Olá, marujos! Hoje, mostrarei como vocês podem estar ensinando a antropologia filosófica de Freud através de um jogo quebra-cabeça. Freud utiliza a metáfora do iceberg para explicar o aparelho psíquico do ser humano e nós faremos os alunos montarem um quebra-cabeça de baixo custo com a imagem de um iceberg preenchido com informações ligadas à teoria freudiana para o aluno compreender o conteúdo de forma lúdica. Vamos lá!
Relembrando o Conteúdo
Freud é conhecido mais na psicologia pela sua teoria psicanalítica. Porém, para elaborar essa teoria, ele antes desenvolveu uma filosofia sobre o ser humano para entender como funcionava a sua mente, que ele chamou de aparelho psíquico. E é isso que nos interessa.
Divisão topográfica: uma tentativa de explicar a mente humana dividindo-a em lugares virtuais. O “consciente” é aquilo que percebemos enquanto estamos fazendo; o “pré-consciente” é aquilo que precisamos nos esforçar para perceber que estamos fazendo; e o “inconsciente” é aquilo que não percebemos que estamos fazendo.
Divisão Estrutural: uma tentativa de explicar a mente humana dividindo-a em funções específicas. O “id” é responsável pelos nossos desejos instintivos; o “ego” é responsável por administrar as vontades do nosso “id” com o mundo exterior; e o “superego” é responsável pela moralização da nossa mente.
Uma divisão não exclui a outra. Ambas se complementam para entender melhor a psique humana.
Para se aprofundar nessa teoria, recomendo a leitura do meu texto: Aparelho Psíquico Descomplicado: Filosofia de Sigmund Freud.
Ensinando a Antropologia Filosófica de Freud através de Jogo: O Jogo
Apresentação
Os alunos receberão as peças para montar um quebra-cabeça que eles não sabem a imagem final, mas que o professor sabe que é um iceberg.
Não será um quebra-cabeça difícil e com muitas peças porque a ideia não é testar a habilidade de montar o quebra-cabeça, mas sim fazer com que os alunos percebam que estão montando a mente humana, com suas várias características.
Materiais
O professor precisará imprimir esse modelo que deixarei aqui (clique na imagem para salvá-la na máxima resolução):
Sugiro imprimir colorido e em um papel mais durinho. Se não for possível usar um papel melhor, experimente colar a folha em um papelão ou EVA mais resistente para dar firmeza às peças.
Não esqueça, porém, que você precisará cortar as peças; então, não pode ser algo que impeça o corte de uma tesoura!
Preparação
Divida a turma em grupos. No mínimo dois, mas recomendo quatro grupos para não ficar muita gente ociosa. Obviamente, isso demandará que você prepare uma quantidade de quebra-cabeças suficiente, sendo um conjunto para cada grupo.
Coloque de uma a quatro mesas para cada grupo (dependendo do tamanho das mesas e dos grupos), com os alunos em volta dela(s). Distribua esses grupos pela sala.
Explique que você dará um quebra-cabeça para cada grupo. Que eles irão montar uma imagem da mente humana segundo Sigmund Freud.
Distribua os conjuntos e dê a ordem de começo.
Acho que uns 10-15 minutos serão suficientes. Interrompa a montagem se passar disso, a não ser que nenhum grupo tenha terminado. Nesse caso, interrompa o jogo quando o primeiro grupo concluir.
Premiação
Você pode dar pontos ou guloseimas como premiação.
Todos os grupos que completarem corretamente o quebra-cabeça dentro do tempo previsto ganham prêmios de participação, por exemplo, 0,5 ponto extra na média ou 1 doce.
O grupo que terminar corretamente o quebra-cabeça primeiro ganha um prêmio melhor, por exemplo, 1 ponto extra na média ou 2 doces.
Ensinando a Antropologia Filosófica de Freud através de Jogo: Relacionando o Jogo com a Matéria
O professor irá explicar que a imagem que eles montaram é de um iceberg. Vale a pena explicar o que é um iceberg porque muitos alunos não sabem (use a história do Titanic que ajudará alguns a entenderem melhor).
Depois, pedindo para os alunos olharem a imagem que eles montaram, explique a divisão topográfica. Mostre que o “consciente” está acima do nível do mar e, por isso, é visível (conseguimos enxergar, compreender que está lá). Mostre que o “pré-consciente” está abaixo do nível do mar, mas ainda é possível enxergar um pouco dele com esforço apesar da imagem turva. Mostre que o “inconsciente” está muito abaixo do nível do mar e, por isso, é impossível ver algo a olhos nus mesmo sabendo que existe alguma coisa lá, sendo necessário algum equipamento especial, como um mini submarino, para enxergar essa parte.
Para que os alunos compreendam na prática essas divisões, exemplifique para eles. Como sugestão, eu diria: “consciente” – peça para eles olharem para suas mãos e estalarem os dedos (eles escolheram e fizeram conscientemente algo); “pré-consciente” – peça para eles lembrarem que estão respirando e que, agora, prestem atenção na respiração deles (é algo feito automaticamente, que não precisamos parar para pensar nisso, mas que podemos pensar que estamos fazendo se quisermos); “inconsciente” – esse é mais complicado de exemplificar porque não tem como lembrarmos de coisas do passado sem um trabalho terapêutico, mas o professor pode usar como exemplo genérico que coisas vividas pelos alunos quando eles eram crianças e que não lembram mais impactam como eles são hoje, tipo um medo de alguma coisa pode ser um trauma por uma experiência vivida que o aluno não se recorda. Porém, se ele fizesse sessões de psicanálise, por exemplo, poderia recordar e trabalhar isso (o uso do mini submarino para ver o iceberg é a analogia das sessões de psicanálise para acessar o inconsciente).
Depois da explicação topográfica, o professor pedirá para os alunos continuarem olhando o quebra-cabeça montado para compreender a divisão estrutural. Mostre que o “id” está totalmente abaixo do nível da água, indicando que ele é irracional e inconsciente, que nossas pulsões estão fora de nosso controle. Mostre que o “ego” está acima do nível da água, indicando que ele é totalmente racional e consciente, porque nós controlamos o modo como administramos nossas vontades com nossa realidade. Mostre que o “superego” está tanto acima quanto abaixo do nível da água, indicando que ele ora é consciente e ora é inconsciente porque tem vezes que sabemos porque não devemos fazer tal coisa e tem vezes que apenas sentimos que não devemos fazer tal coisa.
Para que os alunos compreendam na prática essas divisões, exemplifique para eles. Como sugestão, eu diria: “id” – quando você passa na frente de uma loja e fica doido para ter algum item que está lá sendo exibido / é aquela “voz interior” que diz “você precisa muito disso, você merece isso”; “ego” – quando você olha sua conta bancária e vê se tem condições de comprar aquele item, refletindo se o dinheiro está sendo bem empregado, ou fazendo você ir embora caso não tenha o dinheiro; “superego” – é o fato de nem passar pela sua cabeça que uma das opções para ter o item seria roubando-o porque você já internalizou que isso é errado, ou, caso isso passe pela sua cabeça, a sua “voz interior” iria te alertar para o risco de ser preso, decepcionar sua família ou cometer um pecado.
Ensinando a Antropologia Filosófica de Freud através de Jogo: Interdisciplinaridade
Essa aula pode ser dada junto com o professor de Projeto de Vida e de Sociologia
Com Projeto de Vida, o professor dessa disciplina pode trabalhar esses conceitos freudianos com os alunos para que eles comecem a tomar consciência de quem eles são, suas vontades, desejos, medos, angústias, traumas etc.
Com Sociologia, o professor dessa disciplina pode trabalhar a questão freudiana do mal-estar social, que é essa dificuldade que todos nós temos de conviver em sociedade porque precisamos nos anular em parte para lidar com o outro, lembrando também que o outro está se anulando em parte para conviver com a gente.
Conclusão
O jogo quebra-cabeça é uma atividade simples e bem divertida. Creio que ela combina bastante com o conteúdo dessa aula, já que estamos utilizando da imagem da mente humana como algo dividido, mas que se combina e se completa para resultar nessa complexidade toda que nós somos. Além disso, fica muito mais fácil visualizar o iceberg com suas divisões pelo quebra-cabeça do que o professor simplesmente falando ou desenhando-o no quadro (especialmente se ele, como eu, desenha mal!).
E aí? Alguma parte ficou confusa? Deixa sua dúvida nos comentários! Conhece algum professor de filosofia? Compartilha esse artigo com ele! Quer sugerir outro tema que encaixaria bem com um jogo de quebra-cabeça? Entra em contato comigo!
Até a próxima e tenham uma boa viagem!
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