Futuro da Educação: Autodidatismo Escolar
Olá, marujos! Hoje eu gostaria de dar minha opinião sobre o futuro da educação. Inclusive, é por me preocupar com isso que resolvi fazer uma avaliação das minhas aulas. Por vários fatores que tenho observado, creio que estamos nos encaminhando para um “autodidatismo escolar”, ou seja, para um ambiente em que o aluno vai para a escola, mas escolhe o que quer aprender e aprende “sozinho”, sendo auxiliado pelo professor. Vamos entender um pouco como hoje é a educação formal tradicional, o que é autodidatismo e como aplicar isso na escola de forma eficiente e proveitosa para todos.
A educação formal tradicional
Todos nós conhecemos a educação formal tradicional porque passamos por ela. Cada um pode ter vivido um tipo de escola e/ou um período escolar diferente, mas é provável que todos aprenderam os conhecimentos em um estilo muito simples: a escola tinha um currículo mínimo a ser ensinado e o professor tinha um conteúdo para ensinar, algo que eles achavam importante, e o transmitiam ao seu aluno.
O que eu quero salientar aqui é a forma de aprendizagem, e não a forma de ensinar. A forma mais comum de ensinar é com a aula expositiva, em que o professor explica o conteúdo para os alunos. Mas também existem variações, como, por exemplo, leitura de textos, vídeos, trabalhos etc. Mas, em todas essas formas, ainda temos o aluno aprendendo algo que ele não pediu para aprender ou que não demonstrou interesse em aprender. E se a escola perguntasse ao aluno o que ele quer aprender? E se a escola disponibilizasse uma série de conhecimentos para o aluno optar? Será que funcionaria?
Autodidatismo: o que é?
Autodidatismo é o ato de aprender por conta própria, ou seja, sem um professor. Antigamente, quando se falava em autodidatismo, só pensávamos em alguém lendo livros ou praticando sozinho até aprender. Agora quero reinterpretar esse termo. Autodidatismo, para mim, servirá para representar o ato de um aluno escolher os conteúdos que gostaria de aprender, baseando-se especialmente no que ele considera importante para a sua formação geral ou profissional.
A ideia é que o aluno diga ao professor quais temas ele se interessa, para se aprofundar. Dessa forma, ele conseguiria ver valor na educação e um resultado positivo para o tempo dedicado.
Futuro da Educação: Autodidatismo escolar
Minha visão de escola não é apenas um espaço físico em que o aluno faça o que quiser de qualquer jeito. A proposta é que seja otimizado o tempo escola com o ensino de algo que acrescente ao aluno. É preciso deixar claro que defendo a ideia de que todo conhecimento é conhecimento. Ou seja, nunca é perda de tempo aprender algo, mesmo que não seja um assunto que você utilizará imediatamente.
O problema está no mindset da nova geração de estudantes, e da cobrança que eles sofrem do mercado de trabalho e de seus pais. Hoje, quando você não está aprendendo algo que lhe chama atenção, você simplesmente ignora. Por isso, o que vemos normalmente não são alunos se esforçando para aprender conteúdos propostos pelos professores. Vemos alunos ignorando esses conteúdos, no máximo se esforçando pra conseguir uma nota mínima de aprovação.
Dessa forma, vejo que não faz sentido na atualidade essa obrigatoriedade de se aprender um conteúdo pelo conteúdo, porque o aluno não vai aprende-lo nem se esforçar para isso, ele vai ignorá-lo. Daí, todo o esforço do professor acaba sendo em vão. Por outro lado, funcionaria melhor se o professor desse uma série de opções aos alunos, sugestões de temas a serem aprendidos, focando numa formação geral ou na profissão que o aluno almeja. Com essa proposta, o aluno teria aulas focadas em coisas que lhe interessam e iria de fato aprender esses conteúdos, porque fariam sentido.
E como ficaria o professor?
O professor continuará sendo importante nessa etapa. O seu papel inicial será mostrar caminhos para o aluno, auxiliando-o a decidir um foco, definir prioridades. Depois que o aluno estiver se concentrando em um material, o professor poderá auxiliá-lo tirando dúvidas, explicando de modos diferentes, dinamizando o ensino, colocando para dialogar vários alunos que estão estudando um mesmo assunto, pegando um aluno que já passou por determinado conteúdo para ensinar o seu colega e várias outras possibilidades.
O professor não precisará saber de tudo da sua matéria, mas o suficiente para atender o básico (que é algo que ele já deveria saber). Além disso, ele também tem que ter a capacidade de saber buscar respostas, para atender alunos mais exigentes. Ele não precisa ter vergonha de admitir que não sabe tudo, porque ninguém sabe. Ele tem que ter a humildade de saber reconhecer seus limites e mostrar ao aluno sua disposição de saber mais para ajudá-lo.
Isso seria para todo o ensino básico?
Como um professor que até hoje só deu aulas para o ensino médio, não posso opinar se funcionaria ou não essa forma de aprendizagem no ensino fundamental. A princípio, diria que não. Até porque ainda estamos lidando com crianças, que ainda são mais fáceis de “convencer” a aprender um pouquinho de tudo, para dar uma formação geral ao cidadão.
Já para o ensino médio, aqui sim seria essencial o autodidatismo escolar para o futuro da educação. O adolescente já está conectado e sabe onde encontrar aquilo que ele procura. Já sabe, em certa medida, o que quer (pelo menos tem uma ideia). Já tem conhecimento de algumas habilidades que ele gostaria de desenvolver e usá-las para ganhar dinheiro. No ensino médio, o aluno já tem definido o que ele gosta e o que não gosta. Aquilo que ele vai se dedicar mais e aquilo que ele vai apenas cumprir a obrigação. E, se ele não aguentar, simplesmente abandona.
E como a escola se organizaria?
No meu esboço de escola com a proposta de autodidatismo, teríamos uma oferta de currículo com tudo o que podemos oferecer. Caso existam conteúdos essenciais ao cidadão que não foram apresentados no ensino fundamental, eles seriam abordados em uma série de aulas inaugurais obrigatórias, de forma simples, para mostrar esses novos conhecimentos que os alunos ainda não sabiam que existia. Já os conhecimentos que eles já sabem que existem, seriam elencados, explicados brevemente, e os alunos seriam convidados a escolher qual área lhe chamou mais a atenção para se aprofundar.
Se o aluno quiser uma formação geral, a cada bimestre, ao longo de três anos, o aluno escolheria um tema de cada disciplina para estudar e se aprofundar nele. Para isso, ele poderá utilizar os recursos que a escola oferecerá: Internet, vídeo-aulas, livros, aulas particulares, aulas em grupo, projetos etc. Se o aluno tiver um objetivo específico para o seu futuro, como, por exemplo, uma profissão, ele receberia uma sugestão bimestral de conteúdos a serem aprendidos, para ele se preparar para o que virá e até mesmo “testar” se aquela é uma área em que ele gostaria de permanecer. Nada impede de o aluno flutuar bimestralmente em tipos de formação e áreas de formação profissional porque ele está se descobrindo.
Uma vantagem desse tipo de escola é que ela poderá oferecer cursos de temas atuais que não são dados normalmente em uma escola. Ou, quando dados, são extras, fora do horário escolar. Esses cursos iriam desde esportes específicos (como futebol e basquete), danças (como balé) e lutas (capoeira e judô), até música (canto ou instrumentos), economia, matemática financeira, empreendedorismo, aulas de robótica e programação, e tudo o mais que a escola estiver disposta a oferecer e as condições financeiras permitirem.
Futuro da Educação: Exemplo prático
Digamos que eu seja um professor de filosofia de uma escola que pratica o autodidatismo escola. Se o aluno nunca teve aula de filosofia, eu daria algumas aulas obrigatórias explicando o que é filosofia e seu papel na sociedade. Diria quais são as grandes questões e principais áreas de estudo, explicando um pouco o que essas áreas buscam responder. Depois, se o aluno se interessasse por uma formação geral, daria a chance de o aluno escolher, a cada bimestre, quais temas filosóficos ele gostaria de aprofundar, desde uma área a um filósofo ou período filosófico específico. Se o aluno me disser que quer ser médico, sugeriria aulas de ética e bioética; se dissesse que quer ser ilustrador, aulas de estética e filosofia da arte.
Futuro da Educação: conclusão
É óbvio que esse texto é só um ensaio de algo que poderia ser, uma ideia que dependeria de vários fatores políticos, pedagógicos e econômicos para acontecer. Mas, ao menos, ele serve para mostrar que alguns professores não estão alheios às mudanças e às reivindicações dos alunos. Ele serve para mostrar que algumas coisas podem ser aplicadas pela escola e pelo professor dentro das suas limitações pedagógicas. Ele também serve para estimular outros a darem suas opiniões sobre aquilo que gostariam de mudar e, se no futuro tiverem o poder necessário, fazer acontecer.
E aí? Acha que minha ideia é boa para o futuro da educação, ou você teria uma ideia melhor? Deixa aí nos comentário para debatermos. Quer provocar outras pessoas a repensarem suas ideias de escola e educação? Compartilha esse post nos seus grupos de Whatsapp e redes sociais.
Até a próxima e tenham uma boa viagem!