Reflexão sobre Echo: Ancestralidade, Trauma e Raiva Reprimida

Reflexão sobre Echo: Ancestralidade, Trauma e Raiva Reprimida

Olá, marujos! Hoje, faremos uma reflexão sobre a minissérie Echo. Na história, Maya Lopez decide voltar para sua terra natal e reunir forças para enfrentar o império de Wilson Fisk e acaba se reconectando com suas origens ancestrais. Na reflexão, trabalho questões muito presentes na série como ancestralidade, traumas e raiva reprimida. Teremos alguns spoilers da série. Vamos lá!

Sobre a Série

Echo estreou em 2024 na Disney+. Também do gênero ação e superaventura, ela se passa cinco meses depois da minissérie Gavião Arqueiro (onde fomos apresentados à personagem).

Maya Lopez (Alaqua Cox), após atirar em Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio), acredita que o matou. Agora, ela quer assumir o império do Rei do Crime. Porém, os subordinados de Fisk não concordam com isso e a estão perseguindo.

Maya decide voltar para sua terra natal Tamaha (Oklahoma), uma cidade originalmente da Nação Choctaw (tribo de nativos americanos). Lá, ela pretende pedir ajuda ao seu tio, que é o gerenciador do crime local.

Maya quer se tornar a Rainha do Crime, assumindo o império de Fisk. Porém, ela enfrenta forte resistência e acaba sendo encurralada na própria cidade.

Nessa hora, ela descobre que Fisk ainda está vivo e que ele está lhe oferecendo uma segunda chance, para voltar a Nova Iorque e reassumir a função que ela tinha antes de se rebelar.

No meio disso tudo, Maya precisa lidar com seus parentes, especialmente sua avó Chula (Tantoo Cardinal). Além disso, Maya começa a ter visões de mulheres do passado e precisa entender porque ela está tendo aquilo.

Será que Maya entenderá suas visões? Será que ela decidirá voltar a trabalhar com o Rei do Crime? Descubra assistindo Echo na Disney+.

Reflexão sobre Echo: Nossos Antepassados nos Acompanham

No final da série, descobrimos que Maya Lopez é uma descendente direta da mulher que deu origem à tribo Choctaw. Além disso, descobrimos que ela pertence a uma linhagem de bravas mulheres, cada uma a seu jeito, que lutaram pelo seu povo e pela família.

Na série, é trazido um elemento místico que concede poderes a Maya, como força, pontaria e dom de cura. Porém, eu queria destacar mais a conversa que ela teve com sua mãe, durante a revelação dessa ancestralidade.

No diálogo, a mãe de Maya diz: “Você não está sozinha. Todas nós que viemos antes fazemos parte de você. Porque somos um ECO através de você”.

Essas palavras me fizeram pensar no quanto nossas vidas refletem, em diferentes graus e significados, aquilo que nossos antepassados fizeram e foram. 

Em um primeiro momento, é muito provável que você consiga pensar somente em inspirações vindas dos seus pais ou avós (para quem teve uma convivência próxima com eles). Mais que isso já é difícil pensar, mas teve sim alguma coisa porque seus antepassados criaram seus filhos, que criaram seus filhos, que criaram seus filhos até chegar seus avós, seus pais e você.

Quem nós somos é fruto de gerações de pessoas, talvez muito diferentes de nós hoje, mas que deixaram um legado na forma de criação da prole.

A Nação Choctaw e muitas outras culturas costumam honrar seus ancestrais através de histórias e lendas. Porém, isso não é muito comum para culturas ocidentais. No máximo, nos referimos a feitos dos antepassados, mas raramente buscamos entender quem eles eram, o que fizeram, como viveram, as lutas que passaram, as vitórias e derrotas que tiveram, os amores que experimentaram.

A série Echo vem nos chamar a atenção para olharmos para nossos ancestrais, entendendo que eles nos acompanham na vida que levamos. Seja de forma espiritual (se você acredita nisso) ou de forma educacional, devido ao modo como eles criaram seus descendentes até chegar a nós.

Pode ser meio piegas falar isso, mas quem somos dependeu muito deles, especialmente nossa existência. Muitas vezes, não sabemos o quão dura foi a vida dos nossos pais, avós, bisavós, tataravós etc., não sabemos as dificuldades pelas quais eles passaram, não sabemos o quanto poderíamos aprender (ou reaprender com eles).

Por isso, fica aqui o convite para você honrar seus ancestrais buscando conhecê-los. Pergunte sobre a vida daqueles que estão vivos, busque histórias sobre aqueles que já morreram, construa sua árvore genealógica. Faça ecoar na sua vida as contribuições daqueles que vieram antes de você.

Reflexão sobre Echo: Lidando com os Traumas

Eu não sei se é correto esse meu pensamento, mas tenho a impressão que todos temos traumas de coisas que ocorreram em nossas vidas e deixaram marcas tão profundas que acabam influenciando (muitas vezes atrapalhando) nossas decisões futuras.

A série Echo é marcada por traumas em várias personagens, especialmente na protagonista e no antagonista.

A protagonista se sente culpada pelo acidente de sua mãe porque foi ela quem pediu a mãe para sair e comprar comida já a noite. Além disso, Maya guarda mágoas da avó, que praticamente expulsou ela e seu pai de casa depois desse ocorrido, fazendo-a perder contato com sua família. Por fim, ela ainda perdeu o pai muito pequena, sendo criada pelo “tio de consideração” Wilson Fisk já em uma realidade violenta.

Do outro lado, Wilson Fisk revelou à Maya seu trauma de infância: Ele presenciou durante anos seu pai agredindo sua mãe. Depois, buscando defendê-la, ele mesmo assassinou seu pai com um martelo. 

Ambos os personagens se reconheceram quebrados, vítimas de si mesmos, por decisões que tomaram e que, mesmo não sendo (totalmente) “erradas”, eles as consideram assim. Uma e outro se consideram parricidas e não se perdoam pelo que fizeram, mesmo as circunstâncias mostrando que eles não tiveram culpa ou atenuando suas ações.

Infelizmente, eles decidiram lidar com seus traumas da pior forma possível, que foi canalizando a raiva dentro de si e descontando-a na forma de violência contra os outros.

Essa atitude nos serve de alerta para aprendermos a lidar com nossos traumas de forma correta. Transformar isso em violência provavelmente nunca será a solução porque, ou você descontará na pessoa errada ou acabará acumulando ainda mais ressentimento pela nova atitude. Criando, assim, um círculo vicioso.

Essa é a importância da terapia, é buscar ajuda profissional para lidar com seus problemas, parar de sofrer e fazer outros ao seu redor sofrerem.

Reflexão sobre Echo: Lidando com a Raiva Reprimida

Como dito no tópico anterior, tanto Maya quanto Fisk tinham raivas reprimidas e extravasavam suas dores através da violência gratuita. 

A solução desse problema veio de Taloa (Katarina Ziervogel), mãe de Maya. Taloa tinha o dom da cura e ela revela que esse dom parte do amor que ela tem pelas pessoas e pela vida.

Taloa cura Maya e Maya cura Fisk. 

Através do amor, Maya e Fisk conseguem se livrar de seus traumas, conseguem superar a culpa que sentiam de si mesmos, conseguem abandonar suas raivas reprimidas e, com isso, conseguem se libertar dos seus instintos de violência.

Essa cura pelo amor pode ser interpretada como um processo de autocura através de um cuidado de amor próprio.

Muitas pessoas não conseguem se amar por diversos motivos (especialmente traumas) e isso as fazem sofrer por não saberem lidar com várias situações.

Dessa forma, é importante ensinarmos aos nossos filhos, netos, alunos, companheiros a se amarem. Não é para se tornarem egoístas, mas aprenderem a gostar de quem são e entenderem que não é possível ser perfeito e que problemas e traumas podem ser superados com o tempo.

Quando você aprende a se amar, você aprende a se respeitar e se conhecer melhor. Com isso, toda a sua vida irá melhorar porque você mudará a forma de lidar consigo mesmo e com as demais pessoas.

Assim, fica o convite para você buscar essa cura interior através do amor a si próprio. 

Conclusão

Echo é uma série que agradará aquelas pessoas que curtem conhecer culturas antigas e língua de sinais. Porém, ela tocará especialmente pessoas que possuem dificuldade em reconhecer os ecos do seu passado, tanto da sua ancestralidade quanto dos traumas, que influenciam quem você é hoje.

E aí? Curtiu essa reflexão sobre Echo? Compartilha! Tem algo a acrescentar a essa reflexão sobre Echo? Comenta! Quer uma reflexão sobre outra produção Marvel? Entra em contato!

Até a próxima e tenham uma boa viagem!

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Professor de filosofia desde 2014 e nerd desde sempre. Tem como objetivo pessoal mostrar às pessoas que filosofia é importante e não é uma coisa chata. Gosta de falar dos temas filosóficos de forma descontraída e atual, fazendo muitas referências ao universo nerd.