Ensinando o Quadrado das Oposições através de Jogo: Torta na Cara

Ensinando o Quadrado das Oposições através de Jogo: Torta na Cara

Olá, marujos! Hoje, mostrarei como você pode estar ensinando o quadrado das oposições através do jogo “Torta na Cara”. Os alunos se enfrentarão, interpretando as relações entre as proposições propostas pelo professor enquanto olha para o quadrado das oposições que estará no quadro. Quem responder mais rápido e certo dará tortada na cara do amigo! Vamos lá!

Relembrando o Conceito

O Quadrado das Oposições (também chamado Quadrado Lógico ou Tábua das Oposições) foi uma criação da filosofia medieval para expressar graficamente as relações entre proposições de diferentes tipos que contém os mesmos sujeitos e predicados.

Quem descreveu essas relações foi Aristóteles, mas os filósofos medievais criaram esse quadrado para facilitar a compreensão dessas relações.

Nomeando os tipos de proposição em A (universal afirmativa), E (universal negativa), I (particular afirmativa) e O (particular negativa), foi criado um quadrado em que cada ponta é representada por uma dessas letras / proposições.

Depois, cada linha de ligação entre essas pontas, seja na vertical, horizontal ou diagonal foi identificada com um nome que indica o tipo de relação existente entre essas proposições.

Com isso, sabendo-se a verdade ou falsidade de uma proposição, pode-se facilmente saber a verdade ou falsidade dos demais tipos dessa proposição.

Para saber mais a respeito desse assunto, com a explicação completa e com exemplos de cada uma das relações existentes dentro do quadrado das oposições, recomendo a leitura do texto: Quadrado das Oposições Descomplicado: O Quadrado Lógico.

Ensinando o Quadrado das Oposições através de Jogo: O Jogo

Apresentação

O jogo “torta na cara” consiste basicamente em se fazer uma pergunta para dois adversários. Aquele que responder mais rápido e certo dá uma tortada na cara do adversário. Se responder errado, é ele quem leva a tortada.

Preparação

Você precisará preparar as tortas para a brincadeira.

Para a base, pode-se usar pratinhos de papelão ou de plástico. Eu acho os de papelão mais fáceis de manusear e sem risco de quebrar na hora da tortada, mas não sei se são mais fáceis e mais baratos de encontrar. Então, fica a critério do professor.

Para o chantilly, existem três opções: ou comprar aquelas garrafas de spray que já vem com o produto pronto (mas que são bem mais caras), ou comprar umas caixas que contém um creme de chantilly já semipronto, precisando só bater na batedeira. Também vendem chantilly em pó, que você precisará bater na batedeira com leite gelado.

Tendo tempo e criatividade, esses chantillys que precisam bater podem levar corantes e essências para deixar o chantilly mais bonito e gostoso.

Eu sinceramente não sei se dá para bater com antecedência o chantilly e levar no dia da brincadeira. Quando eu fiz na escola, eu bati na própria escola alguns minutos antes. Aí, fica a critério do professor como proceder (caso ele tenha que fazer tudo sozinho ou se terá ajuda das tias da cozinha, por exemplo).

Também será necessária uma forma de identificar quem foi o mais rápido na hora de responder à pergunta. Na Internet, vende-se mesas para esse tipo de brincadeira, que sinaliza quem primeiro apertou o botão para responder.

Porém, não é obrigatório investir nesse tipo de equipamento se ele não for receber muito uso. Para substituí-lo, você pode pedir para os alunos baterem diretamente na mesa e aí você sozinho ou com a ajuda de alguns alunos identifica quem foi o primeiro caso se tenha dúvidas, ou pode-se colocar um objeto pequeno no centro da mesa em uma distância equidistante, tipo um desses copos de plástico de festa ou um bonequinho e quem pegar primeiro o objeto ganha o direito de responder.

No dia da aula, o professor precisa desenhar no quadro o quadrado das oposições, com as letras nas pontas e o nome das relações em cada linha.

Execução

A brincadeira é para ser feita no meio da aula, depois que a explicação do conteúdo já tiver sido feita.

Decida se vai separar a turma em dois grupos ou se vai fazer confrontos individuais. Se for dividir a turma em dois grupos, coloque metade da turma para cada lado da sala e no centro dela coloque a mesa em que o jogo será jogado. Se forem confrontos individuais, pode-se deixar os alunos nos seus lugares e colocar a mesa do confronto na frente da sala, onde normalmente o professor fica para dar aulas.

Em uma mesa próxima, pode-se colocar várias tortas prontas para facilitar e agilizar a execução da brincadeira. Se não optar por isso, apenas coloque nessa mesa os materiais que serão utilizados. Não esqueça de panos de prato ou papéis toalha para limpar os rostos sujos, além da mesa e chão (que também sujarão).

Chame dois jogadores (se for disputa por grupo, um de cada grupo). Dê uma torta para cada um. Peça para colocarem a outra mão na cabeça e ficarem com a coluna reta. Explique que você fará a pergunta e o primeiro que bater (ou pegar o item) e responder corretamente ganhará a rodada e dará a tortada no colega; mas se errar, será ele quem levará a tortada.

Eu sugiro que proíba passar a torta no cabelo do colega, sob pena de desclassificação e até advertência formal da escola porque cabelo sujo com esse tipo de produto é complicado de lidar.

A princípio, não é necessário terminar a pergunta para a pessoa bater. Se ela conseguir deduzir o final da pergunta e responder corretamente, é vantagem dela. Conduto, o professor nunca deve repetir a pergunta depois que alguém bater. Só se ambos ainda estiverem com as mãos para o alto. De qualquer forma, o professor pode exigir que se espere o “já” para poder bater como forma de todos (jogadores e plateia) ouvirem a pergunta e poderem pensar a resposta.

Faça a pergunta, verifique a resposta, declare o vencedor da rodada e permita a tortada.

Perguntas

Mas quais são os tipos de perguntas que o professor pode fazer? Eu pensei no seguinte:

O professor vai dizer algo como “se ‘todos os seres humanos são mortais’ for verdadeiro, então ‘nenhum ser humano é mortal’ é…'”? Aí, o aluno tem que responder se é verdadeiro, falso ou inconclusivo e qual o tipo de relação existente. Nesse exemplo, a resposta seria “falso, e o tipo de relação é contrária”.

Pode-se usar o mesmo tipo de esquema de pergunta apenas mudando os tipos de proposição do começo e do fim (no exemplo, eu comecei com uma A, perguntando sobre uma E), e mudando a verdade ou falsidade da primeira proposição (no exemplo, eu disse que a A era verdadeira).

Seguem outras frases que você pode utilizar para perguntas:

Todas as bananas estão maduras / Nenhuma banana está madura

Não tenho nenhum dinheiro em casa / Todo o meu dinheiro está em casa

Alguns primos vieram aqui em casa / Alguns primos não vieram aqui em casa

Alguns políticos não são corruptos / Alguns políticos são corruptos

Todos os alunos foram aprovados / Alguns alunos não foram aprovados

Nenhuma pessoa merece a pena de morte / Algumas pessoas merecem a pena de morte

Todos os dias eu tomo café da manhã / Hoje eu tomei café da manhã

Hoje eu malhei / Eu malho todos os dias

Nenhuma mulher é tão especial quanto você / Minha mãe é tão especial quanto você

Meu namorado não presta! / Nenhum homem presta!

Premiação

Se a turma for dividida em grupos, pode-se dar pontuação máxima ao grupo vencedor e pontuação de participação ao grupo perdedor.

Se a atividade for individual, pontuação máxima ao aluno que der a tortada e pontuação de participação de quem recebeu a tortada.

Ensinando o Quadrado das Oposições através de Jogo: Relacionando o Jogo com o Conteúdo

O jogo em si não tem nada relacionado ao conteúdo, ele é apenas um meio para o professor testar o conhecimento do conteúdo com os alunos.

O jogo em si é uma gamificação da fixação do conteúdo. Em vez de o professor só fazer as perguntas oralmente ou no caderno para o aluno responder (como um exercício), ele fará a mesma coisa se divertindo.

Ensinando o Quadrado das Oposições através de Jogo: Interdisciplinaridade

Não consegui pensar em nenhuma relação que se possa fazer dentro dessa aula com outras disciplinas.

Por outro lado, o jogo da torta na cara serve para qualquer disciplina. Então, se for interessante, pode-se juntar mais professores de diferentes disciplinas para fazer perguntas de várias áreas, sendo as de filosofia baseadas nessa ou em outros conteúdos.

Conclusão

O jogo “torta na cara” é um clássico e vai divertir bastante a turma. O ruim dele é o trabalho que dá para preparar as tortas e, depois, limpar a bagunça. Como esse conteúdo trabalha muito com decoração das relações entre as proposições, acredito que essa será uma forma leve de exercitar esse conhecimento.

E aí? Alguma parte ficou confusa? Deixa sua dúvida nos comentários! Conhece algum professor de filosofia? Compartilha esse artigo com ele! Quer sugerir outros conteúdos de lógica para receberem uma aula diferenciada? Entra em contato comigo!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.