Olá, marujos! Hoje, faremos uma reflexão sobre a série Matéria Escura (2024). Nela, um professor de física é sequestrado por um desconhecido e jogado em uma realidade paralela de sua vida e, agora, ele precisa dar um jeito para voltar. Na reflexão, falo sobre as escolhas que fazemos em nossas vidas, a responsabilidade que temos por essas escolhas e a compreensão de que não existe vida perfeita. Não teremos spoilers da série. Vamos lá!
Sobre a Série (SEM Spoilers)
Matéria Escura, também conhecida pelo seu nome original Dark Matter, é uma série de ficção científica de 2024 da Apple TV+. Ela é baseada em um romance de mesmo nome do escritor Blake Crouch, quem também criou a série. Já teve a primeira temporada concluída e foi renovada para uma segunda temporada.
Jason Dessen (Joel Edgerton) é um professor universitário de física casado e com um filho. Porém, ele se sente frustrado porque sua carreira na pesquisa científica não deslanchou e acha que a culpa é da sua família.
Em uma noite, ele é sequestrado por um mascarado, é drogado e obrigado a entrar em uma caixa preta gigante. Quando acorda, ele descobre que está em uma realidade paralela da sua vida, em que ele é um físico famoso, mas sem família.
Jason percebe, então, que foi sequestrado por uma versão alternativa sua, a qual assumiu a sua vida. Inconformado, ele decide voltar para a caixa preta e retornar para a sua realidade. Porém, as coisas não são tão simples assim…
Quer saber se Jason conseguirá voltar para sua família? Descubra vendo Matéria Escura na Apple TV+.
Reflexão sobre Matéria Escura: Assuma suas Escolhas!
A série Matéria Escura se baseia no conceito da física quântica de que poderiam existir realidades paralelas de nossas vidas, criadas infinitamente porque cada escolha que fazemos geraria uma bifurcação com consequências diferentes. Dessa forma, existiria uma realidade sua que escolheu outra faculdade para fazer, que recusou ou aceitou uma oferta de emprego, que aceitou ou recusou sair para um encontro romântico ou balada com os amigos, etc….
Nós acompanhamos a trajetória de um Jason, que chamaremos de Jason 1, o que não quer dizer que esse seria o original. Acredito que é impossível pensar se existe um original ou uma cópia já que todos são versões originais que escolheram caminhos diferentes.
De qualquer forma, o Jason 1 escolheu a família em detrimento da carreira. Não que ele fez uma escolha direta sobre isso, mas simplesmente a vida foi sendo conduzida por esse caminho de acordo com as prioridades que ele foi tendo. Ao escolher casar e ter filhos, ele acabou ficando com mais responsabilidades financeiras e mais preso ao seu local de moradia.
Já o Jason 2 teve outra trajetória. Ele até chegou a namorar aquela que se tornou a esposa do Jason 1, mas acabou terminando o relacionamento, priorizando mais a carreira. Porém, se arrependeu de sua escolha e decidiu usar o seu conhecimento para criar uma máquina que viaja entre realidades paralelas de sua vida para trocar de lugar com um Jason que talvez gostasse da vida que ele, Jason 2, escolheu.
Todo esse contexto de ficção científica serve como pano de fundo para refletirmos sobre as escolhas que fazemos em nossas vidas e a responsabilidade que temos por essas escolhas.
Escolher algo só é agradável quando só existe apenas uma opção boa e, mesmo assim, ainda podemos questionar se realmente soubemos identificar se realmente essa seria uma opção boa.
Escolher geralmente é angustiante porque ficamos divididos entre as várias opções que temos. Tentamos imaginar as consequências a curto, médio e longo prazos de cada uma das escolhas para, no final, continuarmos na dúvida. E, após tomarmos uma decisão incerta, ainda temos uma grande probabilidade de nos arrependermos ou pensarmos se a outra opção não seria melhor.
A verdade é que, como já dizia o filósofo Kierkegaard, toda escolha é uma perda. Ou seja, sempre que escolhermos um caminho para nossas vidas, estaremos automaticamente, fechando (temporariamente ou permanentemente) outros caminhos pelos quais poderíamos ter andando. E é isso que nos angustia na hora de uma decisão.
Porém, essa é uma visão pessimista da escolha. Uma visão otimista deveria ser pensar que cada escolha é um ganho, uma conquista. Ao escolhermos um caminho, estamos ganhando tudo aquilo que ele pode nos proporcionar.
Pode até parecer um discurso de coaching, de copo meio cheio ou meio vazio, mas a verdade é que precisamos olhar pelo lado positivo de nossas escolhas, de tudo o que conquistamos quando escolhemos um certo caminho.
O Jason 2 acabou focando tanto no que ele perdeu que deixou de aproveitar o que ganhou. Em termos de relacionamento, por exemplo, nós iremos conhecer a personagem Amanda Lucas (Alice Braga) que é muito legal e especial. Ela teria sido uma ótima namorada (e talvez esposa) para o Jason 2. Mas ele ficou tão obcecado pelo que ele deixou de ganhar ao ter terminado com a Daniela (Jennifer Connelly), a sua ex que na outra realidade casou com o Jason 1, que perdeu a chance de percorrer esse caminho com a Amanda e ainda causou todo o problema mostrado na série.
Nessa hora, precisamos pensar na responsabilidade que temos com nossas escolhas, especialmente pelo fato de que, muitas vezes, elas envolvem outras pessoas que não têm culpa pelo nosso arrependimento ou imaturidade.
Jason 1 poderia ter aproveitado sua nova vida, do jeito que ele achava que queria. Mas em nenhum momento ele achou isso certo. Ele soube priorizar o que tinha, o que conquistou em vez de se aproveitar da situação para abandonar sua família.
O Jason 2, por outro lado, foi irresponsável. Não sabendo lidar com sua escolha a qual considerou errada, bagunçou o continuum espaço-tempo egoisticamente só para viver agora a vida que, antes, não quis viver.
Toda essa aventura do Jason 2 me pareceu muito aquelas crises de meia-idade que alguns homens têm porque se tocam que estão envelhecendo e querem voltar a agir como jovens em vez de aceitar a responsabilidade inerente a sua idade e posição social atual.
Por mais que cada um tenha a sua vida e você não seja obrigado a viver uma vida infeliz para agradar ninguém, isso também não te dá o direito de ser babaca e estragar a vida das outras pessoas. Você precisa cuidar das suas próprias bagunças sem bagunçar a vida das outras pessoas. Esse pensamento se torna simples se você pensar na máxima “não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você”.
Reflexão sobre Matéria Escura: Não Existe Vida Perfeita
O filósofo Leibniz desenvolveu um pensamento filosófico que, segundo ele, prova que o mundo em que vivemos é o melhor dos mundos possíveis. Em outras palavras, a conclusão alcançada é que não é possível termos um mundo perfeito, sem nenhum defeito ou problema. Mesmo assim, ele ainda é o melhor que poderia ser.
A série Matéria Escura tira uma conclusão semelhante, mas adaptando-a para a vida que nós temos: não existe vida perfeita, no sentido de não termos nenhum problema ou que TODOS os aspectos da nossa vida estão plenamente realizados.
A série nos mostra que, se uma vida é feita de escolhas, escolhemos aperfeiçoar um ou alguns aspectos da nossa vida, mas não é possível aperfeiçoar todos ao mesmo tempo.
Jason 1 teria a perfeição da vida familiar, mas a imperfeição na carreira profissional. Já o Jason 2 é o oposto.
É importante entender, inclusive, que falta de perfeição não significa fracasso! Jason 1 não era um cientista renomado, mas era um professor universitário (o que não é pouca coisa); enquanto que o Jason 2 não era casado com a mulher que ele queria nem tinha filhos, mas namorava uma mulher muito bonita e especial (o que também não é pouca coisa).
Ou seja, estamos no pensamento errado se acharmos que, para nossa satisfação pessoal, precisamos tornar nossa vida perfeita em todos os aspectos. Se buscarmos isso, aí sim tornaremos nossa vida infeliz, ruim.
Por outro lado, se focarmos em um ou alguns aspecto(s) para o(s) aperfeiçoar(mos), conseguiremos manter até mesmo os demais aspectos em um bom ou ótimo nível. Não vai ser perfeito, mas será muito agradável. Já dizia o ditado: “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”.
Sei que o nosso tempo de vida não é infinito e que a morte pode chegar a qualquer momento, mas não é errado planejarmos o nosso futuro também pensando no que dar prioridade em cada momento.
Por exemplo, os casos mais comuns são pais que, depois de criarem seus filhos (entendendo mandá-los para a faculdade ou casando-os) começam a usar aquele dinheiro que eles usavam com as despesas das crianças para viajar ou comprar alguma coisa que não poderiam comprar antes. E também temos casos de pessoas que focam primeiro em suas carreiras profissionais e depois que se sentem realizadas, abrem espaço para um amor ou família.
Aqui, não existe regra sobre o que deve vir primeiro. Tudo depende do que você prioriza e das escolhas que você fez. São essas que você precisa aperfeiçoar primeiro.
Além disso, caso você esteja investindo sua vida em algo que não está dando certo ou não está te fazendo feliz, isso pode ser um sinal que você está priorizando os aspectos errados ou os aspectos certos da forma errada.
Por exemplo, uma mulher permanecer em um casamento que lhe faz mal, sofrendo violência física e/ou psicológica só porque não quer desapontar os filhos pequenos não está certo; nesse caso, o melhor para a família dela é a separação e a criação dos filhos de forma solo ou com guarda compartilhada. Da mesma forma, alguém que não está mais sentindo prazer no seu trabalho ou vendo sentido em querer buscar melhores posições hierárquicas pode escolher um emprego mais simples ou uma posição mais modesta e usar o novo tempo livre para focar em sua família.
Vejam que tudo, no final das contas, se resume a escolhas. E a melhor forma de tomar uma decisão e sabendo que, não importa o caminho que você escolha, você nunca terá uma vida perfeita em tudo o que seja possível ou imaginável. Você sempre terá algum aspecto da sua vida que, para você, ficou a desejar ou poderia ter feito mais.
Mas entenda: esse pensamento não serve para te humilhar, serve para te confortar, te deixar feliz com as escolhas que você fez.
Reflexão sobre Matéria Escura: Conclusão
Acredito que todas as pessoas já passaram pela situação de pararem para olhar para suas vidas e refletirem se tomaram decisões erradas e pensaram como seria maravilhoso se essas decisões pudessem ser “corrigidas”, no sentido de ter escolhido outro caminho em vez do que se escolheu. A série Matéria Escura vem para nos reconfortar, nos acalmar e dizer que não é assim que a vida funciona e não é assim que precisaria funcionar. Por isso, foque naquilo que você escolheu e esqueça aquilo que você deixou de escolher.
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Até a próxima e tenham uma boa viagem!
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