Uma Reflexão sobre Klaus: O poder da Inocência das Crianças
Olá, marujos! O Blog Nau dos Loucos vai entrar no clima do Natal com essa reflexão sobre Klaus, um filme animação da Netflix. O filme destaca a criança e sua inocência como transformadora da realidade. Como gostei muito da sua mensagem, resolvi fazer esse artigo, inclusive citando alguns filósofos que falam do exemplo da criança e sua inocência. Para não estragar os momentos mágicos do filme, não teremos spoilers sobre os detalhes e acontecimentos finais da trama. Apenas citaremos o básico do enredo para estimulá-los a ver o filme e ter os exemplos para a nossa reflexão. Vamos lá!
Sobre o Filme
Klaus é uma animação original da Netflix que tem como premissa dar uma origem para o Papai Noel (Santa Klaus em inglês). No filme, tudo começa com uma carta…
Jasper é um filho que não sabe dar valor ao trabalho desenvolvido por seu pai, um homem que ocupa um alto posto na Academia Real de Carteiros. Jasper só quer esbanjar o dinheiro da família, e não quer trabalhar. Obrigado a se tornar um carteiro, faz de tudo para fracassar nos testes.
Seu pai, revoltado, lhe manda para uma agência postal “no fim do mundo”, na cidade fictícia de Smeerensburg, uma ilha perto do círculo ártico. Jasper deveria conseguir postar seis mil cartas em um ano, senão perderia seus privilégios.
Jasper chega à ilha e descobre que ninguém posta cartas lá. Todos os moradores pertencem a uma das duas famílias rivais e passam o dia se enfrentando, não tendo motivos para mandar cartas para ninguém.
Certo dia, enquanto andava pela cidade tentando conseguir cartas para serem postadas, ele pega um desenho perdido de uma criança. Em vez de devolver em mãos, ele queria postar o desenho, mas o pai do garoto não aceita e Jasper fica com a carta.
Por um acaso das circunstâncias, essa carta não postada chega às mãos de Klaus (na dublagem, ele é chamado de Noel), um morador isolado da ilha, um ermitão, que tinha um quarto cheio de brinquedos de madeira feito por ele. Klaus decide dar um de seus brinquedos para o garoto, porque o desenho mostrava a criança triste.
Após concluir a missão, a criança espalha o feito e o carteiro se aproveita da situação para dizer que bastava uma carta postada para ganhar um brinquedo. Assim, Jasper começa a bater sua meta, as crianças começam a ganhar brinquedos e essa dinâmica começa a mudar toda a cidade.
Assim começa a surgir a lenda do Papai Noel…
Uma Reflexão sobre Klaus: O Poder Transformador da Criança
Quando Jasper chega à cidade, as crianças eram tão “más” quanto seus pais. Faziam travessuras e implicavam umas com as outras. Entretanto, quando começou a surgir a entrega mágica de brinquedos, as coisas começaram a mudar.
A primeira grade mudança foi que elas começaram a brincar e se divertir. Não existiam brinquedos naquela cidade e, por isso, as crianças não se divertiam. Com o surgimento dos brinquedos, elas começaram a rir e interagir uma com as outras, mesmo sendo de famílias rivais.
Até aquele momento, para aquelas crianças, não existia nada em comum entre elas a não ser a rixa familiar herdada. Mas o brinquedo foi um ponto em comum. Todas tinham o mesmo desejo de diversão e isso fez com que elas parassem de se olhar como estranhas e começassem a se olhar como iguais.
Óbvio que isso criou um “problema” para o patriarca e a matriarca das famílias. Era inaceitável que os novos membros quisessem agora começar a se misturar em vez de brigarem. Quando questionados sobre o que motivou a briga, a única resposta que tinham era de que essa contenda vinha de tempos ancestrais e eles estavam apenas mantendo a “tradição”. Em outras palavras, não tinham motivo.
Além disso, Jasper, ao tentar explicar sobre as condições para o recebimento dos presentes, disse às crianças que elas só ganhariam o brinquedo se, além da cartinha, fizessem boas ações. Assim, começou uma revolução positiva porque as crianças começaram a se empenhar em fazer coisas boas para garantir seus presentes.
Essas ações foram se multiplicando ao ponto que os pais acabavam sendo envolvidos e eles mesmos começavam a ver que a rixa que tinham era desmotivada, interrompendo-a consequentemente. As crianças se tornaram exemplo dos pais.
Outro fato curioso era que a escola da cidade estava abandonada. Ninguém ia lá estudar porque não havia motivo. Mas quando surgiu a necessidade de saber escrever uma carta para ganhar presentes, a escola se encheu de crianças interessadas.
Uma Reflexão sobre Klaus: Uma Motivação Pura para Mudar
Podemos aqui fazer um questionamento sobre as motivações de toda essa mudança. No fundo, tudo não era interesse? Ou seja, tudo o que elas fizeram não era apenas para benefício próprio? A resposta é: sim! Realmente, tudo se iniciou com um interesse pessoal. Mas eu faço a mesma pergunta sobre nós: Tudo aquilo que fazemos não parte também de um interesse pessoal?
Todas as mudanças são interessadas. Ou seja, possuem uma motivação por trás delas. O importante é perceber qual é a motivação e como ela será alcançada. As crianças queriam o brinquedo, mas as etapas a serem cumpridas não prejudicavam ninguém, ao contrário ajudavam aos outros. Não existia um espírito de competição entre elas e nem uma pré-disposição maldosa de pensar “só estou fazendo isso pelo brinquedo”.
Elas aprenderam uma nova forma de se comportar em sociedade. Elas nunca foram apresentadas antes a esse estilo de vida, e quando o conheceram, viram que era boa, era melhor. E isso fez com que os pais e demais adultos (esses sim, que já tinham consciência formada) mudassem de postura.
Uma Reflexão sobre Klaus: A Inocência Infantil
Toda a ação das crianças até então são inocentes, ou seja, sem maldade real. Elas não sabiam o que estavam fazendo e, por isso, não podem ser julgadas. É essa mesma inocência que as fazem acreditar nas histórias criadas pelo carteiro Jasper e interpretar as situações aleatórias das entregas como fantasia (como o fato de Jasper comer um biscoito que estava “dando sopa” na casa e o trenó ter dado um salto mais alto que o normal, virando “Papai Noel adora biscoitos e leite” e “o trenó do Papai Noel voa”).
Na filosofia, a criança e sua inocência sempre foram citadas como um alerta e lembrete para o adulto. Elas simbolizam a necessidade de olhar a vida de forma inocente e pura.
Aristóteles diz que o filósofo deve encarar o mundo da mesma forma que uma criança o encara, com espanto e admiração. O filósofo deve buscar o conhecimento verdadeiro de mente aberta ao novo, ao desconhecido, sem pré-julgamentos e preconceitos. Somente assim o filósofo é capaz de investigar a realidade e compreendê-la tal como ela é.
Nietzsche, ao falar da metamorfose do super-homem, diz que o último estágio é o da criança. A criança simboliza o poder de significação, de dar significado para o mundo que ela está descobrindo. Assim deveríamos ser, ao darmos nós mesmos significado moral para as nossas ações, em vez de ficarmos sobrecarregados com as doutrinas morais que nos são impostas.
Conclusão
Como essa reflexão, quis destacar uma das características que perdemos mais rápido quando vamos envelhecendo. Alguns costumam dizer que a criança deixa de ser criança quando perde a inocência. Não estou querendo aqui dizer que devemos ser ingênuos, isso não. Devemos voltar, na medida do possível, a sermos inocentes. Talvez assim consigamos construir um futuro melhor para nossas crianças.
E aí? Gostou desse artigo? Deixa aí nos comentários o que você pediria para Papai Noel. Acredita que mais pessoas deveriam resgatar sua inocência perdida? Compartilha esse artigo nas suas redes sociais! Gostaria de sugerir outras animações para refletirmos no blog? Entra em contato comigo!