Reflexão sobre Lilo & Stitch (2025): Maldade e Responsabilidade

Reflexão sobre Lilo & Stitch (2025): Maldade e Responsabilidade

Olá, marujos! Hoje, farei uma reflexão sobre o filme Lilo & Stitch (2025), o novo remake live action da Disney. Nessa história, novamente acompanhamos uma garotinha havaiana que encontra um alienígena perigoso e lhe ensina a ser bonzinho enquanto escapa do vilão. Nessa reflexão, abordarei aquilo que me chamou mais a atenção, que diferencia essa versão da animação original: a autoconsciência da Lilo de que ela é uma menina “problemática” e a luta da irmã mais velha Nani em suportar financeiramente e emocionalmente sua casa. Não teremos spoilers do filme. Vamos lá!

Sobre o Filme (SEM SPOILERS)

Lilo & Stitch é uma versão live action de 2025 de uma animação da própria Disney lançada em 2002. Atualmente nos cinemas, em breve estará na Disney+.

Lilo (Maia Kealoha) é uma menina havaiana órfã de pai e mãe. Ela mora com sua irmã mais velha Nina (Sydney Elizebeth Agudong) de apenas 18 anos. Lilo não tem amigos, é rebelde e “problemática”, constantemente aprontando em casa, nas aulas de hula e nos empregos de Nani.

Nani, por sua vez, é uma jovem esforçada, que abriu mão dos seus hobbies e sonhos para criar e sustentar Lilo para evitar que está vá para um orfanato. Porém, tem dificuldade de lidar com o temperamento da sua irmã mais nova e de lidar com a vida adulta (como trabalhar, cuidar da casa e fazer comida).

Stitch é um alienígena criado para ser uma máquina mortífera de combate. Ele é tão perigoso que a Federação Galáctica Unida decide eliminá-lo. Porém, ele consegue fugir em uma nave roubada e acaba caindo na Terra, mais precisamente no Havaí, pertinho da Lilo.

Lilo desejava ter um amigo e, após classificar Stitch com um cachorro esquisito, decide adotá-lo. Stitch, que é inteligente, se deixa adotar para ter um disfarce na Terra porque ele sabia que outros dois alienígenas, incluindo seu criador, tinham vindo atrás dele para terminar a missão iniciada no espaço.

Agora, Lilo e Stitch precisam fugir dos perseguidores alienígenas ao mesmo tempo que precisam evitar que Nani perca a guarda de Lilo. Será que a duplinha inesperada conseguirá tudo isso? Descubra vendo Lilo & Stitch na Disney+.

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Reflexão sobre Lilo & Stitch (2025): Rebeldia vs. Maldade

Lilo é uma criança “arteira” e rebelde. Ela adora inventar brincadeiras que potencialmente estragam patrimônios alheios ou são vistas como de mau gosto pelos adultos. Ela também é bem rebelde porque não gosta de obedecer a ordens e não tem medo ou vergonha de encarar os adultos, sempre deixando claro seu ponto de vista e se recusando a cooperar quando ela não acha que precisa.

Como podemos ver, Lilo é um tipo clássico de criança bagunceira e desobediente. Isso é fato. Mas isso significa que ela é má? A resposta é não. Porém, infelizmente, é assim que ela se enxerga devido a forma como as demais pessoas julgam Lilo.

Se pegarmos a definição clássica de maldade de Sócrates, as pessoas agem de forma má por ignorância. Ou seja, ninguém é mal por natureza, apenas tem atitudes más porque desconhecem que aquilo é um mal (para si ou para os demais). Se soubessem que era algo mau, não fariam; fazem porque acham que é um bem.

Usando esse parâmetro, podemos entender que Lilo não é uma má pessoa. Ela, pela sua imaturidade ou temperamento forte, não consegue ver os prejuízos que sua atitude causa enquanto ela age. Ela só percebe depois e sempre se arrepende. Também é por isso que ela “esquece” os problemas que seus atos causaram e acaba repetindo suas “brincadeiras” em outras situações.

Vai dizer que você nunca “foi” uma Lilo na vida, seja criança, adolescente ou até mesmo adulto? Você pode não ter “quebrado tudo”, mas provavelmente já fez algo repetidas vezes que se arrependeu depois, mesmo as pessoas dizendo que era óbvio que aquilo estava errado… Sendo assim, vamos parar de julgar a Lilo, beleza?

O mais triste de tudo isso é o sofrimento vivido pela Lilo, que percebe o quanto ela é julgada e condenada pela demais pessoas. É por isso que ela se sente uma má pessoa. É por isso que não consegue amigos.

As coisas começam a melhorar quando ela conhece o Stitch. Esse alienígena azul foi criado para ser uma máquina de destruição e seu temperamento original e instintos primitivos fazia com que ele quisesse simplesmente destruir tudo o que conseguisse. Não dá para chamá-lo de mal por causa disso porque essa é a natureza dele!

A ética filosófica já deixou claro que não existe moralidade em ações da natureza ou seres irracionais. Você não pode culpar o vulcão por destruir uma cidade ou um tubarão por comer uma pessoa. É algo natural ou instintivo.

E mesmo que se possa questionar que Stitch tenha consciência dos seus atos, voltamos à questão da educação moral dele. Ele foi “educado” a agir de um jeito e estava seguindo dessa forma porque achava que isso era o certo. Porém, depois que ele começa a conviver com Lilo e as demais pessoas, ele vai sendo reeducado a agir de outro jeito, não mais querendo destruir tudo.

Devemos pensar assim antes de julgar e acusar alguém de ser má pessoa. Às vezes, é uma questão de educação e ignorância. Em vez de julgar e acusar, devemos nos solidarizar e educar corretamente esse indivíduo para que ele se adeque ao ambiente em que está vivendo.

Ah! Isso tudo que falei não significa que é para “passar a mão na cabeça” da Lilo e do Stitch ou qualquer outra pessoa, deixando elas fazerem o que quiserem sem punições ou consequências. Faz parte do ato educacional mostrar para o educando as consequências ruins dos seus atos e punindo-o proporcionalmente para que ele entenda os prejuízos causados.

Reflexão sobre Lilo & Stitch (2025): Cuidado com as Responsabilidades Desnecessárias que Você Assume

Essa nova versão do filme foca bastante na personagem Nani, irmã mais velha de Lilo. Vemos o quanto ela se desdobra para dar conta sozinha de todas as responsabilidades de um lar: seja na busca pelo sustento financeiro; seja na organização, limpeza e cuidado com a casa; seja na alimentação, criação e cuidado emocional com sua irmã.

Sabemos o quanto ela foi pega de surpresa com todas essas obrigações que caíram em cima dela (já que os pais morreram em um acidente) e o quanto ela teve que abrir mão da sua vida presente e futura (ela abandonou o surf e a vaga na universidade).

Eu sou totalmente solidário a Nani. Mas a questão é: ela realmente precisava assumir tudo isso para si? No fundo, ela é apenas uma adolescente que acabou de fazer 18 anos, sem nenhuma grande experiência de vida. Ela não precisava e não deveria ter toda essa responsabilidade.

Não estou dizendo que era para ela dar a Lilo para adoção e ir realizar seus sonhos. Não é isso. Mas vamos pensar aqui em duas alternativas mais lógicas: 1. Deixar a Lilo ser criada pela sua vizinha, que já se considera parte da família e sempre ajuda; 2. “se colocar” para adoção junto com a Lilo, de tal forma que a família que adotasse a Lilo também “adotasse” a Nani.

Pode até ser que, no mundo real, as coisas não são tão simples assim e a burocracia impeça tudo. Mas na vida real, a Nani já teria perdido a guarda a Lilo a muito tempo. Então, mantendo a reflexão dentro da história do filme, em que a assistente social era super solidária a Nani, creio que seria mais tranquilo resolver o problema das duas sem sobrecarregar a Nani da forma como feito até levá-la à exaustão. 

Essa situação do filme pode ser usada por nós como reflexão sobre as responsabilidades excessivas que assumimos de forma desnecessária. Pode ser uma função de chefia ou supervisão que o estresse, desgaste ou tempo não compensa o salário ou o resultado final; pode ser uma função na igreja ou sociedade civil que está prejudicando sua vida pessoal ou familiar e o resultado não está compensando; pode ser um relacionamento, em que você está tentando “dar certo”, mas não vê reciprocidade ou retorno do outro; pode ser você tentando constantemente “salvar” um parente ou amigo de situações mais ou menos graves em que essa pessoa sempre se mete (como drogas, relacionamentos, problemas financeiros…).

São situações que, na prática, você poderia resolver simplesmente abandonando, “passando a bola” para outro ou dizendo “não”. Porém, nosso orgulho ou criação nos fazem achar que precisamos manter essas responsabilidades quando, na verdade, não precisamos. Elas nos fazem mais mal do que bem e, mesmo assim, não conseguimos ou queremos largá-la porque isso seria prova do nosso “fracasso”.

Tem uma cena em que Lilo diz para Nani que esta não é sua mãe. Por mais que seja dolorido, é verdade. Nani é a irmã mais velha e deveria agir dessa forma. Do mesmo jeito, devemos nos colocar em nosso lugar diante das situações da vida e assumir apenas as responsabilidades que de fato nos cabem ou que podemos suportar sem sofrimento.

Conclusão

O remake de Lilo & Stitch é um bom filme. Pode não superar a versão original, mas vai trazer um pouco de nostalgia e um outro olhar sobre algumas situações e personagens que você não teve na obra original (seja por questão de escolhas do diretor ou da sua maturidade na época). O importante é ver que esse filme consegue te divertir e entreter ao mesmo tempo que te ajuda a entender temas interessantes e profundos como os que abordei: o cuidado em “taxar” alguém de mal ou mesmo se considerar mau, e o cuidado em não assumir responsabilidades que não são suas.

E aí? Curtiu essa reflexão sobre Lilo & Stitch (2025)? Compartilha! Tem algo a acrescentar a essa reflexão sobre Lilo & Stitch (2025)? Comenta! Quer uma reflexão sobre a animação original? Entra em contato!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.