Reflexão sobre Shazam! Fúria dos Deuses: Família, Amadurecimento e Responsabilidade

Reflexão sobre Shazam! Fúria dos Deuses: Família, Amadurecimento e Responsabilidade

Olá, marujos! Hoje, teremos uma reflexão sobre o filme Shazam Fúria dos Deuses. Nesse segundo filme da franquia, a família Shazam precisa impedir as filhas de Atlas de destruírem a Terra. Na reflexão, abordarei os problemas familiares que os irmãos adotivos tiveram que lidar durante o filme e a dificuldade de Billy Batson em aceitar/entender a necessidade de amadurecer e ter responsabilidade. Não teremos spoilers da trama principal. Vamos lá!

Sobre Shazam! Fúria dos Deuses (SEM Spoilers)

Shazam! Fúria dos Deuses estreou em 2023. Esse filme ainda pertence ao antigo DCEU (pré-chegada de James Gunn). Ele é uma continuação direta do filme Shazam! (de 2019). Em breve, ele estará disponível HBO Max e Prime Video.

Dois anos após a família Shazam adquirir seus poderes e derrotar o vilão Doutor Sivana, os jovens heróis em corpos de adultos tentam ajudar a cidade, mas constantemente são acusados de serem um fiasco. Isso desanima muito o grupo, mas Billy Batson ainda tenta manter a unidade deles, dizendo que precisam sempre agir juntos.

Enquanto isso, as deusas filhas de Atlas resgatam os pedaços do cajado do Mago Shazam e o obrigam a reconstruí-lo, devolvendo a elas a magia que haviam perdido. Agora, o objetivo delas é derrotar os campeões da Terra e escravizar os humanos.

A família Shazam precisará se unir e cooperar mais do que nunca para, juntos, conseguirem superar o poder divino das três irmãs.

Será que eles conseguirão? Descubra vendo Shazam! Fúria dos Deuses na HBO Max ou vendo Shazam! Fúria dos Deuses na Prime Video.

Reflexão sobre Shazam Fúria dos Deuses: União não é Sempre Fazer Tudo Junto!

Billy Batson tinha muito orgulho da sua família Shazam. Porém, chegou uma hora que sua necessidade de convivência familiar se tornou uma obsessão ao ponto dele proibir que seus irmãos pudessem fazer missões sozinhos ou não ir nas missões que ele estipulava a necessidade da presença deles. Para Billy, ou era toda a família ou ninguém.

Billy não conseguiu perceber que, por mais que exista um carinho e uma unidade sincera entre os irmãos, isso não significa que eles não possuam vida própria e não queiram fazer algumas missões porque teriam coisas mais importantes para fazer ou quisessem ir em missões menores sozinhos.

É compreensivo que Billy esteja passando por momentos delicados em sua vida, sentindo que em breve ele teria que deixar sua casa porque seria maior de idade, e queria aproveitar o máximo possível a unidade do grupo e até “garantir” que não se esquecessem dele. Contudo, esse sufocamento provocado por Billy quase acabou com a amizade dos irmãos.

Eu sou do pensamento que família é aquele grupo de pessoas que está lá quando você precisa, mas não precisa conviver com você em todos os momentos, como se tudo o que se fizesse, tivesse que ser feito em família. Não condeno quem pensa assim, só não é meu jeito de pensar família. E foi essa reflexão que Billy não fez.

Não existe problema em ele querer todos sempre unidos e fazendo tudo junto. Ele pode sim querer isso, ele pode sim se sentir melhor dessa forma. Mas ele não pode exigir isso dos outros, ele precisa dar espaço e liberdade para aqueles que pensam mais como eu, que você não deixa de ser família só porque não está 100% do tempo convivendo um com o outro.

Defendo que precisamos normalizar a falta de necessidade em querer reunir a família toda hora e por qualquer coisa. Tirando datas especiais como festas de aniversário/casamento ou Natal, por exemplo, não precisaria reunir a família para churrasco todo o domingo ou ir na casa de parente durante a semana para bate-papo… Se todos os envolvidos gostam disso, OK. Mas se alguém não gosta, não está certo taxá-lo de antissocial ou alguém que não valoriza a família.

Família é muito mais do que mera convivência intensa. O verdadeiro espírito familiar se manifesta em momentos de necessidade e não em momentos cotidianos e de lazer. Situação essa que muitas vezes não ocorre nas famílias brasileiras: as famílias brasileiras adoram se reunir “por qualquer motivo” e demonstrar amor e afeto uns pelos outros, mas normalmente “tiram o corpo fora” quando surge um problema grave e um precisa do apoio do outro ou facilmente rompem relação por motivos bestas, como religião ou política.

Felizmente, a família Shazam demonstrou que é o tipo de família que na hora da necessidade, todos se ajudam. Isso sim é família!

Reflexão sobre Shazam Fúria dos Deuses: Precisamos Amadurecer e Ter Responsabilidade

O grande diferencial do personagem Shazam é o fato de ser um garoto no corpo de um adulto. Então, é engraçado você ver um homem adulto, grande, forte e musculoso tendo atitudes infantis ou imaturas. São várias as cenas cômicas que brincam com isso, não só do Billy, mas também dos outros irmãos mais novos.

Entretanto, mesmo Billy não tendo a aparência da sua forma heroica, ele já possui uma certa idade e precisa amadurecer e ter responsabilidade.

A primeira pessoa a lhe chamar atenção disso foi sua irmã mais velha Mary. Mary agora trabalha e quer cursar uma faculdade. Isso lhe toma tempo e lhe cansa. Billy, porém, não entende e fica exigindo da irmã mais disposição para os assuntos heroicos.

Nessa hora, Mary dá uma bronca em Billy, dizendo que ele precisa entender que chegou a hora de crescer e amadurecer, e assumir responsabilidades na casa (como, por exemplo, ganhar dinheiro para pagar as contas). Mary não está abrindo mão dos seus poderes nem quer que Billy faça isso, mas lhe mostra que não dá para viver sempre fazendo o que se gosta da forma que quiser do jeito que quiser.

A vida adulta exige alguns sacrifícios, como ter que trabalhar para pagar as contas. E nem sempre você conseguirá o emprego dos seus sonhos ou ganhará nele o suficiente para levar uma vida confortável. É ruim isso? Sim! Mas assim é o jogo e precisamos jogá-lo ao mesmo tempo que podemos lutar política e socialmente para mudar essa lógica. Mas enquanto isso não acontece, não dá para não fazer isso e ficar na aba de outros que terão que fazer isso por você!

Outra pessoa que “dá uma chamada” em Billy foi o Mago Shazam. O mago ficou revoltado por Billy ter quebrado o cajado e simplesmente ter o largado lá. Depois, ainda ocorreram outras situações de imaturidade de Billy que fizeram o Mago questionar se de fato Billy merecia os poderes que recebeu.

Uma das maiores lições que aprendemos na vida adulta é que todas as nossas ações possuem consequências, quer tenhamos feito algo consciente ou incoscientemente. Se as ações foram nossas, a responsabilidade pelas consequências também são. Temos que assumir os erros assim como podemos ficar com os elogios pelos acertos. Acredito que ninguém bom erre propositalmente. Normalmente, erramos querendo acertar. Porém, isso não é justificativa para não assumirmos a responsabilidade pelo erro e nem nos desobriga a pensar direito antes de agir.

Billy precisava entender que seu poder lhe trazia responsabilidade e ele precisava agir com prudência, com maturidade. E não como um adolescente inconsequente.

Adultos erram, e jovens erram mais ainda. Errar não é o problema. O problema é não reconhecer o erro e não fazer nada para corrigi-lo.

Caso Concreto

Recentemente, me irritei com uns alunos do segundo ano do ensino médio (16-17 anos) que estavam conversando e brincando muito durante a aula. A primeira atitude deles não foi pedir desculpas, foi questionar porque não chamei a atenção também de outros alunos que estavam conversando. Depois da bronca, eles ainda interromperam a aula algumas vezes para dizer que eu precisava dar bronca em outros alunos que começaram a falar depois que eles se calaram.

Percebam aqui que o problema não é o sentimento de uma “pseudo injustiça”, mas o fato deles não quererem assumir que estavam errados. Eu foquei neles porque eles eram os que mais falavam e mais atrapalhavam. Quando os outros faziam isso, mesmo sendo errado, não tirava minha concentração. Mas isso ocorria quando o grupo que briguei conversava…

Está na hora de parar de perder tempo querendo se comparar aos outros e começar a assumir as próprias “broncas”. Tem muitas coisas que um adolescente ou jovem já tem maturidade para entender que pode ou não fazer.

Conclusão

Shazam! Fúria dos Deuses não trouxe a mesma novidade que seu predecessor e também não tem lá uma história grandiosa. É um filme divertido de superaventura do gênero comédia e ação que nos entretém. Além disso, os assuntos abordados são bem interessantes e importantes para os adolescentes e para quem é muito exigente da presença constante da família.

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Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.