seus sentidos.
Epicuro divide os prazeres em três categorias:
1ª. Prazeres naturais e necessários (Exemplo: comer / beber água / dormir);
2ª. Prazeres naturais e não necessários (Exemplo: comer comida refinada / dormir em colchão macio); e
3ª. Prazeres não naturais e não necessários (Exemplo: riqueza / poder / prestígio).
Segundo Epicuro, os prazeres que devemos buscar são os da primeira categoria, pois é aquilo que precisamos e nos conecta com o mundo. Os da segunda categoria até podem ser usufruídos, mas não devem ser o foco principal, pois nem sempre estão disponíveis e isso nos incomodaria. Já os prazeres da terceira categoria nunca devem ser buscados, pois são insaciáveis e inacessíveis, tornando-nos dependentes deles e angustiados pela sua ausência.
Dessa forma, percebemos que Epicuro defende a busca por um prazer moderado, simples e virtuoso. A Felicidade, para ele, estaria em uma vida de aponia (ausência de dor física) e ataraxia (ausência de preocupações / imperturbabilidade da alma). Podemos, assim, perceber que a filosofia epicurista buscava algo muito próximo ao instinto básico (buscar o prazer e fugir da dor).
O Tetrapharmacon de Epicuro
A tradição filosófica fez uma interpretação da filosofia epicurista, que consiste em quatro lições a serem seguidas a fim de que a pessoa alcance a paz interior, chegando à absoluta imperturbabilidade da alma e, por consequência, à verdadeira felicidade. O nome dado foi Tetrapharmacon (traduzido seria quadri-fármaco), pois seriam os remédios para os males do mundo. São eles:
1. Não devemos temer os deuses. Eles são felizes e não se preocupam com a vida humana (Explicando: os deuses existem, mas habitam um lugar chamado intermundo e não se importam com os humanos);
2. Não devemos temer a morte. Com a morte, os átomos se dissipam, e, com isso, não há como sentir (Explicando: a morte seria o fim dos sentidos e não restaria nada de nós após sua chegada, não existindo nada de espiritual e/ou eterno da existência humana);
3. O prazer está à disposição de todos (Explicando: todos nós podemos ter prazeres, porque os prazeres que devemos buscar são apenas os básicos e simples, que estão ao acesso de todos);
4. A dor, se é muito forte, dura pouco. E, caso contrário, pode ser superada (Explicando: a dor verdadeiramente intensa é a dor de morte e dura pouco porque logo morreremos devido ao que a causou; se não morrermos dela, é porque ela não é tão intensa assim, sendo suportável).
Epicurismo Através de Dinâmica: “O que você prefere?”
Essa dinâmica deve ser feita antes da explicação da matéria.
Desenvolvimento
1. Pedir para os alunos, em seus cadernos, desenharem três colunas;
2. No topo de cada coluna, escrever: Sempre / Às Vezes / Nunca.
3. Listar os tipos de prazeres aleatoriamente e pedir para o aluno anotar em qual lista ele colocaria cada coisa: um rodízio de pizza como única refeição do dia; água potável ilimitada; riqueza; poder; três refeições simples (mas completas) em um dia; em uma viagem de um mês, passar 15 dias em um hotel de luxo e 15 dias em um albergue; fama; em uma viagem de um mês passar os 30 dias em um quarto privativo simples.
Explicação
Após os alunos terminarem, o professor irá relacionar os prazeres da dinâmica com as três categorias de prazeres desenvolvidas por Epicuro. Dessa forma, o professor poderá mostrar o quão próximo ou distante eles estão da felicidade segundo o epicurismo. A partir daí, ele já pode explicar quem foi Epicuro, o que é o Epicurismo e ir desenvolvendo a sua teoria filosófica.
Adaptações
A. As escolhas de prazeres, tanto dos exemplos quanto das quantidades é livre. Fica ao critério do professor, para melhor andamento da dinâmica e realidade escolar. Somente aconselho ter pelo menos dois exemplos de cada tipo.
B. Em vez de ser feito no caderno, individualmente, o professor também pode criar um quadro ou tabuleiro com tudo impresso (colunas e prazeres) e os alunos, em grupos, iriam eles mesmos lendo e decidindo onde encaixar cada item.
Epicurismo Através de Dinâmica: Interdisciplinaridades
O professor pode aproveitar essa dinâmica e convidar o professor de Educação Física e de Biologia para a escolha dos prazeres e aplicação da dinâmica. A ideia, nesse caso, é que se coloquem bastantes exemplos, incluindo práticas cotidianas e alimentares, que são saudáveis ou não para o organismo do jovem (por exemplo, comidas gordurosas x salada, excesso de celular x leitura de livro etc.). Durante a explicação, esses professores podem mostrar a importância dos hábitos saudáveis para um vida plena, feliz e duradoura; e como essas práticas hoje ajudarão os jovens a chegarem melhor dispostos à idade adulta.
Epicurismo Através de Dinâmica: Conclusão
Esse artigo funciona tanto como filosofia descomplicada quanto prática diferenciada. Espero que ele tenha ajudado tanto a entender a filosofia epicurista quanto descobrir uma forma lúdica de ensinar esse conteúdo filosófico.
E aí? O quanto epicurista você é? Deixa aí nos comentário! Gostou dessa dinâmica? Compartilha esse artigo nas suas redes sociais! Quer sugerir algum tema filosófico que você precisa dinamizar? Entra em contato comigo que eu irei ver alguma forma de trabalhá-lo de forma lúdica!
Até a próxima e tenham uma boa viagem!