Olá, marujos! Hoje, explicarei o dualismo cartesiano de um jeito descomplicado. Após breve apresentação do filósofo, explicarei sua teoria sobre a ligação corpo-mente nos seres humanos com uma linguagem simples e exemplos para ajudar. Vamos lá!
Sobre o Filósofo
René Descartes foi um filósofo francês conhecido como “o fundador da filosofia moderna”. Suas ideias foram importantes não só para a filosofia, como também para a matemática e para a ciência. Ele nasceu em 31 de março de 1596. Durante sua vida, viveu em uma corda-bamba tentando equilibrar seu pensamento filosófico inovador e a teologia vigente na época (que tinha muito poder político).
Para saber mais de sua vida pessoal e filosofia, recomendo a leitura do artigo: Descartes Descomplicado: Biografia e Filosofia.
Dualismo Cartesiano Descomplicado: O Dualismo Substancial
Descartes também se preocupou com um dos problemas mais complexos: quem somos nós. Na busca por compreender o ser humano, ele não pode deixar de perceber que somos uma consciência e também possuímos um corpo.
A relação corpo-mente é complexa porque envolve um questionamento sobre como é possível existirem e conviverem de forma relativamente harmônica duas instâncias tão diferentes entre si, como são o corpo e a mente humanos.
A teoria filosófica de Descartes sobre a união do corpo e da mente humanos ficou mais conhecida como dualismo cartesiano. Porém, ela também recebe o nome de Dualismo Substancial ou Dualismo de Substâncias.
Essa teoria está presente nos seus livros Meditações e As Paixões da Alma.
Segundo o filósofo, o ser humano possui duas substâncias, ou seja, duas naturezas que o constitui. São essências diferentes, independentes e também, de alguma maneira, opostas: a alma (coisa pensante) e o corpo (coisa extensa).
“[…] já que, de um lado, tenho uma ideia clara e distinta de mim mesmo, na medida em que sou apenas uma coisa pensante e inextensa, e que, de outro, tenho uma ideia distinta do corpo, na medida em que é apenas uma coisa extensa e que não pensa, é certo que este eu, isto é, minha alma, pela qual eu sou o que sou, é inteira e verdadeiramente distinta de meu corpo e que ela pode ser ou existir sem ele” (Descartes, Meditações).
Sendo assim, teríamos duas substâncias distintas, que poderiam existir por si mesmas, independentemente uma da outra: o corpo e a alma.
Dualismo Cartesiano Descomplicado: A Alma
De acordo com Descartes, a consciência é distinta da matéria e é considerada a instância do “eu”.
Além de alma, outros nomes que Descartes dá para essa substância é mente, espírito e res cogitans (coisa pensante).
Cada alma representa uma consciência única, individual, inacessível a outras pessoas e, portanto, inacessível a qualquer pesquisa externa.
A alma é a sede da nossa subjetividade: é ela que representa o sujeito único que somos e guarda tudo aquilo que somente nós temos acesso (como sentimentos, memória, gostos).
A alma é indivisível e constitui a unidade própria do pensar, não possuindo matéria nem sendo passível de percepção sensorial.
Para o filósofo, a alma pode ser e existir sem o corpo (logo, é imortal).
Como a alma é a coisa que pensa, é ela a responsável por duvidar, conceber, afirmar, negar, querer, não querer, imaginar e sentir.
Dualismo Cartesiano Descomplicado: O Corpo
Diferentemente, o corpo é considerado a dimensão física, de atuação prática no mundo.
Todo corpo é algo físico, que tem uma extensão (ocupa um lugar no espaço), é perceptível pelos sentidos e divisível em vários elementos.
Sendo apenas matéria, o corpo não pensa, é apenas um mecanismo.
O corpo é perecível, mortal e sujeito às leis da física.
Dualismo Cartesiano Descomplicado: Interação Corpo e Alma
Para Descartes, durante a vida humana, alma e corpo têm uma interação: apesar de distintos e independentes, a alma não está somente alojada no corpo, ela se encontra unida a ele.
“[…] não somente estou alojado em meu corpo, como um piloto em seu navio, mas que, além disso, lhe estou conjugado muito estreitamente e de tal modo confundido e misturado, que componho com ele um único todo” (Descartes, Meditações).
No pensamento cartesiano, o sujeito é a mente e o corpo é como o instrumento, a máquina que a mente usará em sua atividade mundana.
Logo, todas as ações voluntárias, livres e conscientes do corpo são promovidas pela alma (por exemplo, você levantar e ir até a geladeira pegar algo para comer ou beber). Por outro lado, o corpo pode sofre ações voluntárias (como, por exemplo, receber uma pancada) ou involuntárias (como, por exemplo, ter fome ou sede).
A alma estimularia o movimento do corpo através do que o filósofo chama “espíritos animais” (pequenas partes muito tênues do sangue capazes de transitar entre o corpo e a mente).
Glândula Pineal
Segundo os estudos anatômicos do filósofo, existiria um órgão localizado no centro do cérebro chamado glândula pineal.
Essa glândula seria a “ligação” entre o corpo e alma, que viabilizaria a conexão entre ambos.
Porém, é importante destacar que essa glândula não é a localização da alma no corpo humano, é apenas o ponto principal de contato. Isso porque a alma estaria “distribuída” em todo o corpo humano, o que permitia à mente sentir qualquer coisa em qualquer parte do corpo (como a dor em um dedo da mão ou do pé).
Dualismo Cartesiano Descomplicado: Conclusão
A teoria dualista cartesiana permaneceu (talvez, ainda permaneça com algumas adaptações) como uma das principais explicações para a relação mente-corpo no ser humano. Ele conseguiu responder dentro das limitações da época como seria possível a existência e interação do corpo – algo totalmente material e sensível – com a mente – algo totalmente imaterial e insensível.
E aí? Gostou dessa explicação descomplicada sobre o Dualismo Cartesiano? Compartilha! Quer um artigo descomplicado sobre outra teoria de René Descartes? Entra em contato comigo dizendo qual gostaria de ver aqui! Alguma parte ficou confusa ou gostaria de complementar a explicação? Comenta!
Até a próxima e tenham uma boa viagem!
———————————————————————————————
APOIE NOSSAS VIAGENS!
Faça um PIX de APENAS R$0,10 (dez centavos)
Chave PIX: contato@naudosloucos.com.br
———————————————————————————————
Referências
ALVES, Marcos Antonio; ALMEIDA, Heder da Silva. A relação mente-corpo: entre o dualismo substancial e o monismo reducionista. Princípios: Revista de Filosofia (UFRN), [S. l.], v. 30, n. 62, 2023. DOI: 10.21680/1983-2109.2023v30n62ID29573. Acessado em 18 mar. 2024.
Coleção Ensino Fundamental 8° ano. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2020. (Volume II)
WIKIPÉDIA. Verbete As Paixões da Alma.